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Politica Brasil
Quinta - 03 de Agosto de 2006 às 09:06

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O funcionário da Planam Ivo Marcelo Spínola da Rosa, genro do suposto chefe da quadrilha dos sanguessugas, Darci Vedoin, disse à Justiça Federal que um ex-procurador regional da República em Mato Grosso usou de "informações privilegiadas" para avisar à família Vedoin que as empresas controladas por eles eram alvo de uma "grande investigação" sigilosa por parte das autoridades.

Ainda segundo o depoimento de Ivo Rosa --a cuja transcrição parcial a Folha teve acesso--, o ex-procurador Roberto Cavalcanti Batista induziu os Vedoin a contratar, a um custo de R$ 1,7 milhão, o escritório em que atua, o Cavalcanti & Spadoni Carvalho Advogados. Roberto Cavalcanti esteve no Ministério Público de Mato Grosso de 1993 a fevereiro de 2005.

No depoimento, Ivo Rosa conta que Darci e o ex-procurador se conheceram em setembro de 2003. Cerca de um mês depois, no aniversário de Darci, o ex-procurador foi a uma festa na Planam. "Na festa, Roberto Cavalcanti pergunta (...) de quem era a empresa Santa Maria. O reinterrogando [Ivo Rosa] informou que a Santa Maria era uma empresa da família Vedoin. Roberto Cavalcanti, nesse momento, informa acerca da necessidade de medidas urgentes, haja vista a existência de uma grande investigação contra as empresas da família", diz trecho do depoimento.

Em seguida, Ivo Rosa diz que Roberto Cavalcanti fala da "necessidade de medidas urgentes, em razão da gravidade do problema, inclusive da iminência da prisão por conta da sonegação fiscal das empresas".

É nesse ponto que há o relato sobre o suposto uso de informações que o ex-procurador, devido ao cargo, teria acesso. "O advogado, por ser procurador da República, também disse que não haveria, na cidade, outro escritório em condições de fazer frente ao grave problema, especialmente pelo fato de possuir informações privilegiadas, as quais poderiam contribuir para a defesa da família."

Também no depoimento, Ivo Rosa afirma que o ex-procurador sabia que as empresas de Vedoin continuaram participando das fraudes que resultaram na operação da Polícia Federal, em maio deste ano.

Outros ministérios

O genro de Vedoin disse ainda no seu depoimento ter protocolado cerca de 200 projetos de inclusão digital nos ministérios de Ciência e Tecnologia e Comunicações, entre setembro e dezembro do ano passado.

Ele disse que o único que foi executado foi na cidade de Governador Valadares (MG), de R$ 300 mil, no final de 2005, a partir de um emenda do deputado João Magalhães (PMDB-MG). Ivo Rosa disse que o deputado receberia "uma comissão" por liberar recursos.

De acordo com o depoimento de outro membro da quadrilha, Luiz Antonio Vedoin, o deputado teria recebido propina no valor de R$ 42 mil.

Outro lado

O ex-assessor parlamentar Marcelo Cardoso de Carvalho, que trabalhou até maio no gabinete do senador Ney Suassuna (PB), líder da bancada do PMDB, justificou o depósito de R$ 29 mil em sua conta pela máfia dos sanguessugas afirmando ter vendido um barco para alguém indicado pelos Vedoin, que chefiariam o esquema.

A informação consta do depoimento que ele deu sigilosamente à Justiça, em 7 de junho. A Folha teve acesso à transcrição. Carvalho disse, entretanto, que desconhecia até aquele momento "quem teria comprado o barco".

O ex-assessor é apontado pelos Vedoin como o contato no gabinete de Suassuna. Embora afirmem nunca ter falado com o senador, os Vedoin dizem acreditar que Suassuna sabia do esquema e era o real beneficiário da propina que pagavam a Carvalho. O ex-assessor de Suassuna diz que o negócio foi fechado em almoço com Darci Vedoin, um dos coordenadores do esquema. No encontro, Darci teria recebido ligação telefônica de interessado em comprar o barco, pelo qual Carvalho teria recebido R$ 29 mil, afirma a transcrição.





Fonte: Folha Online

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