Situação de Serys se complica: Ivo revela ter presenciado propina

Ivo Marcelo Spínola da Rosa, genro de Darci José Vedoin, afirmou ontem que presenciou o empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin fazer o pagamento de R$ 35 mil, em espécie, ao genro da senadora Serys Marly (PT), no escritório da empresa. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas ontem, Luiz Antônio sugeriu que seja quebrado o sigilo bancário do genro da senadora, segundo afirmou o corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), à Agência Senado.

O dinheiro, segundo Vedoin, foi repassado a Paulo Roberto como adiantamento de propina uma vez que havia um acordo de que a senadora iria apresentar uma emenda de R$ 700 mil para a área da saúde. O vice-presidente da CPMI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE) destacou, segundo a Agência, que o depoimento de Luiz Antônio agravou a situação dos três senadores que estão sendo investigados: Serys, Ney Suassuna (PMDB-PB) e Magno Malta (PL-ES).

O parlamentar também ressaltou que com o depoimento do empresário, a CPMI conseguirá provar o envolvimento de alguns parlamentares que receberam propina em dinheiro. "Vedoin indicou testemunhas da entrega do dinheiro e outras formas indiretas de comprovação do recebimento, de forma que ficam reduzidas as possibilidades de escape desses parlamentares", declarou.

Luiz Antônio ainda reafirmou que os parlamentares sabiam das negociações de seus assessores e do recebimento de propinas. O depoimento de Vedoin à CPMI durou mais de sete horas e foi realizado na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Vedoin, segundo informações da Agência, confirmou o depoimento dado à Justiça Federal e envolveu o nome de mais um senador e dois deputados, não divulgados. O nome do senador, o próprio Luiz Antônio não quis revelar. Ele não faria parte do esquema da Planam, mas de outras empresas, localizados fora de Mato Grosso, que agiriam da mesma forma.

No depoimento, Luiz Antônio também teria "inocentado" três deputados que estão sendo investigados. "Ele (empresário) está trazendo elementos que comprovam que, em inúmeros casos, os assessores recebiam vantagens indevidas com o pleno conhecimento dos parlamentares. Quem tem um pouco de experiência na inquirição de testemunhas percebe que ele tem conhecimento dos fatos", ressaltou o presidente da CPMI, deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ) à Agência Senado.

De acordo com o presidente da CPMI, Vedoin afirmou que as denúncias contra esses parlamentares podem ser comprovadas porque eles tomavam providências, como o envio de ofício ao Ministério da Saúde ou da Ciência e Tecnologia, entre outras provas. Biscaia avaliou o depoimento do empresário como "elucidativo, firme e com muita credibilidade".