Fazenda Arrossensal está na mira da reforma agrária
Convidados pelo candidato à deputado estadual, Juarez Barros, a senadora Serys Marly, que disputa o cargo para o Governo do Estado, e outros candidatos, participaram, junto com cerca de 500 pessoas, da reunião da Associação dos Trabalhadores Rurais Sem Terra “Movimento Terra, Trabalho e Progresso” com o objetivo de discutir uma solução para o problema da estagnação econômica em Nortelândia e região e o monopólio do maior latifúndio da cidade, pertencente ao Grupo Camargo Corrêa.
Numa área territorial de 1.351 km2, o Grupo Camargo Corrêa detem 710 km2, empregando 150 funcionários diretos (com carteira assinada) e mais 50 de empresas terceirizadas (prestadoras de serviços), conforme informado por Luís Antônio Felipe, diretor superintendente da fazenda em Nortelândia. “É difícil precisar quantos empregos indiretos, mas cada direto gera outros 2 ou 3 indiretos no comércio local e regional. Cabe salientar que a atividade agropecuária de alta tecnologia não é grande absorvedora de mão-de-obra, diferente das atividades de baixo uso tecnológico e industrial”, explicou.
Por esse motivo, a população se mostra indignada com a empresa e luta contra a fome, o desemprego e a emigração. No pronunciamento, Serys, relembrou a vitória de outros assentamentos e disse que o primeiro passo é levantar todas as matrículas da Fazenda Arrossensal. A senadora ainda justificou: “são diversas matrículas, por isso o cartório está demorando em repassar tal informação, mas assim que for feito o levantamento, será encaminhado ao Incra”.Outra abordagem importante da candidata foi em reafirmar a importância da região ter um elo na Assembléia Legislativa. “Juarez Barros é daqui e há uma necessidade de se ter deputado estadual”.
Com 5.478 habitantes, o sentimento da população é de igualdade social e esperança. É possível observar pela cidade muitos imóveis abandonados. Outro problema notório são os suicídios: cerca de cinco por ano – fato apontado por Juarez Barros que é psicólogo, especializado em gestão pública, saúde mental e saúde pública. O candidato seguiu afirmando na reunião: “a desapropriação das terras beneficiará diversas famílias. O trabalho a ser feito por um deputado estadual é também de resgate da identidade regional e este é o primeiro passo. Muitos candidatos chegam à região para pedir voto e depois não apóiam os projetos encaminhados à Assembléia Legislativa e ao Congresso Nacional”.
Pleiteando um cargo na Câmara dos Deputados, estiveram presentes os candidatos Juca Lemos (PT), professora Enelinda (PT), Manoel Nossangue (PT), Manoel Olegário (PT do B) e para o Senado a candidata professora Janete Carvalho (PC do B). Satisfeita em participar da reunião, Professora Enelinda ressaltou: “são 26 anos trabalhando no PT por justiça. O presidente Lula não pode governar sozinho, por isso é importante votar nos candidatos do mesmo partido”. Outro destaque no evento foi a participação do município de Thapurá, representado por José Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
Esperançosa com a mobilização política e participante assídua do movimento, Juceline Pires Ribeiro, disse que a única solução para o sustento das famílias é a divisão das terras. “O Grupo Camargo Corrêa não dá empregos e nem prestigia o comércio local. Dessa forma não gera aquecimento da economia de nenhuma forma, com tanta gente passando fome”.
Contrapartida O Grupo Camargo Corrêa não concorda com o posicionamento da Associação dos Sem Terra, em reposta as ações, Luís Antônio Felipe, diretor superintendente da fazenda em Nortelândia esclareceu: “estamos exercendo o nosso direito de propriedade previsto na constituição brasileira. A fazenda é legal (sob o aspecto jurídico), produtiva (sob a ótica econômica) e contribuímos com o desenvolvimento social. Temos o certificado do Incra como grande propriedade produtiva, portanto não estamos provocando desestabilização social”.
Luís ainda destacou: “ao contrário de algumas pessoas oportunistas e setores irresponsáveis, que sem conhecimento de causa, insistem em plantar, junto à opinião pública, informações inverídicas a fim de provocar o caos social e depois, de costume repassar o problema a comunidade e ao poder público”.
O superintendente acredita que a população só é favorável a desapropriação por falta de conhecimento. E ainda concluiu: “gostaríamos de reafirmar que seremos enérgicos. Sob o respaldo das leis e na defesa da nossa propriedade e direitos, não permitiremos interferência com o objetivo de obstruir a verdade”.
Pedido de desapropriação No dia 13 de outubro de 2005, Francisco Sérgio Machado, presidente da Associação dos Sem Terra, juntamente com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) protocolaram no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o pedido de desapropriação da Fazenda Arrossensal.
Francisco contou que ao entregar, em mão, tal pedido ele ouviu do superintendente regional do Incra, Leonel Wholfhart a seguinte frase: “enfim, alguém criou coragem para pedir a desapropriação desse latifúndio”.
“Nortelândia está de parabéns”, disse ainda o presidente, referindo-se ao apoio da população e a constate participação de outras localidades nas reuniões feitas semanalmente. Para o assessor da CPT, Adair José Alves Moreira, está implícito nesta luta uma busca pela cidadania. “A CPT participa do movimento como assessoria, estando lado-a-lado, nunca à frente. É uma forma de requerer direitos iguais”.
Sobre o Grupo De acordo com relatório anual do Grupo Camargo Corrêa, em 2005, com o avanço da internacionalização, incluindo nove unidades de negócios, operação em oito países, além do Brasil e exportação para mais de 80, a empresa registrou uma receita bruta de R$ 8 bilhões – 7,2% a mais que em 2004.
Em 2004, ao comemorar 65 anos de fundação, o grupo investiu R$ 430,3 milhões, totalizando uma renda bruta de R$ 7,4 bilhões, com um lucro líquido de R$ 561,7 milhões, empregando mais de 30 mil funcionários.
Comentários