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Internacional
Terça - 12 de Fevereiro de 2013 às 13:44

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Há dois anos, o homem forte do regime de Hosni Mubarak, Omar Suleiman, pronunciou a frase que deixou o Egito em júbilo, e o contraste com o ambiente de hoje neste mesmo país não podia ser mais agudo.
 
A praça Tahrir, na capital Cairo, local que então concentrou os desejos de milhões de egípcios que pediam liberdade e dignidade, reuniu hoje milhares de pessoas em uma nova jornada de protesto, nesta ocasião contra o presidente do país, Mohammed Mursi, e seu grupo político-religioso, a Irmandade Muçulmana.
 
Em uma atmosfera pessimista e reivindicativa, os egípcios que chegaram em várias passeatas à praça e ao palácio presidencial (muitos menos que em recentes convocações) afirmaram defender a chama da revolução frente ao poderoso grupo islamita, ao qual acusam de pretender se perpetuar no poder.
 
A desesperança, instigada pela galopante crise econômica que atinge o país, se refletia na maioria de rostos e nos discursos dos manifestantes.
 
"Pensamos que a Irmandade Muçulmana imporia justiça, mas não a fizeram. Deixou o rico mais rico, e pisaram no pobre. É esta a justiça social? Se Hosni (Mubarak) nos deixou na desgraça (durante) 30 anos, um ano do governo de Mursi equivalerá a 50 anos de desgraça", disse à Agência Efe o jovem Gamal Gafar.
 
Apesar de Mursi ainda ter um amplo apoio, sobretudo entre as camadas mais populares e no Egito rural, o desgaste sofrido desde que foi eleito o primeiro presidente em democracia do país, em junho de 2012, é evidente.
 
O Centro Al Baseera para pesquisas de opinião pública divulgou hoje uma enquete na qual 44% dos consultados disseram que não reelegeriam o presidente.
 
Apesar de tudo, a mesma pesquisa mostra que mais da metade dos entrevistados (53%) ainda aprova a gestão do presidente, embora com dez pontos percentuais a menos que há um mês.
 
Como se transformou em costume há algumas semanas, a violência não faltou nos protestos, com os grupos mais radicais enfrentando a a polícia nos arredores do palácio presidencial de Itihadiya.
 
Segundo fontes policiais, dezenas de pessoas ficaram feridas nos enfrentamentos, que começaram assim que centenas de manifestantes chegaram às imediações da sede presidencial.
 
A polícia usou jatos de água e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes, que correram rumo a ruas próximas, presumivelmente à espera de voltar à praça.
 
De acordo com o Ministério do Interior, as passeatas eram a princípio pacíficas, mas uma minoria começou a retirar as cercas instaladas nas entradas do palácio e a atirar pedras em direção ao edifício.
 
Mas os egípcios começaram a se acostumar às longas noites de caos e destruição.
 
Desde o dia 25 de janeiro - por causa do aniversário do início da revolução -, quando foram registradas os primeiros confrontos, mais de 60 pessoas morreram, e raro é o dia no qual uma manifestação não acaba em distúrbios.
 
"Esperávamos que com Mursi houvesse um novo amanhecer, mas, infelizmente, isso não aconteceu, e agora estamos à espera de algo melhor, que virá graças a Deus", disse Kamel Said, outro jovem que estava na praça Tahrir.
 
Apesar dos ânimos sombrios, a cada dia são divulgadas notícias que lembram que o Egito não é o mesmo da era Mubarak.
 
Hoje, os ulemás da instituição islâmica de Al Azhar elegeram pela primeira vez através de uma votação o novo mufti do Egito, a principal autoridade religiosa do país, que até agora era designado diretamente pelo presidente.
 
O eleito é o professor de jurisprudência islâmica Shauki Ibrahim Abdelkarim, um jurista pouco conhecido e de perfil baixo que substitui o moderado Ali Gomaa, cujo mandato termina no final deste mês.





Fonte: EFE

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