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Cultura
Quarta - 23 de Agosto de 2006 às 10:08

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A separação da vida pessoal e profissional é contraproducente para empresas e empregados, segundo um novo livro baseado em dez milhões de entrevistas em mais de cem países, que convida os leitores a misturarem amizade e trabalho.

O autor, Tom Rath, diretor da divisão de consultoria da empresa de pesquisas Gallup, que oferece assessoria sobre eficiência e competitividade empresarial, fez parte da equipe que analisou os dados reunidos durante mais de cinco anos.

"O objetivo das entrevistas era ver o grau de compromisso dos empregados com seu trabalho", diz Rath. Ele acrescenta que todas as pesquisas incluíram uma pergunta: "Você tem um amigo no seu trabalho?".

Em "Vital Friends" ("Amigos Vitais", em tradução literal), Rath conclui que os profissionais com um amigo no escritório têm sete vezes mais probabilidades de se comprometer com o que fazem. Em conseqüência, trabalham com mais paixão.

Definitivamente, diz Rath, "as pessoas nesse grupo trabalham mais". Em princípio, a informação deveria interessar aos empresários. Mas as estatísticas demonstram que os chefes não se dão ao trabalho de incentivar a amizade entre seus subordinados.

Quase um terço dos 80 mil diretores entrevistados pelo Gallup se mostraram de acordo com a máxima de que "a confiança atrapalha" e, portanto, se declararam a favor de separar amizade e trabalho. Entre os empregados, só 33% afirmaram que têm um bom amigo no escritório.

Rath afirma que não encontrou grandes disparidades culturais nos 114 países estudados. Para ele, as diferenças "são maiores entre empresas do que entre culturas". O autor de "Vital Friends" opina que a dificuldade para criar vínculos se deve fundamentalmente à atitude das empresas. A maioria não estimula atividades que criem amizade, como encontros fora do escritório e espaços amplos e abertos, nos quais seja mais fácil se socializar.

Apesar da sua apaixonada defesa das amizades no trabalho, Rath reconhece que elas também acarretam riscos. Entre os mais evidentes, menciona o perigo de que a amizade se transforme em "relação amorosa", algo especialmente perigoso entre chefes e subordinados.

Outro problema é a formação de "panelinhas" que excluem quem não faz parte do clube, além da criação de alianças cujo único objetivo é reclamar da empresa e dos chefes.

O executivo cita o exemplo dos trabalhadores da indústria automobilística em Detroit (EUA), onde é comum a tensão entre direção e sindicatos. A situação fez muitas relações amistosas se basearem "no ódio em comum ao chefe".

"Nenhuma amizade que se baseia em sentimentos negativos é boa", segundo Rath. Para ele, porém, as vantagens da amizade ultrapassam as desvantagens. "Estudos recentes sugerem que os laços estreitos de amizade no trabalho se traduzem num aumento considerável da satisfação e do sucesso profissional", conclui Rath no livro, publicado neste mês.

Rath não se hesita em afirmar que muita gente pode estar enganada ao avançar na direção contrária. "Poucas empresas líderes parecem ter se dado conta da importância do assunto. O resto ainda não compreendeu", disse.

Embora boa parte de "Vital Friends" se concentre nas relações trabalhistas, o livro aborda também os papéis-chave das diferentes formas de amizade. Mas ficou faltando a descrição do escritor irlandês Oscar Wilde, para quem um amigo era "aquele que apunhala pela frente, e não pelas costas".





Fonte: EFE

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