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Cultura
Terça - 08 de Agosto de 2006 às 11:44

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SÃO PAULO - Começa hoje o 10.º Festival de Cinema Judaico de São Paulo. Nesta década inteira em que ocorre o evento, um tema tem sido recorrente - a memória do Holocausto, momento terrível da história da (des)humanidade, quando 6 milhões de judeus foram exterminados pelos nazistas. Grandes filmes têm sido feito sobre o assunto e é sempre importante discutir o horror que o produziu, até porque estão aí, na volta dos judeus à Palestina, as origens da crise que convulsiona o Oriente Médio.

Para manter-se atualizada, estética e politicamente, a curadoria do Festival de Cinema Judaico precisa voltar-se para o que ocorre hoje, não privilegiando apenas a reconstituição de trágicos eventos passados. A crise entre Israel e o Hezbollah no Líbano ainda vai demorar para produzir filmes, mas o que motiva mais essa tragédia já pode ser discutido e avaliado. O Hezbollah usa um escudo humano de libaneses para atingir Israel, mas o país também responde de forma indiscriminada e irracional. A paz torna-se, cada vez mais, uma utopia distante.

Sob o rótulo ´cinema judaico´, abriga-se não apenas o cinema produzido no Estado de Israel, mas também aquele que, em todo o mundo, discute a herança judaica, quase sempre feito por diretores com ascendência no povo hebreu. Além das mostras competitivas de ficção e documentário, a 10.ª edição apresenta dez clássicos selecionados por internautas, uma série de filmes especiais (com ênfase no público infanto-juvenil) e uma seção formada por realizações da Faculdade Sapir, de Israel. O patrocínio é do Banco Daycoval. "Ha Ushpizin", de Gidi Dar, é o filme de abertura. Sua narrativa remonta ao mito de Abraão e Sara que produziu a festa de Sucot. Um casal de ortodoxos segue a tradição e recebe convidados. O grupo é heterogêneo e produz tensões.

Alguns títulos merecem atenção especial - "Testemunhas Imaginárias", de Daniel Anker, é um documentário muito forte que mostra como Hollywood focaliza o Holocausto. Cenas de cults como "A Escolha de Sofia", de Alan J. Pakula, e "A Lista de Schindler", de Steven Spielberg, são comentadas e ficam ainda mais fortes. "Entes Queridos", de Dominic Harari e Teresa Pelegri, sintetiza, no interior de uma família, a situação do Oriente Médio - garota apresenta o namorado aos pais, mas o cara que ela diz ser israelense, na verdade, é um palestino. O documentário Ydessas, Ursos etc tem origem numa exposição da artista plástica Ydessa Hendeles. Como é assinado por Agnès Varda, pode-se esperar o melhor - Varda fez, com Les Glaneurs et la Glaneuse, um dos mais belos filmes ensaísticos da história do cinema.

Serviço 10.º Festival de Cinema Judaico de São Paulo. Centro da Cultura Judaica. Rua Oscar Freire, 2.500, tel. 3065-4333; CineSesc. Rua Augusta, 2.075, 3082-0213; A Hebraica. Rua Hungria, 1.000, 3818-8888; MIS . Av. Europa, 58, 3062-9197. 3.ª a dom., horários variados. Grátis (A Hebraica /Auditório e Teatro Anne Frank e sábs. no MIS); 1 kg de alimento não perecível (Centro da Cultura Judaica); e R$ 7 (A Hebraica /Teatro Arthur Rubinstein, MIS e Cinesesc). Até 13/8





Fonte: Agência Estado

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