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Politica Brasil
Segunda - 24 de Julho de 2006 às 09:37

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Um deputado federal de Mato Grosso recebeu um total de R$ 529.235,15 em comissão da empresa Planam, por ter apresentado uma emenda com verbas para a compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares em 22 cidades no Estado. A revelação foi feita pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, principal operador do esquema das sanguessugas em depoimento prestado à Justiça Federal em Mato Grosso. Vedoin passou 9 dias depondo perante o juiz Jefferson Schneider, da 2ª Vara Federal, num acordo para a chamada “delação premiada”.

Segundo o empresário, que deverá ter sua pena reduzida quando for a julgamento, parte dos $ 529 mil pagos ao deputado federal de Mato Grosso teria sido paga na forma de dois carros: uma picape Toyota Hilux e uma caminhonete Fiat Ducato. A filha desse mesmo deputado mato-grossense teria ganho passagens para Nova York, segundo o “Fantástico”, da TV Globo. O nome do deputado federal de Mato Groso beneficiado com o esquema não foi revelado.

Ao todo, 18 políticos de Mato Grosso aparecem na lista dos beneficiários do esquema. Entre os parlamentares, praticamente toda a bancada federal do Estado já foi ao menos mencionada de ter participado do esquema. Pedro Henry (PP), Lino Rossi (PP), Teté Bezerra (PMDB), Ricarte de Freitas (PTB) e Welinton Fagundes (PL) apareceram na primeira lista. Agora surgiu também o nome de Celcita Pinhera (PFL), esposa do senador Jonas Pinheiro, que deverá ser afastado da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito instituída pelo Congresso Nacional para apurar o esquema. Vedoin afirma ainda ter entregue dinheiro ao genro da senadora Serys Slhessanreko (PT) e ao ex-senador Carlos Bezerra (PMDB).

O esquema de negócio com emendas não é novo; já funcionava há algum tempo no Congresso Nacional. O executivo da Planam diz que mais de cem parlamentares receberam - direta ou indiretamente - dinheiro e presentes. Nunca, na história da República, uma investigação apontou o envolvimento de tantos parlamentares num único escândalo de corrupção. O número exato só será conhecido depois que a Justiça Federal e uma comissão parlamentar terminarem de analisar as evidências apresentadas pelo empresário, preso em maio, em Cuiabá.

Das 27 unidades da federação, o esquema só não atuou no Distrito Federal e no Amazonas. Em 25 estados, as empresas do grupo comandaram licitações para venda de ambulâncias e equipamentos hospitalares. No depoimento à Justiça, Luiz Antônio Vedoin afirmou ter agido em 502 dos 5.565 municípios brasileiros: o que corresponde a 9,02% do país.O estado em que o esquema mais atuou foi Mato Grosso: 111 municípios. Na operação que prendeu centenas de pessoas estava o irmão do presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios, José Wagner dos Santos. Agora, esta semana, a revista “Veja” apontou para o nome do próprio presidente da AMM, Aparecido José dos Santos, prefeito de Nova Marilândia.

Vedoin, e o pai, Darci Vedoin, tinham dezenas de empresas que participavam de licitações fraudulentas para vender ambulâncias a municípios e organizações não-governamentais de todo o Brasil. No depoimento ao juiz federal Schneider, Luiz Antônio explicou que a participação de deputados e senadores ligados a quadrilha consistia na apresentação de emenda com o objetivo de destinar verbas extras do orçamento federal a um município ou organização não-governamental para a compra de ambulâncias. Aprovada a emenda pelo Ministério da Saúde, era feita a licitação totalmente fraudulenta. Só participavam empresas ligadas à quadrilha. Se uma empresa legítima se interessasse, segundo o “Fantástico”, a licitação era cancelada.




Fonte: 24HorasNews

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