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Meio Ambiente
Segunda - 19 de Junho de 2006 às 15:49

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Médicos britânicos vão pedir a um comitê hospitalar esta semana autorização para realizar o primeiro transplante total de rosto no mundo. A cirurgia deve desencadear um debate ético intenso.

Cirurgiões do Royal Free Hospital, em Londres, estão preparados para realizar a complicada cirurgia, mas ainda não encontraram um paciente apropriado. "Já examinamos cerca de 30 pessoas com danos graves no rosto, mas nenhuma delas está no programa de avaliação final", disse, na segunda-feira, um porta-voz da equipe de pesquisas. "Ainda falta avaliar muitas outras pessoas".

Duas pessoas, uma na China e outra na França, já foram submetidas a cirurgias de transplante facial parcial, mas um transplante facial completo ainda não foi feito no mundo.

Em novembro passado, a francesa Isabelle Dinoire recebeu nariz, lábios e queixo novos, depois de ser atacada por seu cão. E em abril, um chinês atacado por um urso teve dois terços de seu rosto substituídos em cirurgia que durou 14 horas.

As cirurgias provocaram discussões sobre o impacto sofrido por um paciente que recebe o rosto de uma pessoa que já morreu. O comitê do hospital vai se reunir na quarta-feira para estudar as questões psicológicas e éticas envolvidas para a família do doador e para o potencial paciente a receber o novo rosto.

A equipe britânica, chefiada pelo cirurgião Peter Butler, diz que a operação dará uma chance de vida nova a pacientes desfigurados por acidentes, queimaduras ou doenças.

Impacto psicológico Críticos dizem que os pacientes teriam dificuldade em conviver com a imensa pressão psicológica de lidar com sua nova identidade sob a atenção da mídia mundial. De acordo com um estudo da Real Faculdade de Cirurgiões da Inglaterra, publicado em 2003, os pacientes poderiam sofrer muito com sua nova aparência e temer que seu corpo pudesse rejeitar o transplante.

Os medicamentos necessários para prevenir a rejeição do novo rosto pelo organismo poderiam provocar complicações, como câncer de pele, segundo o estudo. O procedimento é tão complicado que os pacientes talvez não possam dar seu consentimento com pleno conhecimento de causa.

A equipe britânica disse que, após o transplante, o rosto do doador seria irreconhecível, devido à estrutura óssea distinta do paciente que receberá o transplante. Várias equipes de pesquisadores vêm estudando a possibilidade de realizar o primeiro transplante facial total. A disputa já foi apelidada de "Face Race", ou "corrida do rosto" em inglês.

A organização beneficente Changing Faces (Mudando Rostos), que ajuda pessoas que sofreram desfigurações, disse que os transplantes levantam questões éticas, psicológicas e técnicas difíceis e que seria desaconselhável proceder com pressa.

O Departamento de Saúde britânico disse que a decisão cabe ao comitê de ética do hospital. O comitê pode levar até dois meses para chegar a uma decisão.




Fonte: Reuters

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