Pau-de-Balsa ou Girassol?
As dificuldades todos já sabem: aumento dos custos de produção e dos insumos agrícolas; desvalorização do Dólar; ferrugem asiática; gripe aviária; aftosa; dívidas contraídas e não quitadas; dificuldades com a legislação ambiental; falta de crédito e apoio oficial; péssimas condições de infra-estrutura para escoamento dos produtos, entre tantas outras mais específicas de cada atividade ou gestão.
Diante do quadro, várias alternativas já estão sendo praticadas ou planejadas para o futuro do agronegócio em nosso estado. Destaque especial para a suinocultura, rizicultura, para o setor sucroalcooeiro (cana-de-açúcar e álcool), para a produção de biodiesel, reflorestamento e a atividade de ecoturismo ou turismo rural.
Esse artigo tenta dar ao setor, sua modesta contribuição, através de duas novas possibilidades reais de negócios, duas novas culturas: o Girassol e o Pau-de-balsa.
A cultura do girassol em Mato Grosso é recente (praticamente duas safras, de acordo com os números oficiais). Segundo informações da Empaer em 2005 a área plantada foi de 14.210 hectare, com uma produção de 21.397 toneladas e produtividade de 1.506 quilos por hectare plantado.
Além da produção de óleo comestível e biocombustível, o girassol pode ser usado como alimentação animal, como forragem verde, silagem, torta e farelos. Por ter uma produção significativa de néctar, pode-se produzir mel em pequenas propriedades.
Como em qualquer outra cultura, exige-se investimentos em fertilizantes, sementes, herbicidas, inseticidas e óleo diesel para as máquinas. Estimativas da Empaer chegaram a um valor de aproximadamente R$-800,00 de custo por hectare.
As grandes vantagens da produção são relacionadas à otimização da terra e dos equipamentos e a diminuição dos custos fixos da propriedade. O Girassol é plantado na safrinha (a 2ª safra dos agricultores) e todas as máquinas e equipamentos utilizados nas outras culturas, como a soja, por exemplo, podem ser reutilizados.
A pau-de-balsa é uma árvore, que produz uma madeira comercial de excelente qualidade. É muito requisitada no mundo por vários motivos entre os quais é ambientalmente correta e tem um ciclo produtivo acelerado.
É semelhante a teca, usada principalmente para produzir celulose, com a vantagem do tempo para a produção e retorno do investimento. Enquanto a teca demora em média 25 anos para ficar apta à produção de papel, a pau-de-balsa em apenas 3 anos pode ser cortada para esse fim.
No primeiro ano a planta cresce até um metro por mês. Em 25 meses chega a 16 metros de comprimento e em um hectare é possível plantar mil árvores. Em 3 anos o produtor terá 1 mil metros cúbicos de madeira por hectare, segundo a Empaer. A madeira (como o próprio nome diz), também é utilizada para a fabricação de jangadas, balsas e embarcações, com uma durabilidade média de 30 anos. Se cortada já no primeiro ano, pode ser utilizada na fabricação de avião aeromodelo, colete salva-vida, artesanato entre outras atividades.
Como afirmei no início deste artigo, são minhas modestas sugestões para o desenvolvimento de um novo ¨agronegócio¨ em Mato Grosso.
João Carlos M. Caldeira. Empresário, jornalista e professor universitário. E-mail: joaocmc@terra.com.br 7/7/2006
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