PDT lança Cristovam para deter "tentação autoritária" de Lula
"O meu medo é que ele queira um terceiro mandato [através de uma] reforma da Constituição, como fez [Hugo] Chávez, como fez [Alberto] Fujimori. Eu temo que se Lula for eleito, sobretudo no primeiro turno, com a força de 60 milhões de votos e sem maioria no Congresso, ele tenda a governar diretamente com o povo, tirando a intermediação do Congresso", afirmou o senador.
Ao dizer que a "tentação autoritária" de Lula é grande, ele foi questionado se notou essa "tentação" quando foi ministro: "Não, mas nos meses posteriores nós notamos". Cristovam citou como exemplos as tentativas de criar o Conselho Federal de Jornalismo e de expulsar do país o correspondente do New York Times.
O PDT não lança um candidato próprio à Presidência desde 1994, quando Leonel Brizola obteve apenas 3,2% dos votos. Em 1998, Brizola foi vice na chapa de Lula (PT) e, em 2002, apoiou a candidatura de Ciro Gomes --então no PPS.
Do PT ao PDT
Engenheiro mecânico com doutorado em economia na França, Cristovam foi professor e depois reitor da UnB (Universidade de Brasília).
Filiou-se ao PT em 1990 e elegeu-se governador do Distrito Federal em 1994. Não obteve a reeleição em 1998. Em 2002, foi eleito senador pelo PT. Ocupou o Ministério da Educação de janeiro de 2003 a janeiro de 2004. Entrou no PDT em setembro de 2005.
Divivido, o PDT decidiu pela candidatura própria contra a vontade de 10 líderes partidários estaduais numa convenção realizada no centro do Rio. Sem uma liderança forte desde a morte de Leonel Brizola, em 2004, seus militantes só não racharam no culto à memória de seu fundador. Desde o crachá --com a inscrição "Brizola Vive"-- aos discursos durante a votação, tudo lembrava o líder.
Em três momentos, convencionais por pouco não trocaram socos e pontapés. Pouco antes do fim da votação --que homologou Cristovam por 236 votos a 97, com 68 ausências--, os principais líderes da ala contra a candidatura própria, preocupada com a cláusula de barreira, lamentarram a derrota. "Não sei qual vai ser o destino do partido. Acho que foi uma insanidade o que foi feito aqui", disse o presidente do PDT-RS, Matheus Schmidt. "Foi uma decisão que não ajuda o partido, considerando a verticalização e a cláusula de barreira. Colocaram em risco a sobrevivência do partido", disse Jackson Lago, vice-presidente do PDT.
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