PFL e PSDB definem regras de convivência para diminuir conflitos
Cada caso será estudado separadamente. As agendas de viagens terão de compatibilizar interesses, para evitar constrangimentos.
Alckmin pode evitar visitas onde o conflito entre os parceiros for muito acirrado.
A situação considerada mais prejudicial à campanha nacional é a do Rio (3º maior colégio eleitoral), onde a candidatura do deputado federal Eduardo Paes (PSDB) a governador é fraca - ficou em 4º no Datafolha de maio, com cerca de 4% - e é encarada no PFL como confronto ao prefeito César Maia, liderança expressiva no partido e aliado estratégico de Alckmin no estado.
Na cúpula tucana, alguns esperam a desistência de Paes, caso seu desempenho não melhore. Maia apóia a candidata do PPS, a ex-juíza Denise Frossard, deputada federal mais votada no estado em 2002 (385 mil votos contra 187 mil de Paes).
Na disputa estadual, a deputada apareceu em terceiro lugar no Datafolha. Na eleição nacional, o PPS de Denise Frossard apóia Alckmin mesmo sem aliança formal.
Mas a candidatura de Paes torna a relação com PPS e PFL conflituosa no estado, respingando na campanha nacional.
A coordenação da campanha tucana observa que, exceto o Rio, Alckmin conta com apoios fortes nos locais de maior densidade eleitoral.
Em São Paulo (1º colégio eleitoral), PSDB e PFL estão coligados na chapa do ex-prefeito José Serra (PSDB), favorito na disputa.
Em Minas Gerais (2º colégio eleitoral), os dois partidos apóiam o governador Aécio Neves (PSDB), que tem mais de 70% nas pesquisas.
Para acabar com eventuais dúvidas sobre o engajamento de Aécio na campanha de Alckmin, os dois cumprirão juntos agenda de viagens durante três ou quatro dias, em julho, por cidades consideradas " propagadoras " de mídia.
São Paulo e Minas são exemplos do pragmatismo eleitoral do PFL: onde o partido não tem candidatos eleitoralmente viáveis, a tática é apoiar um aliado com mais chances de vitória.
" Nós apoiamos o PSDB onde os tucanos são mais fortes do que nós porque somos profissionais, e não por sermos bonzinhos.
Pegando carona em candidaturas fortes, temos chance de eleger uma bancada parlamentar maior " , definiu um dirigente pefelista.
Para o PFL, a resistência do PSDB em apoiar candidatos pefelistas favoritos mostra que a eleição presidencial não é prioridade para alguns tucanos.
Um exemplo é a Bahia (4º colégio eleitoral), onde o PSDB não apóia a reeleição do governador Paulo Souto (PFL), embora não tenha candidato ao governo.
O mapa dos palanques estaduais está sendo feito pela senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), por designação do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
" Fizemos o máximo para eliminar os conflitos, até o ponto em que podemos interferir.
Em alguns locais, ainda estamos buscando acertos.
Onde não for possível, vamos buscar regras de convivência que não dificultem o 2º turno " , disse a senadora.
Todo estado a ser visitado por Alckmin deve receber, antes, representantes da campanha nacional, que combinarão procedimentos com as lideranças locais.
No caso da Bahia, o acordo já foi feito: Alckmin apóia a reeleição de Souto e mantém neutralidade na eleição para o Senado.
Para tentar reduzir a desvantagem que tem no Nordeste em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano conta com palanques fortes em Pernambuco (6º colégio eleitoral) e no Ceará (7º colégio eleitoral).
Os três estados (BA, PE e CE), juntos, têm 70% do eleitorado nordestino.
Há, entretanto, dúvidas quanto à capacidade de transferência de voto das lideranças estaduais.
. Em Pernambuco, Alckmin tem apoio do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), candidato favorito a senador na chapa encabeçada pelo governador Mendonça Filho (PFL), também integrada pelo PSDB.
Seu candidato a vice, o senador José Jorge (PFL) é pernambucano, assim como o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra.
No Ceará, Alckmin terá de driblar as divergências entre Tasso e o governador Lúcio Alcântara (PSDB), que disputa a reeleição.
PSDB e PFL estão juntos em 14 estados, dos quais em nove o candidato a governador é do PSDB (RS, SP, MG, CE, AP, RR, AC, PB e PA) e em dois, do PFL (PE e SE).
Nos outros três, os dois estão aliados, apoiando candidatos do PMDB (SC, ES e MS).
Em 13 estados, os parceiros nacionais estão em palanques diferentes na eleição local.
Em três deles (MA, AM e DF) os dois partidos têm candidatos próprios a governador e, portanto, concorrem entre si em três.
Em outros três (PR, RN e RO), os dois apóiam candidatos diferentes e de outros partidos.
No restante (sete), a situação é a seguinte: só o PSDB tem candidato a governador em cinco (RJ, AL, TO, MT e PI) e só o PFL tem em dois (BA e GO).
O quadro de candidaturas definidas mostra uma clara desvantagem numérica do PFL em relação ao PSDB .
Enquanto o PSDB tem 17 candidatos a governador, o PFL tem apenas sete.
Segundo os pefelistas, essa é uma estratégia eleitoral: " pegar carona " em candidaturas fortes para eleger maior bancada parlamentar.
Comentários