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Politica Brasil
Sexta - 25 de Agosto de 2006 às 08:41

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O deputado Lino Rossi (PP-MT) usou o nome do líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), para negociar propina com os donos da Planam. É o que revela documento apreendido pela Polícia Federal na empresa Planam, durante a Operação Sanguessuga. Aleluia é um dos sub-relatores da CPI instalada para investigar o escândalo, que apontou Rossi como um dos deputados mais próximos aos empresários do Mato Grosso acusados de fraudar a compra de ambulâncias com dinheiro do Orçamento.

As informações foram organizadas sob o título “deputados acertados”, onde apareceram listados os nomes de Aleluia e quatro ex-parlamentares da legislatura passada. Ao lado de cada um, foram anotados dois valores — o segundo corresponde a 2% do primeiro. No caso do deputado do PFL baiano, foram registrados, respectivamente, R$ 400 mil e R$ 8 mil.

Em depoimento à Justiça Federal do Mato Grosso, em 20 de julho, Darci Vedoin, sócio da Planam, explicou que os valores anotados à direita se referiam à suposta comissão devida a Lino Rossi, “por ter conseguido recursos de emendas dos parlamentares arrolados”. O empresário apontou o deputado do Mato Grosso como o beneficiário de R$ 39 mil, por ter captado, em nome de terceiros, cerca de R$ 1,940 milhão em emendas para a compra de ambulâncias.

O documento não touxe detalhes dos projetos, como data, por exemplo. Mas ele fez parte de uma série de papéis que revelou transferências financeiras realizadas pela Planam para Lino Rossi, entre 2000 e 2002. Nesse período, Aleluia, então aliado do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), apresentou várias emendas ao Orçamento para a melhoria dos serviços de Saúde em seu estado. Em 2002, o líder da oposição destinou R$ 500 mil para a aquisição de ambulâncias. A proposta se somou a outras apresentadas pela bancada da Bahia, segundo levantamento da ONG Contas Abertas.

Tráfico de influência

Procurado pela reportagem do Correio, José Carlos Aleluia negou conversas com Lino Rossi para tratar de Orçamento ou outro assunto. “Nunca tive contato com ele ou qualquer um da empresa Planam. Ele usou o nome de muitos parlamentares para tirar proveito próprio”, explicou o deputado do PFL. “Esse sujeito cometeu tráfico de influência em nome dos outros”, acrescentou o deputado da Bahia. O próprio Darci Vedoin, na Justiça Federal, explicou que a existência da planilha com os nomes dos cinco deputados não significou ter ocorrido repasse de comissão a eles.

Lino Rossi explicou que não fez qualquer negociação com os empresários do Mato Grosso acusados de chefiar a máfia dos sanguessugas ou com os deputados descritos no documento, embora tenha sido apontado pela CPI dos Sanguessugas como suposto beneficiário de mais de R$ 3 milhões em troca da apresentação de emendas. “Não tem lógica um cara receber R$ 3 milhões e ter o nome no Serasa há seis anos”, disse.

O mato-grossense afirmou ainda em sua defesa ter recebido de Darci Vedoin colchões, camisetas, cestas básicas, cadeiras de rodas, eletrodomésticos e até R$ 75 mil em salsichas, além de um ônibus e uma carreta emprestados. Todos esses recursos seriam destinados a campanhas de assistência social, em Mato Grosso, patrocinadas pelo programa de tevê Cadeia Neles, que ele apresentava em Cuiabá.

Lino Rossi enfrenta processo no Conselho de Ética da Câmara e poderá ter seus direitos políticos cassados por oito anos. A CPI apontou no relatório parcial que “todo o valor correspondente à emenda individual do parlamentar durante os anos de 2000, 2001, 2002 e 2003, bem como sua cota-parte referente às emendas de bancada foi destinado à aquisição de unidades móveis de saúde para municípios do Mato Grosso”.





Fonte: 24HorasNews

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