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Meio Ambiente
Quinta - 27 de Julho de 2006 às 07:35

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Cientistas britânicos e americanos acreditam poder modificar geneticamente uma bactéria que afeta o mosquito da malária para impedir os insetos de espalharem a doença.

A possibilidade foi levantada por um estudo de geneticistas da Universidade de Bath, na Inglaterra, e de Chicago, nos Estados Unidos, publicado na revista Genetics.



Eles decifraram a maneira como a bactéria Wolbachia, que atinge 80% de todos os insetos, incluindo mosquitos, altera o esperma de populações de machos, anulando sua capacidade de reproduzir com fêmeas não-infectadas pela bactéria. Esse mecanismo permite que a Wolbachia se perpetue nos insetos por gerações.

A descoberta levou os pesquisadores a imaginar uma versão geneticamente modificada da bactéria, capaz de espalhar genes que evitariam o mosquito de passar adiante o parasita da malária.

A doença mata milhões de pessoas a cada ano, ficando atrás apenas da tuberculose em termos de impacto na saúde mundial.

Pesquisa

Os cientistas estudaram a genética da Wolbachia na mosca Drosophila simulans, uma das espécies usadas como modelos em experimentos genéticos.

Genes ativos em insetos infectados e não infectados foram comparados, até que os pesquisadores conseguiram determinar quais eram modificados como resultado da infecção da Wolbachia.

Eles identificaram que dois genes – zipper e Igl – agem de maneira combinada para evitar que o esperma de moscas infectadas com a bactéria fertilize ovos não-infectados.

Curiosamente, em ovos infectados, a Wolbachia parece ser capaz de reverter as mudanças, pois as células reprodutivas das moscas voltaram a ser férteis.



Os pesquisadores querem agora estudar o mecanismo em outras espécies de insetos.

Descoberta

Um deles, Bem Heath, classificou o estudo como “grande descoberta”.

“Nos últimos anos, tem havido forte interesse em usar a Wolbachia transgênica para modificar populações naturais de insetos como os mosquitos da malária”, disse ele.

Mas Pierre Guillet, do programa de malária da Organização Mundial da Saúde (OMS), recebeu o estudo com cautela.

Ele disse que o mosquito da malária se adapta facilmente às mudanças no seu ambiente, e que não há garantias de que mudanças genéticas tenham impacto em populações sujeitas a outros processos de seleção.

Para Guillet, são necessários mais esforços em relação aos fatores ambientais que influenciam a disseminação da malária.

“(O estudo) é ciência de boa qualidade, mas devo prevenir sobre os riscos de tirar conclusões otimistas rapidamente”, ele comentou.

“O que funciona em um tubo de ensaio ou em um criador de mosquitos é mais complicado em campo.”




Fonte: BBC Brasil

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