Ausência de Lula esfria primeiro debate entre presidenciáveis
A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder das pesquisas de opinião, ajudou a esfriar o clima das duas horas de perguntas e respostas entre os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL), Cristovam Buarque (PDT), José Maria Eymael (PSDC) e Luciano Bivar (PSL).
"Se Lula estivesse, não seria tão morno", disse o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE). O senador bocejou mais de uma vez durante o debate, mas justificou os bocejos em função do horário. O programa foi das 22h à 0h.
Logo na abertura, o mediador, jornalista Ricardo Boechat, informou que o presidente havia comunicado à emissora que não compareceria. Nenhum motivo foi apresentado. Tanto Tasso Jereissati quando Heloísa Helena consideraram arrogante a ausência de Lula.
"Fica fraco sem ele", disse o vereador José Aníbal (PSDB) na metade do programa. "Mas não sei qual o efeito que a ausência dele causa (na campanha de Lula)", completou. Alertou que pesquisas de opinião podem apontar esta tendência.
Luiz Gonzalez, coordenador de comunicação da campanha de Alckmin, principal adversário de Lula, minimizou o debate ao afirmar que ele não é decisivo para a campanha do tucano e disse que ainda vai decidir se usará a imagem da cadeira vazia, que seria ocupada pelo petista, no programa eleitoral gratuito de TV do candidato. Ele reiterou o que Alckmin vem dizendo: não haverá ataques ao presidente Lula.
"O problema não é o Lula ter de diminuir (nas pesquisas), ele diminuirá à medida que surge uma alternativa. E não vai ser de um dia para o outro", afirmou. Lula, que seria reeleito no primeiro turno, de acordo com as intenções de voto, cresceu em quatro pesquisas de opinião divulgadas na semana passada (Sensus, Datafolha, Ibope e Vox Populi), enquanto Alckmin caiu.
Gonzalez recomendaria que Lula participasse dos debates. Ele faz a mesma indicação ao candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, José Serra, que, como Lula, se ausentou do primeiro debate para governador. O marqueteiro já atuou nas campanhas de Serra, Covas e do próprio Alckmin.
Já o presidente do PPS, deputado Roberto Freire, sentiu falta de um embate ideológico, como na época em que foi candidato a presidente, e disse também que sobraram elogios. "Porque todos são oposição ao Lula". O PPS apóia a candidatura tucana.
Os elogios aconteceram principalmente entre Cristovam Buarque e Heloísa Helena. "Quero compartilhar o esforço de Cristovam Buarque pela educação", disse Heloísa Helena, citando o principal bordão do candidato do PDT. "Conheço e admiro o trabalho da senadora", devolveu Buarque.
Jorge Bornhausen, presidente do PFL, outro aliado de Alckmin, disse que se Lula comparecesse seria "muita cara de pau" porque o presidente não conseguiria explicar as denúncias de corrupção em sua gestão.
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