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Politica Brasil
Quinta - 03 de Agosto de 2006 às 07:56
Por: Rodrigo Vargas

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Os empresários Darci Vedoin e Ronildo Medeiros, dois dos principais nomes da máfia dos sanguessugas, confirmaram à Justiça Federal – e à CPI que investiga o caso – as suspeitas levantadas contra integrantes da bancada federal de Mato Grosso no depoimento do empresário Luiz Antônio Vedoin, outra peça-chave do esquema. Há poucas contradições nos relatos.

O conteúdo sigiloso das principais provas testemunhais do esquema foi publicado ontem pelo jornalista Fernando Rodrigues, em seu blog no portal UOL. São seis relatórios de depoimentos dados por Luiz Antônio e Darci Vedoin, Ronildo e pelo ex-funcionário do grupo, Ivo Marcelo Spínola – genro de Darci.

À exceção deste último, a quem não cabia negociar com os parlamentares, todos os demais deram detalhes sobre a compra de emendas. A participação da senadora Serys Slhessanrenko (PT) - por meio de seu genro, Paulo Roberto - foi uma das unanimidades entre os acusados (ver quadro).

Darci Vedoin admite nunca ter conversado pessoalmente com a senadora sobre a proposição de emendas. Esta tarefa, diz ele, caberia ao genro. “(...) Todas as vezes que esse assunto foi tratado, se deu na pessoa de Paulo Roberto, genro da Senadora”, apontou, em um trecho do depoimento.

Vedoin relata que Paulo Roberto, na companhia do representante de uma construtora de Pontes e Lacerda, identificado como Sérgio, fez uma visita à sede da Planam para tratar do negócio. Em outro trecho, faz conexão entre as empresas Dinâmica e Dismaf e os recursos liberados por emendas da senadora. “(...) São de propriedade, ou, no mínimo, ligadas a Paulo Roberto(...)”.

Sobre os deputados federais Ricarte de Freitas (PTB) e o licenciado Lino Rossi (PP), os depoimentos reforçam os indícios de envolvimento direto com o esquema – de acordo com Luiz Antônio, a soma das propinas pagas em dinheiro aos parlamentares é superior a R$ 1 milhão.

Darci confirma ter pago a fatura do cartão de crédito e até os eletrodomésticos comprados por Rossi para a montagem de seu apartamento. Já Ronildo diz ter repassado R$ 60 mil a um filho de Ricarte, pelo pagamento de uma licitação de R$ 300 mil reais feita em Juara, entre os meses de fevereiro a março de 2006.

“(...) O reinterrogando pagou cerca de 20% sobre o valor dos equipamentos, sendo que entregou para Cleber e ao filho do deputado, um cheque no valor de R$ 36.000,00, emitido pela empresa Oxitec, e mais R$ 24.000,00 em espécie”, diz Ronildo, que atuava na venda fraudulenta de equipamentos médico-hospitalares.

DESENCONTROS - Uma das principais diferenças entre os depoimentos diz respeito à negociação fechada com o ex-senador Carlos Bezerra (PMDB) e sua mulher, a deputada federal Teté Bezerra (PMDB). Luiz Antônio afirmou que o esquema pagou em nome deles uma conta de R$ 100 mil com uma produtora paulistana.

Já Darci Vedoin diz que o dinheiro pagou uma dívida de campanha do ex-deputado Bispo Rodrigues (PL), para a bancada da Igreja Universal do Reino de Deus. Segundo ele, outros pagamentos beneficiaram o casal. “(...) pela natureza dos registros dos pagamentos à deputada, o reinterrogando acredita que estes ocorreram em espécie;(...)”.

Já Ronildo diz ter sido informado que a ajuda à campanha foi de R$ 200 mil, em troca do pagamento, em caso de vitória nas eleições, de emendas para o setor coberto pelo esquema. Ele diz ainda que o ex-senador prometeu “facilidades” junto à Superintendência Regional da FUNASA.

NOVO DEPOIMENTO – Ontem, deu em nada a tentativa da CPI dos Sanguessugas de ouvir Luiz Antônio novamente. O empresário não compareceu à sessão marcada na sede da Polícia Federal em Brasília. Seus advogados alegaram que, como não houve convocação oficial, ele não estava obrigado a colaborar.

Hoje, desta vez convocado pela comissão, Luiz Antônio deverá esclarecer pontos que a comissão julgou “obscuros em seu depoimento”, principalmente a relação entre prefeitos, deputados e as empresas do grupo Planam.




Fonte: Diário de Cuiabá

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