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Meio Ambiente
Sexta - 11 de Agosto de 2006 às 16:14

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Uma das dificuldades alegadas pela maioria dos empresários do setor florestal na adoção de práticas de manejo florestal de impacto reduzido é o alto custo inicial de operação significativamente superior aos custos da exploração convencional. Para Ricardo Félix Santana, engenheiro florestal e pesquisador, a idéia de que o manejo sustentável custa mais se deve, em grande parte à falta de planejamento da exploração, que acaba mascarando custos com a perda de matéria-prima.

Tecnicamente, o manejo florestal sustentável acrescenta duas etapas à exploração dos produtos madeireiros, o que representa um investimento de pessoal qualificado e atenção constante com a floresta. O que costuma assustar os empresários é justamente o investimento no período pré-exploratório, em que é preciso fazer o levantamento completo das espécies existentes na floresta a ser manejada, planejar e construir a infra-estrutura necessária para o trabalho e selecionar as unidades que serão coletadas – todas etapas que devem ser executadas um ano antes do primeiro corte.

Santana explica que esse investimento inicial compensa no longo prazo, uma vez que o inventário florestal, estradas e pátios de estocagem construídos neste primeiro ano são usados de forma permanente, sendo portanto, um custo praticamente inexistente ao longo dos demais ciclos de exploração. O planejamento da exploração também evita desperdício de matéria-prima e racionaliza o uso de máquinas e equipamentos, uma economia que, se computada árvore por árvore, compensa.

“A exploração convencional desperdiça até dois metros cúbicos de madeira de valor comercial para cada metro cúbico aproveitado”, afirma Santana. “Isto porque há um grande número de árvores identificadas e não-cortadas, árvores cortadas que não são encontradas pela equipe de arraste, e outras situações que o empresário não vê, e por isso não conta como custo”.

Segundo ele, pesquisas de campo mostram que o desperdício de madeira chega a 24% do total explorado quando não há planejamento, já em áreas de floresta manejadas de forma sustentável, esse desperdício gira em torno de 7%. A explicação é simples: quando não há um bom planejamento das trilhas, pátios de estocagem e marcação das unidades a serem coletadas, no mínimo, gasta-se mais horas de trator e motosserristas para encontrar as árvores escolhidas para corte na floresta.

A exploração convencional também aumenta o número de clareiras nas florestas exploradas, potencializando o risco de entrada do fogo. Um prejuízo muitas vezes incalculável, que pode ser evitado com a terceira fase de exploração empregada no manejo florestal sustentável – o chamado pós-exploratório. Nesta fase, a floresta manejada é monitorada para evitar queimadas acidentais e se faz enriquecimento das clareiras com mudas de valor comercial que poderão ser cortadas em um ciclo fututo e outros tratamentos para facilitar o crescimento das espécies comerciais para futuros cortes.

Somando tudo, o manejo florestal sustentável traz benefícios nítidos a longo prazo para todo o setor florestal, e ainda pode gerar outros lucros, como investimentos nos chamados serviços da floresta, que vão desde a conservação da qualidade das águas até a possibilidade de retorno financeiro com os ainda novos, mas já promissores negócios em torno dos créditos de carbono.

Ricardo Santana ainda acrescenta um último aspecto, relativo aos benefícios da operação da indústria florestal baseada no manejo sustentável: a crescente exigência do mercado consumidor, especialmente o internacional. “O setor madeireiro para sobreviver terá necessidade de se adequar a essa nova realidade”, reforça o pesquisador.





Fonte: 24HorasNews

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