Segurança de políticos foi reforçada
Às 8h do dia 13 de maio, Paulo Sérgio Batista, 35, vereador em Mairinque (66 km de SP) pelo PSDB, onde era chamado de Paulinho da Lanchonete, foi assassinado a tiros. Preso em junho, Valdeci Francisco Costa, o Notebook, é investigado como o articulador do crime, cometido a mando da facção criminosa PCC.
A ordem para que alguns parlamentares recebessem proteção foi dada após a polícia interceptar ligações de criminosos ligados ao PCC nas quais eram feitas ameaças a "todos os políticos, menos os do PT". Delegados ligados ao secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, se encarregaram de avisar os deputados sobre os riscos.
A Folha localizou três integrantes da bancada tucana da Assembléia Legislativa de São Paulo que confirmaram ter recebido escolta policial no fim de semana dos ataques, todos eles com base eleitoral no interior do Estado, onde está situada a maioria dos presídios. Os parlamentares pediram para ter seus nomes preservados, pois temem ser alvo de atentados.
Um dos deputados conta que, no dia 13 de maio, realizava agenda pública na periferia de São Paulo quando dezenas de policiais apareceram e passaram a acompanhá-lo. Em seguida, recebeu ligações de delegados alertando sobre a interceptação das ordens de ataque.
O Palácio dos Bandeirantes teve acesso ao conteúdo das escutas, mas não fez alarde. Na semana da crise, o governador de São Paulo, Cláudio Lembo (PFL), foi procurado ainda pelo então secretário Nagashi Furukawa, que levava consigo um bilhete interceptado numa das 144 prisões do Estado.
O bilhete também trazia referências a partidos, mas Lembo pediu cautela ao auxiliar, alegando que esse tipo de informação poderia se transformar em arma na disputa política. Não houve, portanto, nenhum alerta formal por parte do Palácio dos Bandeirantes. O próprio governador não alterou seu esquema de segurança.
Alguns dos políticos alertados não levaram a sério as ameaças e seguiram sua rotina. Outros preferiram não arriscar. Um deputado federal tucano ouvido pela Folha afirmou ter feito pequenas alterações no cotidiano, como mudar o caminho de seus deslocamentos rotineiros. Houve ainda, segundo ele, um cuidado especial com os filhos. Ele também foi avisado por um delegado.
O caso é tratado com muito cuidado. Os tucanos avaliam que pode ser um risco acusar adversários do PT por meio de diálogos de criminosos, já que isso poderia soar como oportunismo em ano eleitoral.
Integrantes do comando de campanha do candidato ao governo José Serra dizem não ter intenção de utilizar em seus programas eleitorais de TV as ameaças ao PSDB como arma contra o PT no Estado.
Ajuda dos coligados
No ápice da crise desencadeada pelo PCC, tucanos próximos do presidenciável Geraldo Alckmin afirmaram que o partido tem em seu poder cópias das gravações nas quais líderes do grupo prometem atacar políticos do PSDB e poupar petistas. Parte deles diz que o material poderá ser utilizado na campanha caso o PT use a crise da segurança do Estado para atacar Alckmin ou José Serra.
Segundo a Folha apurou, a estratégia não conta com o apoio de Luiz Gonzalez, jornalista responsável pelo marketing das duas campanhas.
Em 2002, por exemplo, foi ele quem aconselhou Alckmin a não exibir na TV uma gravação em que um suposto chefe do PCC dizia, de uma prisão, para seus comandados no Estado "descarregarem votos" em José Genoino, o adversário petista do então governador no segundo turno da disputa. O próprio Alckmin também seria contra a estratégia.
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