O governo brasileiro deu aval na sexta-feira (1º) para iniciar a caça de javalis-europeus e de seu híbrido com o porco doméstico, popularmente chamado de javaporco, considerados animais exóticos que ameaçam a biodiversidade do país.
De acordo com instrução normativa publicada no “Diário Oficial da União” pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), a decisão pelo abate para reduzir a população de javalis ocorreu após registro de ataques a humanos, a animais silvestres e domésticos, e danos a plantações e florestas.
Segundo Maria Izabel Gomes, bióloga coordenadora de fauna silvestre do Ibama, a nocividade do javali foi declarada após a elaboração de estudos, os quais comprovaram que o animal da mesma família do porco não tem predador natural e está se proliferando rapidamente por diversas regiões do país, principalmente no Sul e na Amazônia.
Não há uma estimativa sobre a população desta espécie em todo país. No entanto, há cerca de 300 mil exemplares distribuídos entre o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Há ainda registros na Bahia, Acre, Rondônia (os dois últimos são estados amazônicos), Rio de Janeiro e São Paulo.
“É um animal agressivo, territorialista, que ataca ovos de espécies como jacarés e tartarugas, além de cruzar com porcos domésticos (...). Não há casos de mortes humanas provocadas por javalis, mas é possível acontecer”, explica a bióloga.
Exemplar de javali-europeu, animal invasor que ameaça a biodiversidade brasileira (Foto: Divulgação/Ibama)
Invasão
Os primeiros registros de introdução do javali-europeu para o Brasil são de 1904. Indivíduos trazidos da Europa para a Argentina e partes do Uruguai escaparam de seus criadouros e invadiram o território brasileiro pela fronteira. Em 1996 e 1997 foram realizadas importações de javalis puros originários da Europa e do Canadá para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
No entanto, segundo o Ibama, o escape de animais e a criação em ambiente selvagem fez do javali uma praga, que pode transmitir doenças para animais nativos.
Abate controlado
Maria Izabel explica que o abate poderá ser feito com o uso de arma de fogo ou com ajuda de armadilhas.
Poderão capturar javalis apenas pessoas que tiverem inscrição junto ao órgão, já que receberão um documento que deverá ser apresentado toda vez que haver o questionamento da fiscalização. O uso de arma de fogo só poderá ser feito por quem receber autorização do Exército Brasileiro.
O transporte de javalis capturados vivos não será permitido e a comercialização ou a doação desses produtos é proibida pela legislação sanitária e ambiental brasileira.
Segundo a técnica do Ibama, o caçador deve se atentar para não confudir o javali com outros animais nativos que são parecidos, como as queixadas e os catetos (ou catitus), também chamados de porcos-do-mato. O javali-europeu tem presas grandes, pode medir cerca de 1,3 metro e pesar entre 80 kg e 250 kg.
À esquerda, um exemplar de queixada; no meio, um javali-europeu; e à direita, um cateto. Caçadores não podem confundir espécies (Foto: Divulgação/Ibama)
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