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Cultura
Domingo - 25 de Junho de 2006 às 13:47

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O cinema latino-americano continua ganhando força na Austrália, como mostra o grande número de filmes em português e espanhol exibidos nesses dias no Festival de Cinema de Sydney.

"Enquanto no ano passado nos centramos no cinema argentino, este ano trouxemos filmes do Brasil, Venezuela, Chile, México e Espanha", disse hoje à Efe Lynden Barber, diretor artístico do festival.

O brasileiro "Meninas", no qual Sandra Werneck acompanha a vida de quatro adolescentes grávidas em quatro favelas do Rio de Janeiro durante um ano, teve grande repercussão entre o público na Austrália.

"Entrevistamos 110 pessoas para fazer o documentário e acabamos filmando estas quatro meninas, mas vimos que suas vidas eram muito parecidas, extremamente vazias, e para que fossem interessantes para o público tivemos que nos aproximar muito delas e dar uma visão muito íntima", disse Gisele Câmara, assistente de direção de "Meninas".

A intimidade exibida em "Meninas" provavelmente foi o que atraiu o público do festival, que lotou a sala nas duas projeções do documentário. v Além de "Meninas", o filme "Casa de Areia", de Andrucha Waddington, que este ano foi premiado no Festival de Cinema de Sundance, em Los Angeles, também teve espaço considerável no festival australiano.

O Brasil também esteve presente nas telas de Sidney em produções estrangeiras como "Favela Rising" - sobre o AfroReggae carioca -, dos americanos Jeff Zimbalist e Matt Mochary, que no ano passado levantou o público das cadeiras no festival Tribeca de Nova York.

"O Milagre do Candeal" (El Milagro de Candeal), do espanhol Fernando Trueba, que retrata o projeto social da favela do Candeal, em Salvador, coordenado pelo músico Carlinhos Brown, também foi escolhido pelos organizadores do festival.

"O Brasil e a música brasileira atrai muito os australianos, tanto que na última hora resolvemos incluir mais uma produção que fará sua estréia mundial", disse o diretor artístico do festival.

Trata-se do documentário australiano "Bossa Nova - The Sound that Seduced the World", dirigido por Greg Appel, e que acaba de ser editado esta semana para a exibição no festival, que acaba no próximo domingo após 14 dias de projeções.

Barber acrescentou que o aumento da oferta em Sydney diz respeito ao interesse das produções latino-americanas e à influência que cada um desses países exerce nas filmografias vizinhas.

"Os cineastas chilenos, por exemplo, estão sendo inspirados pelos argentinos", disse Barber, afirmação confirmada à Efe pela chilena Alicia Scherson, diretora de "Play".

Scherson, uma das convidadas do festival, afirmou que depois de assistir várias mostras internacionais pôde comprovar o interesse do público por filmes como "En la Cama", o segundo longa-metragem do diretor chileno Matías Bize, ou "Aura", do argentino Fabián Bielinsky.

"A reação do público aos filmes latinos foi muito boa", disse Barber, que fez uma menção especial ao polêmico filme venezuelano "Secuestro Express", de Jonathan Jakubowics.

"Teve muito sucesso, fazia tempo que não víamos um trabalho venezuelano", disse Barber sobre o filme que vai fundo na problemática da pobreza.

A polêmica veio, no entanto, com a exibição hoje da produção mexicana "Batalla en el Cielo", uma co-produção com França, Alemanha e Bélgica dirigida por Carlos Reygadas.

"É um filme muito duro e algumas pessoas gostaram muito, enquanto outras detestaram. Mas esse é o objetivo de um festival, controvérsia e debate", disse Barber.





Fonte: 24Horas News

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