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Nacional
Quinta - 29 de Junho de 2006 às 11:46

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A escolha do padrão tecnológico japonês, oficializado por decreto do presidente Lula, a ser divulgado hoje, encerra uma discussão que já dura mais de dez anos. Europeus e norte-americanos, que concorreram com os japoneses, reclamam de que o governo rendeu-se ao interesse dos radiodifusores, defensores do padrão japonês.

O ministro das Comunicações japonês, Heizo Takenaka, veio ao Brasil assinar o acordo de cooperação entre os dois países. O decreto de Lula prevê sete anos para implantação do sistema digital em todo o país e dez anos para concluir a migração do sistema atual, analógico, para o digital.

O ministro das Comunicações, Hélio Costa, diz que a implantação dos sistemas de transmissão e de retransmissão exigirá investimentos da ordem de R$ 10 bilhões. Os japoneses ofereceram financiamento às emissoras de televisão.

A assinatura do acordo se dá sob críticas dos representantes dos dois sistemas concorrentes: o europeu (conhecido pela sigla DVB) e o norte-americano, chamado ATSC. O representante do ATSC no Brasil, Sávio Pinheiro, diz que o governo fechou com os japoneses sem obter as contrapartidas de investimentos que tinha anunciado como prioridade.

O governo queria condicionar a escolha do sistema digital a um compromisso dos fornecedores de instalação de uma fábrica de semicondutores no país. "Fizeram um cavalo de batalha em torno da implantação da fábrica de semicondutores no Brasil, e depois deixaram de falar no assunto", diz Pinheiro.

Para os fabricantes europeus, o Brasil optou pelo sistema mais caro, uma vez que o padrão japonês só é adotado no Japão, enquanto o norte-americano foi adotado nos Estados Unidos, no Canadá, no México e na Coréia do Sul, e o europeu, em 99 países. O custo dos produtos, afirmam, será influenciado pela escala de produção.

Compromissos

Os europeus também alegam que fizeram proposta mais concreta de implantação de uma fábrica de semicondutores do que os japoneses e que foram os únicos a se comprometer com a criação de empregos (23 mil) e com o compromisso de exportação (US$ 26 bilhões) num horizonte de dez anos.

Já o representante do ATSC diz que a escolha da tecnologia abriria para o Brasil a oportunidade de exportar televisores digitais para os EUA, que compram 30 milhões de televisores por ano e não fabricam internamente o produto.

Costa rebateu tanto as críticas dos europeus como as dos norte-americanos. Disse que nada garante que o Brasil exportaria televisores digitais para os Estados Unidos.

"Até produzirmos os televisores de plasma em escala para exportação, a China terá ocupado todo o mercado. Dificilmente poderemos produzir mais barato do que os chineses, e os Estados Unidos compram onde for mais barato."





Fonte: Folha Online

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