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Politica Brasil
Terça - 15 de Agosto de 2006 às 23:59

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Aliados da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência começam a torcer o nariz para o discurso "hermético" usado pelo candidato, insuficiente para conquistar votos das camadas mais populares. A avaliação é de que só será possível forçar um segundo turno se o tucano aprender a falar a língua do povo.

A avaliação do núcleo central da campanha é de que Alckmin tem condições de sobra para arrancar votos do seu maior adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Lula, mas precisa, antes, se esforçar para traduzir suas propostas ao eleitor de baixa renda, ainda cativo do petista.

"Ele (Alckmin) impressiona pelo conhecimento que tem da administração pública, mas realmente precisa traduzir um pouco mais (suas idéias) para chegar ao grande público, já que no público formador de opinião, ele está bem", afirmou à Reuters o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), membro do conselho político da campanha.

Em caráter reservado, políticos próximos ao tucano ponderam que ele tem de ser menos sofisticado nas palavras, usar frases simples, transformar conceitos complexos em português prosaico e criar expressões, motes de campanha, que não necessitem tradução.

"Apesar de ser um nome qualificado, ele tem um discurso muito hermético. Precisamos melhorar isso", disse à Reuters, sob condição de anonimato, um parlamentar do PSDB com acesso à cúpula estratégica da campanha.

O conselho político do ex-governador de São Paulo já começou a pedir por mudança de postura e pedirá, na próxima reunião do grupo, mais cuidado com o linguajar refinado.

O primeiro debate eleitoral entre presidenciáveis, veiculado pela TV Bandeirantes na noite de segunda-feira, reforçou essa percepção.

"Ele ainda não conseguiu falar a língua do eleitor. O que saiu do debate e de suas recentes exposições mostra um Alckmin burocrata, ainda travado", afirmou o cientista político Lúcio Rennó, professor da Universidade de Brasília.

No debate, em dado momento, Alckmin usou o termo DRU, mas não explicou o significado da sigla, Desvinculação das Receitas da União, que é o percentual de recursos do Orçamento federal sem direcionamento obrigatório para determinada área.

No início da campanha, Alckmin usou à exaustão o bordão "choque de gestão", criado para ilustrar sua proposta de governo de reduzir gastos excessivos do Estado. Como o grande público não entendia o sentido da expressão, ele passou a usá-la somente diante de grupos especializados, como economistas e empresários.





Fonte: Reuters

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