Sigilo sobre sanguessugas é difícil, diz presidente de CPI
"A documentação está sendo transferida do Supremo para a comissão sob sigilo. Após recebê-la, vou comunicar à comissão e sugerir que possamos fazer as notificações", disse Biscaia ontem. "A partir de então, será muito difícil manter em sigilo os nomes", completou.
Titular da CPI dos Sanguessugas, a deputada Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) disse concordar com Biscaia: "O presidente tem razão em preservar o sigilo, mas isso [a revelação dos nomes] é questão de dias. Afinal de contas, o foco da CPI são os parlamentares. Temos de prestar contas à sociedade".
Na sexta-feira, o ministro Gilmar Mendes, do STF, atendeu ao pedido da CPI e liberou o acesso à documentação relacionada à quadrilha dos sanguessugas. O material incluiu os 15 inquéritos abertos a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, contra parlamentares. Ele já solicitou a abertura de mais 42 inquéritos, totalizando 57 parlamentares investigados.
A documentação já poderia ter sido enviada na sexta à CPI, mas o deputado Biscaia preferiu que isso só ocorresse quando ele estivesse em Brasília. "Estou tomando todos os cuidados. Quando o material chegar, vou colocar tudo dentro de um cofre", declarou ele.
A proposta de notificação dos deputados será feita na reunião de amanhã. Também foram marcados os primeiros depoimentos da CPI. Serão do delegado da Polícia Federal Tardelli Boaventura e do procurador da República no Mato Grosso Mário Lúcio Avelar. Os dois são responsáveis pelas investigações que desvendaram a quadrilha dos sanguessugas.
Por meio de escutas telefônicas, foi descoberto o esquema em que parlamentares apresentavam emendas ao Orçamento para compras irregulares de ambulâncias por prefeituras. As licitações eram fraudadas para que as empresas controladas pela família Trevisan-Vedoin saíssem vitoriosas.
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