Orquestra do Estado homenageia o rasqueado em Temporada 2006
Rasqueado – Ao longo de 2006, a Orquestra prestará homenagens a diversos compositores mato-grossenses que se dedicaram ao gênero rasqueado. O primeiro homenageado, José Agnello Ribeiro, nasceu em Cuiabá em 13 de janeiro de 1881. Começou a estudar música aos 7 anos de idade no Arsenal de Guerra (atual Sesc Arsenal). Tornou-se multi-instrumentista, dominando o saxofone, o clarinete e o piano. No entanto, compôs a maior de sua obra para clarinete.
Aos 17 anos, José Agnello regeu a banda do 8ª Batalhão de Infantaria num programa que incluía trechos da ópera “O Guarani”, do compositor paulista Carlos Gomes, numa apresentação especial para o Doutor Joaquim Murtinho, governador do Estado na época, realizada no jardim em frente ao Palácio. Em 1913 foi nomeado ‘Mestre de Música’ da Banda Municipal de Cuiabá pelo Coronel Escolástico Virgínio. Nos anos vinte, foi músico do cinema mudo em Cuiabá no Cine Parisien, onde tocou várias obras da época junto a outros músicos cuiabanos de destaque como Zulmira Canavarros, Honório Sigmarino, Antonio dos Santos e Juvelino de Freitas.
Em 1926, Mestre Agnello organizou sua primeira orquestra chamada Mé Coado, “Mé de sopro instrumental bom” como ele dizia, compondo a marcha homônima para caracterizar a orquestra. O grupo estreou em um grande baile no Palácio da Instrução. Suas composições mais conhecidas são: Na festa de Maria Murtinho (rasqueado), Lambari na cuia (rasqueado), No alto da Chapada (rasqueado), Haydeá (samba – choro), A boneca do quilombo (maxixe), Na ponte alta (rasqueado), Amor de marinheiro (rasqueado), Minha filha Sinhá (rasqueado), Lá na bica da Prainha (rasqueado), Na lavagem de São João (rasqueado), Mé Coado (marcha), Espalha brasa (rasqueado), Mulher de chapéu (rasqueado), Compadre Mané (rasqueado). A música Quilombinho é o rasqueado mais conhecido de José Agnello. Continua sendo executado até os dias de hoje pelas bandas marciais e populares da capital e interior. Foi gravado no final dos anos 50 pelo Conjunto Serenata. Essa composição é uma homenagem ao bairro Quilombo, onde morou em Cuiabá nos últimos anos de sua vida.
Destaque nacional – Desde sua criação em 2005, a Orquestra vem fazendo grande sucesso. Foram abertas novas vagas para músicos em 2006 e a agenda foi ampliada para mais de 80 concertos em todo o Estado. Músicos vieram de vários países europeus e dos Estados Unidos, além de outros Estados brasileiros, para integrar o grupo. O nível alcançado trouxe o convite para a participação no maior festival de música barroca do mundo, o Festival ‘Misiones de Chiquitos’, que acontece uma vez a cada dois anos na Bolívia.
A Orquestra foi ovacionada pelo público e garantiu ótimas criticas na imprensa local. O destaque e a rápida projeção que a Orquestra de Câmara do Estado de Mato Grosso vem alcançando pôde ser comprovado na mais recente edição do “Anuário VivaMúsica! 2006”, a mais importante publicação sobre o mundo da música clássica no Brasil, com mais de 1.700 instituições cadastradas e aproximadamente 30 mil leitores de várias partes do mundo que utilizam o guia como fonte de consulta.
Pela primeira vez na história do Anuário, o Estado de Mato Grosso ganha destaque especial em dois segmentos: primeiro através da Orquestra de Câmara do Estado de Mato Grosso, que mostra sua “cara” lançando a longa de Temporada 2006 e insere Cuiabá nas 16 cidades brasileiras por terem uma orquestra em funcionamento regular, e em segundo o projeto social “Projeto Ciranda – Música e Cidadania” que destacou-se como um dos mais importantes e bem sucedidos projetos na área social que utiliza a música como ferramenta de cidadania, em texto escrito pela respeitada jornalista Adriana Pavlova.
Estréias – Os concertos de junho da Orquestra de Câmara também chamam a atenção pela estréia de duas peças escritas pelos próprios integrantes do grupo especialmente para a ocasião. A primeira delas é “Dance of the Americas” escrita pelo contrabaixista norte-americano Mark Bergman; e a segunda, é a “Fantasia Ameríndia”, composta pelo Maestro Leandro Carvalho a partir de temas indígenas de diversas etnias. O programa ainda inclui uma das mais belas peças do repertório camerístico, a “Serenata para cordas” do compositor Tcheco Josef Suk. Para erguer todo este monumento musical, a Orquestra ensaia diariamente. Todos os músicos integrantes do grupo são profissionais graduados, com exceção de dois aprendizes que fazem uma espécie de ‘estágio’ no grupo.
A Orquestra segue seu propósito de levar música de qualidade para a população mato-grossense através de várias séries de concertos, como os didáticos, feitos nas escolas da grande Cuiabá, e o de formação de novas platéias, quando a Orquestra viaja pelo interior do Estado. Este ano já foram apresentados concertos em Alta Floresta e Rondonópolis.
A Orquestra de Câmara é uma iniciativa do Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, e tem como apoiadora a Lei Federal de Incentivo à Cultura, e as empresas EPE Pantanal Energia, Bimetal, Nortox, Localiza, Churrascaria Fornari, Hotel Mato Grosso Palace e do Sesc Mato Grosso.
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