A Polícia Federal tem indícios de que há mais magistrados e membros do alto escalão do Ministério Público e do Poder Executivo envolvidos na quadrilha

A polícia do Rio está à procura de integrantes da chamada 'máfia chinesa' - grupo de imigrantes ilegais da China envolvidos em assaltos a residências e lojas. A investigação, da 6ª DP (Cidade Nova), começou a partir do ataque ao comerciante Chen Jianhua, 35 anos, que reagiu e acabou morto a tiros. O crime foi em maio, no Rio Comprido.

Os agentes já capturaram cinco chineses e caçam outros sete. Em atuação há um ano, a quadrilha é suspeita de ter participado de pelo menos 15 roubos a residências e estabelecimentos comerciais. Entre os criminosos, há um pai e filho e até uma mulher.

Chineses, preferencialmente donos de pastelarias e com boa condição financeira, são as principais vítimas. Para se aproximar, os bandidos simulam procurar emprego. O ataque acontece poucos meses depois, tempo em que o ladrão já conhece toda rotina da família.

Foi assim com Jianhua. Ele foi morto por três chineses que pediram abrigo numa noite na sua casa, na Rua Itapiru. Um dos acusados do latrocínio, Chen Yingda, 31 anos, foi preso dia 20, com a ajuda do Departamento de Investigações Criminais de São Paulo, e levado à 6ª DP para depor.

Ele foi encontrado em Itapecerica da Serra, a 38 km da capital paulista. Outro que teria participado do crime é Zhu Yunqi, 25, foragido. Segundo a polícia, ele atua no braço principal da máfia, em São Paulo. Lá, o grupo extorque dinheiro de comerciantes chineses, vendendo 'segurança'.

Pistola apreendida na cena do assassinato era a mesma usada num assalto, em fevereiro, em Bonsucesso, do qual Yunqi também participou. Ele e mais três chineses saquearam convidados da festa de aniversário do dono de casa. O grupo foi levado à festa por um casal, também chinês. A mulher, Chen Yanling, 35 anos, foi presa mês passado em Rocha Miranda. O marido, Ruan Zhaomou, está foragido.

Pai e filho capturados Depois de matar Jianhua, o bando fugiu para uma casa em Irajá e deixou para trás celular e duas pistolas. A polícia localizou o esconderijo, onde havia uma calça suja com sangue da vítima. Os agentes também apreenderam carregador para pistola e celular de onde partiram ligações na hora do crime.

O nome de Chen Yiwen, 18 anos, aparece no contrato de locação da casa. Ele foi detido com uma pistola com numeração raspada no dia 11, na pastelaria da família, também em Irajá. Seu pai, Chen Yumeng, 46 anos, já havia sido preso mês passado por suspeita de envolvimento com a máfia. Pai e filho são de Hong Kong.

Da mesma família, Chen Canhong, 20 anos, também foi preso. Morador da Rocinha, teria telefonado ao bando durante o assalto no Rio Comprido. Já Zhu Yen Kai foi reconhecido por vítimas e estaria escondido no Paraguai. O paradeiro de Chen Yiolong e Yan Huanjin é um mistério. A dupla está com mandado de prisão pelo assalto em Bonsucesso.