Venezuela entra hoje para o Mercosul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus três colegas do Cone Sul assinarão, no final da tarde, o protocolo de adesão que estabelece prazo de até quatro anos para que a Venezuela se adapte às principais regras aduaneiras do Mercosul, como a adoção da TEC (Tarifa Externa Comum), e todo o acervo normativo do bloco.
A reunião extraordinária em Caracas é uma resposta política do bloco ao esforço venezuelano de se incorporar o mais rápido possível ao Mercosul, o que é criticado pelo setor empresarial que se opõe ao governo de Hugo Chávez (leia texto nesta página).
A rigor, a assinatura do documento poderia ocorrer no dia 22, durante a reunião de cúpula semestral de presidentes do Mercosul, que acontecerá na cidade argentina de Córdoba.
Para o encontro em Caracas, também foi convidado o presidente da Bolívia, Evo Morales, que já anunciou que pretende se reunir com Lula para discutir o reajuste do preço do gás vendido ao Brasil.
Pelo protocolo de adesão da Venezuela, acordado entre os chanceleres do bloco em 16 de junho em Buenos Aires, em 2010 o Brasil e a Argentina deixam de cobrar tarifas de importação a produtos venezuelanos, à exceção de uma lista de mercadorias sensíveis. Em 2012, exportações brasileiras e argentinas, também exceto produtos sensíveis, entram com tarifa zero na Venezuela. Paraguai e Uruguai terão facilidades: as tarifas serão zeradas a partir já da assinatura.
Potencial comprador
Apesar das turbulências que um líder polêmico como Chávez pode trazer às negociações do Mercosul, principalmente com os EUA --a partir de agora a Venezuela integrará a negociação com terceiros--, tanto o governo argentino como o brasileiro lembram que nem o comércio da própria Venezuela com os americanos é afetado pela retórica de seu presidente. Ressaltam também o potencial energético que incorporam ao bloco e também o potencial comprador do novo membro, rico em petrodólares.
Tanto as exportações brasileiras como as da Argentina à Venezuela cresceram entre 2004 e 2005: 51,3% no caso do Brasil e 17,9% no caso da Argentina.
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