Envolvidos na Máfia das Ambulâncias poderão concorrer nas eleições 2006

A grande maioria dos 87 deputados notificados pela CPI das Sanguessugas terá os registros de suas candidaturas assegurados pelos partidos a que pertencem. As alegações dos dirigentes partidários para não cassar a legenda desses deputados são parecidas: as provas ainda não são conclusivas e o prazo eleitoral é exíguo. Amanhã é o último dia para a troca de candidatos a deputado federal.

Os partidos, em especial os menores, admitem que dependem dos votos de deputados já conhecidos para tentar ultrapassar a cláusula de barreira, que entrará em vigor este ano. Por esta regra, os partidos precisam ter o mínimo de 5% dos votos para deputado em todo o país para garantir o pleno direito de funcionamento.

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)

O presidente do PTB, Flávio Martinez, disse que o partido ainda aguarda as acusações contra os 17 deputados e está ouvindo as defesas.

"Claro que denúncias nesta época eleitoral são desagradáveis, mas temos que dar chance de defesa. Não estamos capacitados para exercer um veredito neste momento, não temos claramente a posição sobre todos os deputados", disse Martinez.

Partido Liberal (PL)

É um problema que afeta também o PL (18 deputados notificados) e PSB (seis notificados) e outros partidos menores. O PSB abriu processo contra os seis no Conselho de Ética do partido, mas os processos só serão concluídos a médio prazo. A orientação do partido é não punir os deputados apenas com base nas denúncias da imprensa.

Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB)

O PMDB, que tem 11 parlamentares envolvidos, enfrenta mais dificuldades para discutir o que fazer, já que entre os notificados pela CPI estão o secretário-geral do partido, Saraiva Felipe (MG), e o líder no Senado, Ney Suassuna (PB), que integram a Executiva Nacional.

Partido da Frente Liberal (PFL)

Os casos dos nove deputados do PFL que integram a lista da CPI serão decididos pelas executivas estaduais, segundo o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

"As medidas tomadas serão comunicadas à Justiça Eleitoral. Mas devem valer só pelo aspecto externo. As pessoas poderão recorrer e manter os registros".

Partido dos Trabalhadores (PT)

No PT, o presidente do partido, Ricardo Berzoini (SP), disse que os dois notificados serão ouvidos primeiro. "Essas pessoas ainda não foram julgadas. As listas podem penalizar eleitoralmente pessoas que podem não ter culpa", disse Berzoini.

Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)

Preocupado com a repercussão eleitoral do envolvimento de seis parlamentares tucanos, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), chegou a ameaçá-los de expulsão, mas depois baixou o tom.

"Vamos nos reunir para discutir que tipo de postura o PSDB deverá assumir diante das denúncias, das provas apresentadas e da defesa de cada um dos envolvidos", confirmou o deputado Alberto Goldman (SP), vice-presidente do PSDB.

Semana passada, Tasso pediu ao deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) que faça um relatório informal sobre a situação de cada tucano notificado pela CPI dos Sanguessugas, reunindo todo o material já publicado na imprensa e as provas disponíveis na comissão parlamentar de inquérito.

Antes de apresentar o relatório, Fruet pretende conversar hoje com o sub-relator de sistematização da CPI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). É pouco provável, contudo, que o partido tenha condições de negar legenda a algum dos envolvidos.