França lidera diplomacia para o Líbano
A França agora tem um papel importante, junto com os Estados Unidos, para alcançar um cessar-fogo pelo Conselho do Segurança da ONU.
Diplomatas franceses citam a necessidade de levar em conta as objeções do Líbano e outros países árabes ao projeto de resolução da ONU e também às exigências de Israel. Os diplomatas enfrentam uma tarefa difícil, tentando reconciliar as exigências dos dois lados.
O presidente francês Jacques Chirac está arriscando sua reputação. Pesquisas mostram níveis baixos de apoio a Chirac, mas estes níveis estariam melhorando graças à política externa recente do país.
Chirac pode esperar um grande sucesso internacional antes de maio de 2007, quando sua longa carreira política deverá ser encerrada. O sucesso ou fracasso no Líbano podem definir a diferença entre glória e vergonha para Chirac.
Desafio
Enquanto o mundo assiste aos últimos conflitos armados na fronteira entre Israel e Líbano, outra antiga rivalidade voltou a ficar evidente, a luta diplomática entre os Estados Unidos e França.
O ministro do Exterior francês, Philippe Douste-Blazy, revelou a grande importância que o governo francês dá a estes eventos.
O chanceler descreveu o acordo de 1° de agosto fechado por ministro da União Européia como "uma vitória importante para a diplomacia francesa". O acordo seguiu a lógica francesa, pedindo por um cessar-fogo imediato.
A França insistiu que não pode haver uma solução militar para a crise, Israel e o Hezbollah devem paralisar os confrontos.
Os franceses também lideraram os protestos europeus contra o que foi chamado de resposta militar "desproporcional" de Israel à provocação do Hezbollah.
Os americanos, com o apoio da Grã-Bretanha, têm como prioridade a permissão para Israel enfraquecer o Hezbollah para manter a sua segurança a longo prazo. Seguindo esta teoria, um cessar-fogo não deve ser imposto antes que as forças de Israel alcancem este objetivo.
Algumas circunstâncias desta crise favorecem um papel central para a França. O país é a antiga força colonial no Líbano e afirma ser "país amigo do mundo árabe". A França é o único país desenvolvido ocidental a ter cultivado ligações com os governos árabes, incluindo o antigo regime de Saddam Hussein no Iraque.
Os Estados Unidos estão politicamente enfraquecidos, com seus militares sobrecarregados no Iraque. Muitos acreditam que o país perdeu sua autoridade moral necessária para lidar com os eventos.
A Grã-Bretanha, outra antiga potência colonial na região, é vista pelo mundo árabe como um país próximo demais dos Estados Unidos. Recusou-se a enviar soldados para a força multinacional para o Líbano, deixando a França como a primeira escolha para liderar.
Apoio
A França conta com apoio na União Européia. Muitos líderes estão frustrados com o que, segundo eles, é o fracasso dos Estados Unidos em progredir com o processo de paz entre israelenses e palestinos, um elemento importante para a estabilidade a longo prazo na região.
A maioria dos estados árabes também aprova um papel mais importante da Europa na região. E a Europa também ofereceu, novamente, ajuda na reconstrução do Líbano assim que o conflito for encerrado.
A França precisa analisar os riscos militares e diplomáticos ao assumir a liderança nos esforços de outros países para solucionar a crise no Líbano.
Não importa o que dizem as resoluções da ONU a respeito do Líbano, qualquer missão de paz no país será perigosa. A França perdeu 58 fuzileiros navais em um ataque suicida em Beirute, em 1983. Os Estados Unidos sofreram 241 baixas no mesmo dia.
Como a França, outros países como Turquia, Noruega e Itália afirmam que qualquer compromisso com o envio de soldados deve depender de termos satisfatórios.
As ligações da França com a Síria poderão ser inúteis, depois que as relações entre os dois países foram prejudicadas devido ao suposto papel da Síria no assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri em 2005, que forçou a retirada das tropas da Síria do país.
A França está, junto com os Estados Unidos e a União Européia, comprometida a se pronunciar contra o programa nuclear do Irã.
Mas o Irã, um país que apóia o Hezbollah, tem o poder de acabar com qualquer acordo e ameaçar Israel. A contradição ficou óbvia quando o ministro do Exterior francês se reuniu com seu colega iraniano em Beirute e afirmou que o Irã seria uma "força estabilizadora" na região.
A França recebeu a aprovação geral por se dispor a liderar os esforços de paz para o Líbano. Mas a parte mais difícil destes esforços ainda está à frente.
Comentários