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Politica Brasil
Terça - 25 de Julho de 2006 às 17:30

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O mercado financeiro assiste à disparada da senadora Heloísa Helena nas pesquisas eleitorais com um olho no primeiro turno e outro no segundo.

Por enquanto, o discurso ácido e agressivo da ex-petista não incomoda. Mas se seu desempenho na campanha à Presidência indicar que ela vai ao segundo turno, o mercado vai levar a candidata do PSOL a sério.

Para uma parcela do mercado, o aumento na preferência do eleitor por Helena é visto como um fator que pode levar à realização de segundo turno entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB).

"O mercado pode não estar preocupado com ela, mas o Alckmin deve estar", ironizou Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da correta Planner em entrevista à Reuters.

O crescimento das intenções de voto na senadora surgiu na pesquisa Datafolha, divulgada na semana passada. A adesão à sua candidatura subiu de 6 para 10 por cento, enquanto que Alckmin caiu um ponto para 28 por cento e o presidente Lula registrou queda de dois pontos, para 44 por cento.

"É claro que ela é uma surpresa, mas daí a ela se transformar em risco tem uma diferença", disse Alexandre Cancherini, economista do Unibanco, para quem o cenário atual dá vitória a Lula na primeira etapa.

Para o economista, "esse crescimento não deve ser visto como criação de incerteza ou risco político, mas sim como um player que leva ao segundo turno".

O temor está em um patamar mais alto, segundo Carlos Alberto Ribeiro, diretor da Novação Distribuidora. "Depois de 20 por cento vai preocupar, pela ideologia ultrapassada." Para Ribeiro, Helena é a nossa "Evo Morales", referindo-se ao presidente boliviano, de pensamento nacionalista e radical.

A candidata cresceu mais na região Sul, segundo o Datafolha e a maior parte de seus eleitores tem curso superior e renda familiar entre 5 e 10 salários mínimos.

Esses dados levaram o sócio da consultoria Tendências, José Marcio Camargo, professor de economia da PUC-RJ, a criticar parcela dos eleitores da candidata. Como a maioria dos analistas, ele afirma que voto em Helena é de protesto e vem dos mais ricos e das cidades maiores.

"A probabilidade de ela crescer com esse discurso é perto de zero. Os ricos e bem educados estão brincando com o processo eleitoral", disse ele, embarcando em seguida na mesma brincadeira. "Mas se o Alckmin não crescer ela sobe", avisa.

Questionada sobre a possibilidade de incomodar o mercado financeiro, com alta do dólar e queda nas bolsas, Helena respondeu: "Mas aí os produtores vão gostar!"

Em seguida retrucou. "Só se incomoda com a minha candidatura quem não ama o Brasil, quem não é patriota, quem pensa apenas em seus respectivos bolsos e contas bancárias e no futuro brilhante para os seus filhos. Eu penso nos meus filhos, nos filhos da humanidade e da pobreza do Brasil".

A fala ácida da senadora, expulsa do PT em 2003, tem como alvo frequente os agentes financeiros. "Ela é muito spot, estilo que o mercado financeiro não gosta", disse Neves, usando um termo dos operadores que significa à vista, volátil.

Helena chama os bancos e instituições financeiras de "gentalha dos sabotadores do desenvolvimento econômico". Para ela, os últimos 12 anos (governos FHC e Lula) foram de "legitimação da verborragia neoliberal".

Com frequência, avisa aos bancos: "Acabou a boquinha, agora é a vez do povo brasileiro". Sua principal meta na área econômica é cortar os juros pela metade por meio do Conselho Monetário Nacional, onde pretende trocar aqueles "três moleques de recado do mercado financeiro", representados pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do Banco Central.





Fonte: Reuters

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