Vereador suspeita que empresa de secretário de Murilo age como banco
“Já ouvi falar, nunca vi pessoalmente. Mas o comentário geral na cidade é que faz (empréstimos). É por isso que quero ver os documentos. Se a empresa estiver negociando empréstimos vamos ver se isso é legal até com o Banco Central”, disse o vereador Charles Caetano.
O parlamentar prometera na sessão da semana passada que iria propor uma CPI para investigar as supostas irregularidades no convênio firmado entre a prefeitura e a empresa de Garcez Pizza, um dos principais nomes do secretariado do prefeito da cidade, Murilo Domingos, do PPS.
No entanto, na sessão de ontem à noite, Charles Caetano disse que antes de propor a CPI quer analisar os documentos que contam o histórico do contrato envolvendo a Intercompras e a prefeitura de Várzea Grande.
Durante a sessão apenas dois dos 13 vereadores de Várzea Grande fizeram comentários sobre a Intercompras.
O vereador Ismael Alves, sem partido, defendeu a prefeitura e a empresa do secretário Garcez Pizza. Ele disse que vai juntar os documentos e entregá-los às comissões da Câmara. “Vamos mostrar que o convênio não tem caráter administrativo”.
Já o vereador Charles Caetano, disse que aguarda os papéis para depois se manifestar. “Temos duas situações que podemos seguir: pedir para que o caso seja apurado pela Comissão de Fiscalização e Controle ou, então, se enxergarmos irregularidades, propor a CPI. Por ora, não tenho documentos e nem provas”, disse o parlamentar.
O vereador Ismael Alves disse que “não sabe” se a empresa do secretário Garcez Pizza empresta dinheiro aos funcionários municipais.
Garcez Pizza estava ontem na sessão, mas não quis conversar com a imprensa. “Não há nada de ilegal, mas gostaria de não fazer comentários antes de assistir a sessão”, foi o que disse.
O caso
O secretário Garcez, além de dono da Audic, Assessoria Contábil (Intercompras é o nome fantasia da empresa) é sócio de um empresário que aluga o prédio onde funciona uma das secretarias do município. O vereador Ismael disse que o imóvel é alugado desde 1997, período em que Pizza não integrava o secretariado de Murilo. Garcez Pizza é filiado ao PTB e era secretário de Finanças de Várzea Grande no início da década de 90. Ele é irmão de Juarez Toledo Pizza, que comandou por oito anos a secretaria de Fazenda de Várzea Grande no período em que o município era administrado por Jaime Campos.
A Intercompras presta serviço à prefeitura da seguinte forma: ela disponibiliza um cartão magnético e, com isso, os servidores obtêm créditos no comércio local. A movimentação financeira acerca dos cartões é descontada na folha de pagamento.
Há indícios ainda não confirmados de que a Intercompras empresta dinheiro aos servidores. A empresa de Garcez Pizza estaria cobrando 15% de juro ao mês pelos empréstimos cedidos aos servidores. Negócio garantido à empresa, já que o pagamento das parcelas seria descontado direto na folha dos servidores.
O prédio ocupado pelas secretarias de Meio Ambiente e Esportes é alugado por R$ 4.250 mil. O dono do imóvel se chama Joair Pinho de Souza. Detalhe: Joair é também dono da Audic, empresa que tem como sócio o secretário de Governo da prefeitura de Várzea Grande, Garcez Toledo Pizza.
Outra situação curiosa acerca da empresa de Garcez: documentos da Junta Comercial de Mato Grosso (Jucemat) indicam que ela deveria estar funcionando no setor I, quadra 15, casa 12, no bairro Tijucal, em Cuiabá.
Ocorre que o escritório da Intercompras funciona é na rua E, quadra 7, casa 11, na Vila Sadia, em Várzea Grande, uns 15 quilômetros de distância do bairro Tijucal.
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