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Politica Brasil
Sexta - 18 de Agosto de 2006 às 07:18

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Tráfico com grande poderio bélico e que constantemente entra em confronto com a polícia. Para mudar esse cenário no Morro da Providência, no centro da capital fluminense, a cúpula da Secretaria de Segurança inaugurou, na tarde de quinta-feira, unidade do Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gepae) na favela. A casa, no alto do morro, pertenceu ao traficante Ednaldo Silva, o Naldo. Lá, por ordem dele, foi torturada e morta a tiros a detetive de Polícia Civil Regina Coeli da Cunha Augusto, aos 28 anos, em 1991.

Para reduzir a criminalidade na Providência - palco de ocupação do Exército em abril -, o comandante da PM, coronel Hudson Aguiar, mandou recado aos PMs. "O policial não pode se deixar levar pela ganância ou desvio de conduta. Ele é o guerreiro da paz. Não vamos permitir a presença de criminosos na Providência", afirmou o oficial, inflamado.

Efetivo de 120 PMs Para Hudson, a responsabilidade de manter a paz e a harmonia na Providência estão nas mãos dos 120 policiais militares, divididos em turmas de 40 homens por turno, que atuarão no Gepae. "Quem vai mandar aqui agora somos nós", decretou.

O secretário de Segurança Pública, Roberto Precioso, convocou a comunidade a fazer parceria com a PM. "O sucesso só virá se houver o envolvimento da comunidade. Só assim será possível reduzir a violência", avaliou.

Apesar da convocação, poucos moradores pararam para observar a cerimônia de inauguração do novo grupamento, com direito a banda de música e bênção do capelão, o primeiro-tenente Renato Martins. "Aqui tem segurança mesmo sem a presença da polícia", afirmou uma das moradoras, vizinhas à unidade da PM.

A grande quantidade de policiais reprimiu aparentemente a ação do tráfico e chamou a atenção de muitas crianças. Mais receptivas, muitas delas cantaram o Hino Nacional com os policiais. "Aprendi na escola. Sei tudo", orgulhava-se a pequenas Paloma, 9 anos, aluna do 3ª série da Escola Municipal Darci Vargas.

Atualmente, o Comando de Policiamento em Áreas Especiais tem outros quatro grupamentos em Niterói, Copacabana, Tijuca e Vila Cruzeiro (Penha). "A idéia é expandir. Contamos com tropa de 400 homens", afirmou o coronel Jorge Braga, comandante das unidades.

Armas do tráfico intimidam moradores Em setembro, a reportagem mostrou, através de flagrantes fotográficos, que a quadrilha da Providência tem alto poder de fogo. Por duas semanas, equipe de reportagem percorreu arredores da favela e constatou a presença de homens armados, vendendo drogas e intimidando moradores. O arsenal de guerra é composto por armamento como fuzis dos tipos FAL, G-3, AK-47 e AR-15.

Em junho, reportagens mostraram que Evanilson Marques da Silva, o Dão, chefe do pó no Morro da Providência, tem até cadastro de estivador e carteira do sindicato da categoria. Ao longo dos anos, a Providência foi marcada pela violência e ontem, na inauguração do Gepae, autoridades fizeram questão lembrar que o local um dia serviu para matar uma policial. "Agora têm de vir também os médicos e dentistas", afirmou o comandante da PM, coronel Hudson Aguiar.




Fonte: O Dia

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