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Politica Brasil
Quarta - 28 de Junho de 2006 às 09:04
Por: Adriana Vandoni

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Rui Barbosa disse em 1917 durante um discurso que a “a política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, apura, eleva o merecimento. Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem.”. Na política existem, portanto, dois caminhos a serem trilhados, o da política e o da politicagem.

Quando se entra no jogo da politicagem, o caminho mais natural é se orientar pelas pesquisas de opinião e pelos interesses privados. Mas essa postura fragiliza a imagem deste ser político, e expõem o seu caráter. É ruim para ele e é devastador para os seus representados, e àqueles que acreditavam ter nele um representante dos seus ideais.

Blairo chegou ao poder com a promessa de romper com as antigas e persistentes práticas clientelistas. Dizia de peito estufado que iria quebrar paradigmas. Confesso que acreditei, mas logo suspeitei que seu vôo era de pato e as suas últimas atitudes escancararam minhas suspeitas. O que ele fez? Confundiu tudo. Ele reforçou e se aliou às mais retrógradas práticas politiqueiras que enaltecem a troca de favores políticos. No lugar de acabar com os feudos nocivos, se beneficiou deles e engordou os bolsões nefastos de alguns politiqueiros instalados na Assembléia de MT.

Confuso, Blairo imaginou que quebrar paradigmas seria fazer pouco da noção de ética da sociedade.

Fez pouco da classe política, não por idealismo, já que enaltecia e apoiava os que estavam sub judicis. Respeitou o PP do mensalão, e enquanto não era interessante, desprezou o PFL, não só estadual, mas toda a executiva nacional que despencou em Cuiabá para uma hipotética filiação sua, que acabou não acontecendo. Esse seu ato foi classificado por Jorge Bornhausen, presidente nacional do partido de Jaime Campos e Jonas Pinheiro, como “molecagem”. Como desculpa para não se filiar ao PFL, ele hábil e benevolente da forma como um dono de uma trading trata seus clientes, chamou seus correligionários de incapazes numa das suas mais brilhantes frases: “não vou sair do PPS para não deixá-lo acéfalo”.

Passou o ano de 2005 inteiro acariciando e chutando Jaime Campos. Dizia até apoiá-lo ao senado, mas seu preferido sempre foi Henry, mesmo este estando sub judicis. Pra quê isso? Confundir a opinião pública ou tentar se dar bem com os dois. A sorte lhe sorriu e o destino retirou Henry do páreo.

Em maio do ano passado tentava compor uma chapa tendo Alexandre Cesar como vice, tentando intrigá-lo com a senadora Serys que, segundo ele mesmo, ajudou a eleger. Abandonou a hipótese ao ver seu então vice, envolvido em recursos não contabilizados durante sua campanha a prefeitura de Cuiabá. Candidatura apoiada por Blairo, apesar de se dizer amigo pessoal de Wilson Santos.

Descartada a hipótese de uma composição com o PT, apoiou Germano Rigotto à presidência, afinal, Lula estava em baixa na época e Rigotto era “seu primo desde criancinha”. Apesar disso, não titubeou em subir no palco com Geraldo Alckmin e lhe declarar apoio, nessa época enquanto o seu partido ainda tinha Roberto Freire como candidato a presidente. Em um discurso embalado, disse ser Geraldo o melhor para o Brasil. Quando Freire retirou sua candidatura à presidência, e indicou apoio a Alckmin, Blairo, enfim livre, teve um encontro com Lula, na época já melhor posicionado nas pesquisas, encontro arranjado pelo seu neo-companheiro Ministro do Turismo Valfrido Mares Guia. Soube que seus olhinhos brilharam. Tentavam articular uma composição tendo ninguém menos que Abicalil para o senado, mais uma vez desprezando a senadora Serys eleita, segundo ele, com sua ajuda financeira.

Chegou a Cuiabá dizendo que ia se manter imparcial. Sei! Blairo tentou de todas as maneiras neutralizar Roberto França e colocar de escanteio Iracy França, sua atual vice. Não deu conta e lançou no estado uma inédita campanha a vice, mas já declarou diversas vezes sua preferência pelo seu imediato Pagot.

É confuso. Mais que confuso! Põe confuso nisso. É sinistro! Teve uma postura imparcial? Isso é a política típica dos que se acham coronéis ou deuses, mas não é possível acreditar em quem se imagina líder, mas não decide ou declara a sua opinião.

A população de Mato Grosso não é tonta e sabe muito bem que um verdadeiro líder adota uma postura mais firme. Blairo, escute meu conselho, assuma de vez que Lula é o seu candidato, ou mudará novamente seu apoio em função das pesquisas que estão vindo por aí?

Mas Mato Grosso, apesar de você, com a crise causada aqui por Lula, é Geraldo Alckmin, e Geraldo já tem palanque em Mato Grosso.

“Política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais”, já dizia Rui Barbosa.





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