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Politica Brasil
Terça - 22 de Agosto de 2006 às 13:39

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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar instaurou hoje processos de cassação contra 67 deputados acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias no relatório preliminar Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas. Outros dois deputados citados no relatório parcial da CPMI - Coriolano Sales (PFL-BA) e Marcelino Fraga (PMDB-ES) - renunciaram ao mandato e, por isso, não serão julgados pelo conselho, pelo menos nesta legislatura. Na mesma reunião, foram abertos processos também contra os deputados B. Sá (PSB-PI) e Domiciano Cabral (PSDB-PB).

B. Sá é acusado de negociar propina com um engenheiro da construtura OAS, empresa responsável pelas obras da barragem de Poço Marruá, no Piauí. Já Cabral é acusado de sugerir ao sogro, dono da construtora Cojuda, que fizesse negócios irregulares com o Ministério dos Transportes. Izar nomeou o deputado José Otávio Germano (PP-RS) como relator dos dois processos.

Sorteio

Os demais relatores serão definidos em 4 de setembro. Inicialmente, será sorteado um processo para cada um dos 28 integrantes do conselho aptos a assumir relatorias - o presidente do colegiado, Ricardo Izar (PTB-SP), e o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), não podem ser relatores.

Também nesta manhã, o presidente da CPMI das Sanguessugas, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), que também integra o conselho, esclareceu que analisou o regimento e, como não é autor da representação (acusação), concluiu que não há nenhum impedimento para que relate processos.

Segundo Izar, a idéia inicial é que os 15 processos em que há "provas concretas" contra os deputados estejam entre os primeiros sorteados, mas os critérios de escolha ainda serão estabelecidos pelo conselho. Após o sorteio dos 28, os demais serão também sorteados ou distribuídos de acordo com escolha pessoal de Ricardo Izar, de modo que os deputados mais experientes acumulem três ou quatro relatorias.

Notificações

Ricardo Izar afirmou que os acusados serão notificados nesta e na próxima semana. O conselho vai tentar fazer a notificação pessoalmente para cada acusado. Se isso não for possível, a notificação será feita por meio dos funcionários do gabinete. Em última instância, será enviado um telegrama avisando da notificação por edital. A partir do momento em que forem notificados, os acusados terão prazo de cinco sessões do Plenário para apresentar defesa prévia por escrito.

"Tenho certeza absoluta de que temos condições de julgar um grande número de processos até o final de dezembro", avaliou Ricardo Izar. O presidente do conselho acredita que muitos deputados entregarão sua defesa prévia antes das eleições, o que possibilita o andamento dos processos, ouvindo as testemunhas. "Nós, do conselho, vamos agilizar todos os processos. Vamos agir de maneira honesta, competente, clara e, acima de tudo, justa", afirmou Izar.

Moralidade pública

Antonio Carlos Biscaia ressaltou que, mesmo que os processos não estejam concluídos antes das eleições, a população poderá cassar os acusados nas urnas. O deputado lembrou, ainda, que no Rio de Janeiro a Justiça Eleitoral poderá negar ou cancelar o registro de candidaturas de deputados acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias, com base no princípio da moralidade pública.

"O Judiciário tem que interpretar a legislação de acordo com os princípios que regem a Constituição e a moralidade é um deles", afirmou. No caso de reeleição desses parlamentares, Biscaia defendeu a continuidade dos processos na próxima legislatura.

Outro integrante do conselho, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) defendeu o voto aberto em plenário para julgar os parlamentares. Na opinião de Cardozo, a votação secreta pode permitir que muitos parlamentares sejam absolvidos, mesmo que tenham provas contundentes contra si. "A sociedade precisa se mobilizar pelo fim do voto secreto", convocou. Ele também ressaltou o papel do eleitor para evitar que parlamentares envolvidos no esquema das ambulâncias voltem ao Congresso.

Eis a lista dos 67 deputados acusados pela CPMI das Sanguessugas que estão sendo processados pelo Conselho de Ética. Segundo o relatório do senador Amir Lando (PMDB-RO), há provas contundentes ou fortes indícios do envolvimento deles com a "máfia das ambulâncias":

1. Adelor Vieira (PMDB-SC) 2. Agnaldo Muniz (PP-RO) 3. Alceste Almeida (PTB-RR) 4. Almeida de Jesus (PL-CE) 5. Almerinda de Carvalho (PMDB-RJ) 6. Almir Moura (PFL-RJ) 7. Amauri Gasques (PL-SP) 8. Benedito Dias (PP-AP) 9. Benjamin Maranhão (PMDB-PB) 10. Cabo Júlio (PMDB-MG) 11. Carlos Dunga (PTB-PB) 12. Carlos Nader (PL-RJ) 13. Celcita Pinheiro (PFL-MT) 14. César Bandeira (PFL-MA) 15. Cleonâncio Fonseca (PP-SE) 16. Cleuber Carneiro (PTB-MG), suplente (não está no exercício do mandato) 17. Coronel Alves (PL-AP) 18. Edir Oliveira (PTB-RS) 19. Edna Macedo (PTB-SP) 20. Eduardo Seabra (PTB-AP) 21. Elaine Costa (PTB-RJ) 22. Enivaldo Ribeiro (PP-PB) 23. Érico Ribeiro (PP-RS) 24. Fernando Gonçalves (PTB-RJ) 25. Heleno Silva (PL-SE) 26. Ildeu Araújo (PP-SP) 27. Iris Simões (PTB-PR) 28. Isaías Silvestre (PSB-MG) 29. João Batista (PP-SP) 30. João Caldas (PL-AL) 31. João Correia (PMDB-AC) 32. João Grandão (PT-MS) 33. João Magalhães (PMDB-MG) 34. João Mendes de Jesus (PSB-RJ) 35. Jonival Lucas Junior (PTB-BA) 36. Jorge Pinheiro (PL-DF) 37. José Divino (sem partido-RJ) 38. José Militão (PTB-MG) 39. Josué Bengston (PTB-PA) 40. Junior Betão (PL-AC) 41. Laura Carneiro (PFL-RJ) 42. Lino Rossi (PP-MT) 43. Marcondes Gadelha (PSB-PB) 44. Marcos Abramo (PP-SP) 45. Marcos de Jesus (PFL-PE) 46. Maurício Rabelo (PL-TO) 47. Neuton Lima (PTB-SP) 48. Nilton Capixaba (PTB-RO) 49. Osmânio Pereira (PTB-MG) 50. Pastor Amarildo (PSC-TO) 51. Paulo Baltazar (PSB-RJ) 52. Paulo Feijó (PSDB-RJ) 53. Paulo Gouvêa (PL-RS) 54. Pedro Henry (PP-MT) 55. Professor Irapuan Teixeira (PP-SP) 56. Raimundo Santos (PL-PA) 57. Reginaldo Germano (PP-BA) 58. Reinaldo Betão (PL-RJ) 59. Reinaldo Gripp (PL-RJ) 60. Ricardo Rique (PL-PB) 61. Ricarte de Freitas (PTB-MT) 62. Robério Nunes (PFL-BA) 63. Vanderlei Assis (PP-SP) 64. Vieira Reis (PRB-RJ) 65. Wanderval Santos (PL-SP) 66. Wellington Fagundes (PL-MT) 67. Wellington Roberto (PL-PB) Obs.: Os deputados Coriolano Sales (PFL-BA) e Marcelino Fraga (PMDB-ES) renunciaram, evitando o processo de cassação.





Fonte: 24HorasNews

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