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Cultura
Quinta - 10 de Agosto de 2006 às 13:43

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A história da destruição de Manaus e da utopia dos rebeldes, contada por Milton Hatoum em Cinzas do Norte, que foi escolhida pela Câmara Brasileira do Livro como o melhor romance do ano passado, ganhando o Prêmio Jabuti na categoria em sua 48ª edição, é o terceiro livro de Hatoum, que constrói uma obra maturada pelo tempo: ele levou 11 anos para lançar Dois Irmãos (2000) após estrear com Relato de um Certo Oriente (1989). A distância entre os livros agora é menor. Diminuiu para cinco anos, durante os quais ambos foram estudados em teses acadêmicas, conquistaram prêmios e projetaram o escritor no exterior.

O escritor amazonense ganhou o Jabuti com suas duas primeiras obras, mas conta que a emoção agora é diferente. "Creio que Cinzas é meu livro mais complexo em vários sentidos", explica. "Embora não seja política ou histórica, a trama fala de fatos da minha geração. Acho que é um dos livros que eu gostaria, de fato, ter escrito."

O processo de gestação de Cinzas do Norte coincidiu ainda com o nascimento de seu primeiro filho, Pedro, o que tornou o processo mais intenso. "Daí eu ter ficado mais emocionado com essa premiação, assim como tinha ficado com a escolha da Associação Paulista dos Críticos de Arte, que me concedeu o grande prêmio do ano passado", conta. "O importante, porém, é que o público faça sua avaliação: o verdadeiro julgamento é do bom leitor, que é soberano. Não adianta ser premiado, mas não lido."

Outro colecionador de prêmios é Mamede Mustafa Jarouche, cuja tradução do Livro das Mil e Uma Noites foi escolhida como a melhor, vencendo os trabalhos eficientes de Alipio Correia de Franca Neto (A Balada do Velho Marinheiro) e Bernardina da Silveira Pinheiro (Ulisses). Foi um trabalho de fôlego, realizado a partir do original em árabe. E uma das qualidades da nova tradução foi respeitar o caráter erótico da obra milenar.

A vencedora biografia de Ruy Castro sobre Carmen Miranda será levada à TV pela Globo. Uma surpresa do prêmio Jabuti deste ano foi a vitória do cantor e compositor Gabriel O Pensador na categoria juvenil, com Um Garoto Chamado Rorbeto, uma história cheia de ritmo sobre o menino Rorbeto que desvenda sozinho os mistérios da vida.

Neste ano foram inscritos 2.074 livros. Entre as categorias com maior número de títulos inscritos estão: Capa (236); Projeto/Produção Editorial (183); Ilustração de Livro Infantil e Juvenil (182); Infantil (179); Ciências Humanas (145); Contos e Crônicas (141); Romance (115) e Poesia (113).

A entrega dos prêmios acontece no dia 13 de setembro, na Sala São Paulo, onde serão anunciados ainda os vencedores do Livro do Ano - Ficção e Livro do Ano -Não-Ficção. (UB)




Fonte: AE

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