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Politica Brasil
Segunda - 07 de Agosto de 2006 às 08:13

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A Planan era uma mina de ouro e os parlamentares perceberam rapidamente a oportunidade de fazer da empresa mato-grossense uma via de mão dupla. Muitos parlamentares procuraram seus empresários na busca de dinheiro para suas campanhas ou para pagamentos de suas dívidas em troca de aprovação de emendas para um super-esquema de liberação de ambulâncias que passou a ser conhecido como a “Máfia dos Sanguessugas”.

Entres as dezenas de parlamentares que procuraram Valdir Vedoin e Luiz Antônio Vedoin, donos da Planan está a deputada federal Celcita Pinheiro (PFL-MT), esposa do senador Jonas Pinheiro (PFL-MT). Ela, segundo depoimentos dos Vedoin pediu dinheiro para a sua campanha de 2002. Recebeu dois cheques de R$ 25 mil. Até a senadora Serys Shessarenko ganhou dinheiro para a sua campanha. Não foi diretamente às empresas de Vedoin. A tarefa foi comandada por seu genro Paulo Roberto, que conseguiu a ajuda de R$ 35 mil para a campanha da senadora.

O esquema era sempre o do toma-lá dá-ca. Os parlamentares conseguiam dinheiro em troca de emendas. E a família Vedoin, vendo a oportunidade de enriquecimento rápido não titubeou em promover a farta distribuição para os parlamentares que queriam garantir suas eleições.

Tanto Valdir quanto Luiz Antônio Vedoin confirmaram à Polícia Federal que contribuíram para a eleição de pelo menos 14 deputados. Só de Mato Grosso foram cinco: Lino Rossi, PP, Pedro Henry, PP, Celcita Pinheiro, PFL, Teté Bezerra, PMDB e Serys Schessarenko, senadora pelo PT. Ajudou também o candidato derrotado Carlos Bezerra, PMDB e esposo de Teté Bezerra.

A farra, conhecida posteriormente como “Máfia das Ambulâncias” foi desbaratada em maio deste ano pela Polícia Federal com a prisão dos empresários Vedoin, parlamentares e servidores públicos acusados de utilizar R$ 110 milhões do orçamento na compra de ambulâncias superfaturadas. A empresa Planam era responsável pela montagem das ambulâncias e entrega dos carros às prefeituras. Segundo as investigações da Polícia Federal, a empresa chegou a superfaturar o preço das ambulâncias em até 110%.

O empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin confirmou na CPMI dos Sanguessugas, na última quarta-feira, que teria contribuído para a eleição de pelo menos 14 parlamentares. A notícia é destaque do jornal Correio Braziliense deste domingo. O esquema de distribuição de dinheiro pelo caixa dois já havia sido denunciado em depoimento à Justiça Federal do Mato Grosso.

Vedoin descreveu como distribuiu cerca de R$ 4 milhões em propina.

O sub-relator da Comissão deputado Júlio Delgado (PSB-MG) afirmou que “não há a menor dúvida de que parte desses recursos abasteceu as campanhas dos envolvidos”.

O depoimento incrimina dez deputados, dois ex-deputados, uma senadora e um ex-senador.

Confira a lista

Deputados:

Celcita Pinheiro (PFL-MT), mulher do senador Jonas Pinheiro (PFL-MT) É acusada de procurar a Planam, em 2002, e pedir ajuda financeira para a campanha. A empresa Santa Maria, do grupo Planam, emitiu dois cheques de R$ 25 mil, cada.

Coriolano Sales (PFL-BA). O deputado baiano recebeu de presente uma impressora off-set, no valor de R$ 120 mil, para usar na campanha municipal em Vitória da Conquista.

Fernando Gonçalves (PTB-RJ). Em 2001, o parlamentar recebeu um ônibus médico-odontológico, avaliado em R$ 54 mil, para ser usado na campanha eleitoral. Jefferson Campos (PTB-SP) recebeu ônibus usado, com equipamentos odontológicos, para que o irmão do parlamentar pudesse fazer sua campanha para vereador, em 2004, na cidade de Sorocaba (SP).

Lino Rossi (PP-MT) Em 2002, recebeu cheque no valor de R$ 104.982,08 para comprar uma carreta a ser usada na campanha eleitoral. Outro cheque, no valor de R$ 42.708,00, foi destinado à compra de camisetas.

Nilton Capixaba (PTB-RO) recebeu, em agosto de 2005, R$ 50 mil, após café-da-manhã no Hotel Meliá, em Brasília, para pagar a aquisição de camisetas de campanha.

Pastor Amarildo (PSC-TO), recebeu da Planam um microônibus preparado especialmente com palco para a campanha eleitoral de 2002. O veículo, na época, estava estimado em R$ 40 mil.

Pedro Henry (PP-MT) Recebeu camionete zero quilômetro, marca Chevrolet. Entre os anos de 2005 e 2006, Henry teria vendido o veículo e restituído à Planam o valor correspondente.

Reinaldo Gripp (PL-RJ) Destinou, para o exercício de 2006, R$ 5 milhões para o município de Queimados (RJ) e, graças a isso, Gripp foi agraciado com R$ 200 mil em cheques.

Teté Bezerra (PMDB-MT) esposa do ex-senador Carlos Bezerra A deputada se comprometeu a apresentar emenda na área de saúde. Em troca, recebeu dois carros de som no valor de R$ 50 mil para serem usados em campanha.

Ex-deputado José Antônio Nogueira de Souza (PT-AP), hoje prefeito de Santana (AP). Em troca da apresentação de emendas, recebeu ajuda financeira para a campanha à prefeitura de Santana. Os valores da propina não foram especificados

Ex-deputado Múcio Sá (PSB-RN) Recebeu ajuda em dinheiro para usar na campanha eleitoral da filha para a prefeitura de Mossoró (RN).

Senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) O genro da senadora, Paulo Roberto, recebeu R$ 35 mil para cobrir despesa de campanha da parlamentar. Em troca, comprometeu-se a destinar recursos para a aquisição de ambulâncias.

Ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), marido da deputada Teté Bezerra Recebeu R$ 100 mil para custear serviços de marketing realizados por empresa de São Paulo. Em troca, Bezerra comprometeu-se a apresentar, no exercício de 2003, uma emenda de R$ 2,5 milhões





Fonte: 24HorasNews

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