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Internacional
Quinta - 20 de Julho de 2006 às 08:45

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As equipes de resgate prosseguem hoje os trabalhos de busca a corpos e desaparecidos na Indonésia, enquanto a população acompanha com preocupação as notícias sobre novos terremotos no sul da ilha de Java. Na praia turística de Pangandaran, a mais afetada pelo desastre, dois corpos que estavam sob destroços de um barco de pesca foram encontrados esta manhã. Quase dois terços dos 528 mortos contabilizados até agora foram encontrados nesta praia, cerca de 270 km a sudeste de Jacarta.

Além de escavar a montanha de escombros formada nos 300 metros de terra próximos à praia, as equipes de resgate também rastreiam o litoral com helicópteros e lanchas.

"Os corpos que foram levados pela corrente mar adentro costumam aparecer no litoral depois de três ou quatro dias", disse o chefe da Polícia Marítima de Pangandaran, Buhari.

Buhari disse que foram enviados grupos de salvamento às áreas habitadas mais remotas, como a ilha de Nusa Kambangan, onde há várias prisões de segurança máxima. Dezessete corpos foram encontrados na ilha e dez pessoas continuam desaparecidas, entre elas dois presos.

Pelo terceiro dia consecutivo após o tsunami, os pescadores de Pangandaran retornaram à praia ao amanhecer na esperança de encontrar redes e material de pesca perdidos após o impacto das ondas gigantes.

Vários pontos da praia foram transformados em estaleiros improvisados, onde os pescadores consertam barcos que podem ser reaproveitados. Embora o desejo seja de restabelecimento da normalidade, nem aqueles cujas embarcações sofreram pequenos danos querem retornar ao mar por enquanto.

"Ainda não é seguro. Tudo está destruído. É muito difícil ficar aqui, mas ninguém se atreve a sair", afirmou o indonésio Agus, de 52 anos, acompanhado por outros pescadores que concordavam em voz baixa.

A mais de 1 km da praia, sob uma grande lona multicolorida, mais de cem deslocados assistem, concentrados, a uma pequena televisão.

As imagens do pânico desatado nas localidades litorâneas do oeste de Java devido a outro forte terremoto fazem com que eles se lembrem do medo que sentiram há três dias, quando o mar recuou mais de 500 metros para retornar subitamente como uma parede de água escura.

"Há terremotos em todos os lugares de Java. Pode ocorrer outro tsunami em qualquer lugar. Perdi quatro companheiros de trabalho e outros dois estão no hospital", disse Fitri, 25 anos, garçonete em um dos hotéis atingidos.

"Só sei que quero sair daqui o mais rápido possível, porque cada vez que olhar a praia me lembrarei do que aconteceu", acrescentou a jovem, claramente nervosa. Fitri, assim como muitos, acha que a série de catástrofes ocorrida na Indonésia tem origem sobrenatural.

"São avisos da natureza de que o Governo não é bom para a Indonésia", disse uma indonésia de meia idade que preferiu não se identificar.

Mais de 70% dos indonésios interpretam os desastres naturais recentes de uma maneira "mística, irracional ou espiritual", indica um estudo publicado na quarta-feira pelo Círculo de Enquetes da Indonésia.

Segundo o relatório, esta interpretação prejudicou a imagem do presidente indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, e, em particular, do vice-presidente Jusuf Kalla.

"Ninguém espera o Governo para reconstruir seus barcos, poderíamos esperar eternamente", disse um dos pescadores. "Só queremos que a terra pare de tremer", acrescentou.





Fonte: EFE

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