Repórter News - reporternews.com.br
Aquecimento pode gerar crise ambiental no Brasil, diz ONG
Litoral com ciclones tropicais e avanço do nível do mar, floresta amazônica e nordeste com paisagens de deserto e uma reorganização da produção agrícola brasileira.
Esses são alguns cenários que a organização não-governamental Greenpeace prevê para o Brasil no próximo século, devido ao aquecimento global.
A previsão está no documento “Mudanças do Clima, Mudanças de Vida – Como o aquecimento global já afeta o Brasil”, apresentado pela ONG nesta quarta-feira, em São Paulo.
O levantamento – que inclui pesquisas de universidades e órgãos ambientais nacionais e internacionais – mostra como o efeito estufa está afetando cada uma das regiões brasileiras e como seria o futuro do Brasil com o aumento global das temperaturas.
Ciclones no litoral
Segundo o documento do Greenpeace, "cenários climáticos mais quentes podem fazer da costa do Rio Grande do Sul até o sul do Rio de Janeiro, entre 2071 e 2100, uma região com condições favoráveis para o desenvolvimento de ciclones extratropicais."
Os ciclones tropicais seriam parecidos com o Catarina, que atingiu Santa Catarina e Rio Grande do Sul em março de 2004.
Além disso, a população das cidades da costa brasileira – hoje estimada em 42 milhões – enfrentaria também o aumento de 30 cm a 80 cm do nível do mar nos próximos 50 a 80 anos.
Com isso, as construções a beira-mar desapareceriam, provocando o remanejamento de moradores. Os sistemas de esgoto mais precários não suportariam a alteração do nível do mar.
Nova agricultura
Fazemos muito pouco para reduzir de forma efetiva o desmatamento da maior floresta tropical do planeta, investimos pouco em fontes de energia renováveis ou na promoção de estudos de vulnerabilidade e planos de adaptação às mudanças climáticas
Relatório do Greenpeace
O aquecimento global seria responsável por um grande rearranjo na geografia da produção agrícola brasileira, segundo o estudo.
Citando pesquisas da Embrapa, o relatório do Greenpeace diz que a cultura do café deve migrar para a região Sul, em busca de temperaturas máximas mais amenas.
Já as culturas de arroz, milho, feijão e soja se deslocariam para o Centro-Oeste. Todos os plantios, no entanto, teriam perdas significativas de área cultivada.
As áreas destinadas à soja – um dos principais produtos agrícolas de exportação do Brasil – poderiam ter uma redução de até 75%.
Amazônia seca
Uma das principais ênfases do relatório do Greenpeace é na região da Amazônia.
De acordo com o documento, o desmatamento da região contribui hoje com 200 milhões a 300 milhões de toneladas anuais de emissão de gases de efeito estufa - o dobro ou triplo do que é emitido no Brasil através da queima de combustíveis fósseis.
Com o aquecimento global, a Amazônia poderia entrar em um processo de savanização, tornando algumas de suas áreas mais secas e pobres que o cerrado brasileiro nos próximos 50 anos.
“Modelos climáticos regionais que avaliam os impactos das mudanças climáticas na América do Sul prevêem um aquecimento de até 6ºC nas últimas décadas deste século na região sul da Amazônia”, afirma o documento.
Cidades litorâneas podem ter ciclones extratropicais
Nordeste
"É importante perceber que as mudanças climáticas não são um fenômeno que só ocorre lá fora. Elas estão ocorrendo aqui no Brasil e em todo o planeta ao mesmo tempo", observa o diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado.
Um estudo da ONU, citado pelo relatório, indica que até o final do século 21, os desertos podem ter aumento de temperatura entre 1ºC a 7ºC.
No semi-árido brasileiro, o impacto é avaliado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de 2ºC a 5ºC.
Nesse cenário, o problema da água enfrentando hoje pelo Nordeste se tornaria ainda mais crônico, com a vegetação da caatinga dando lugar a uma paisagem de zonas totalmente áridas.
Ao mesmo tempo, o semi-árido nordestino ficaria mais vulnerável a chuvas torrenciais e enchetes, “resultando em graves impactos sócio-ambientais”.
Críticas ao governo
O Greenpeace elogia o uso de biocombustíveis no Brasil. O estudo sugere que o uso de biodiesel pode “resultar em significativa diminuição das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera”.
Mas a ONG não poupa o governo brasileiro de críticas.
“O governo brasileiro tem dito nas negociações internacionais que o país fez a sua parte em relação ao problema das mudanças climáticas e o aquecimento global”, diz a introdução do documento.
“Na verdade, fazemos muito pouco para reduzir de forma efetiva o desmatamento da maior floresta tropical do planeta, investimos pouco em fontes de energia renováveis ou na promoção de estudos de vulnerabilidade e planos de adaptação às mudanças climáticas.”
O documento alerta que o mundo está se encaminhando rapidamente para um aumento de 2ºC na temperatura global, que é considerada uma marca perigosa.
O público poderá tomar conhecimento dos principais temas presentes no relatório do Greenpeace por meio de uma exposição itinerante, que será aberta nesta quarta-feira, em Brasília, e irá percorrer outras nove capitais brasileiras.
A previsão está no documento “Mudanças do Clima, Mudanças de Vida – Como o aquecimento global já afeta o Brasil”, apresentado pela ONG nesta quarta-feira, em São Paulo.
O levantamento – que inclui pesquisas de universidades e órgãos ambientais nacionais e internacionais – mostra como o efeito estufa está afetando cada uma das regiões brasileiras e como seria o futuro do Brasil com o aumento global das temperaturas.
Ciclones no litoral
Segundo o documento do Greenpeace, "cenários climáticos mais quentes podem fazer da costa do Rio Grande do Sul até o sul do Rio de Janeiro, entre 2071 e 2100, uma região com condições favoráveis para o desenvolvimento de ciclones extratropicais."
Os ciclones tropicais seriam parecidos com o Catarina, que atingiu Santa Catarina e Rio Grande do Sul em março de 2004.
Além disso, a população das cidades da costa brasileira – hoje estimada em 42 milhões – enfrentaria também o aumento de 30 cm a 80 cm do nível do mar nos próximos 50 a 80 anos.
Com isso, as construções a beira-mar desapareceriam, provocando o remanejamento de moradores. Os sistemas de esgoto mais precários não suportariam a alteração do nível do mar.
Nova agricultura
Fazemos muito pouco para reduzir de forma efetiva o desmatamento da maior floresta tropical do planeta, investimos pouco em fontes de energia renováveis ou na promoção de estudos de vulnerabilidade e planos de adaptação às mudanças climáticas
Relatório do Greenpeace
O aquecimento global seria responsável por um grande rearranjo na geografia da produção agrícola brasileira, segundo o estudo.
Citando pesquisas da Embrapa, o relatório do Greenpeace diz que a cultura do café deve migrar para a região Sul, em busca de temperaturas máximas mais amenas.
Já as culturas de arroz, milho, feijão e soja se deslocariam para o Centro-Oeste. Todos os plantios, no entanto, teriam perdas significativas de área cultivada.
As áreas destinadas à soja – um dos principais produtos agrícolas de exportação do Brasil – poderiam ter uma redução de até 75%.
Amazônia seca
Uma das principais ênfases do relatório do Greenpeace é na região da Amazônia.
De acordo com o documento, o desmatamento da região contribui hoje com 200 milhões a 300 milhões de toneladas anuais de emissão de gases de efeito estufa - o dobro ou triplo do que é emitido no Brasil através da queima de combustíveis fósseis.
Com o aquecimento global, a Amazônia poderia entrar em um processo de savanização, tornando algumas de suas áreas mais secas e pobres que o cerrado brasileiro nos próximos 50 anos.
“Modelos climáticos regionais que avaliam os impactos das mudanças climáticas na América do Sul prevêem um aquecimento de até 6ºC nas últimas décadas deste século na região sul da Amazônia”, afirma o documento.
Cidades litorâneas podem ter ciclones extratropicais
Nordeste
"É importante perceber que as mudanças climáticas não são um fenômeno que só ocorre lá fora. Elas estão ocorrendo aqui no Brasil e em todo o planeta ao mesmo tempo", observa o diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado.
Um estudo da ONU, citado pelo relatório, indica que até o final do século 21, os desertos podem ter aumento de temperatura entre 1ºC a 7ºC.
No semi-árido brasileiro, o impacto é avaliado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de 2ºC a 5ºC.
Nesse cenário, o problema da água enfrentando hoje pelo Nordeste se tornaria ainda mais crônico, com a vegetação da caatinga dando lugar a uma paisagem de zonas totalmente áridas.
Ao mesmo tempo, o semi-árido nordestino ficaria mais vulnerável a chuvas torrenciais e enchetes, “resultando em graves impactos sócio-ambientais”.
Críticas ao governo
O Greenpeace elogia o uso de biocombustíveis no Brasil. O estudo sugere que o uso de biodiesel pode “resultar em significativa diminuição das emissões de gases de efeito estufa na atmosfera”.
Mas a ONG não poupa o governo brasileiro de críticas.
“O governo brasileiro tem dito nas negociações internacionais que o país fez a sua parte em relação ao problema das mudanças climáticas e o aquecimento global”, diz a introdução do documento.
“Na verdade, fazemos muito pouco para reduzir de forma efetiva o desmatamento da maior floresta tropical do planeta, investimos pouco em fontes de energia renováveis ou na promoção de estudos de vulnerabilidade e planos de adaptação às mudanças climáticas.”
O documento alerta que o mundo está se encaminhando rapidamente para um aumento de 2ºC na temperatura global, que é considerada uma marca perigosa.
O público poderá tomar conhecimento dos principais temas presentes no relatório do Greenpeace por meio de uma exposição itinerante, que será aberta nesta quarta-feira, em Brasília, e irá percorrer outras nove capitais brasileiras.
Fonte:
BBC Brasil
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/281105/visualizar/
Comentários