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Politica Brasil
Segunda - 19 de Junho de 2006 às 07:35
Por: NELSON VELLOSO

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O Papa Bento XVI inicia sua primeira Carta Encíclica, com o versículo 16 do capítulo 4, da 1ª Carta de São João às comunidades cristãs da Ásia Menor, escrita provavelmente no fim do século I: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele”.

A seguir faz algumas considerações a respeito do amor de Deus pelos homens, citando passagens do Deuteronômio (6, 4-5); do Levítico (19, 18); da 1 Jo (4, 10) e Mc (12, 29-31) e conclui que tendo sido Deus o primeiro a nos amar, o amor já não é apenas um “mandamento”, mas resposta do homem ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro.

Ainda na introdução, o Papa diz que seu desejo (objetivo) com a primeira encíclica é falar do amor com que Deus nos cumula e que deve ser comunicado aos outros por nós. Para isso, ele divide a encíclica em duas grandes partes: na 1ª parte, que ele considera mais especulativa, deseja especificar dados essenciais sobre o amor que Deus nos oferece de forma misteriosa e gratuita; na 2ª parte, de caráter mais concreto, trata da prática eclesial do mandamento do amor ao próximo. O desejo de Bento XVI é suscitar um empenhamento da resposta humana ao amor divino (1).

• I PARTE: A UNIDADE DO AMOR NA CRIAÇÃO E NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

A ) Um problema de linguagem

O primeiro obstáculo colocado por Bento XVI é o significado do termo “amor”, palavra usada e abusada com os mais diferentes significados (amor à pátria, à profissão, ao trabalho, entre pais e filhos, entre irmãos e familiares, etc.). Porém, entre todos esses significados, o amor entre o homem e a mulher sobressai como arquétipo (padrão, modelo) por excelência. E o Papa pergunta: Todas as formas de amor unificam-se, sendo em última instância, uma só, apesar das diferenças de manifestações ou usamos a mesma palavra para realidades totalmente diferentes? (2)

B ) Eros e ágape – Diferença e unidade

A seguir, sua santidade tece considerações a respeito do amor entre o homem e a mulher, que na Grécia antiga, recebeu o nome de Eros, alias, palavra usada apenas duas vezes no Antigo Testamento grego e nenhuma no Novo Testamento, em que o privilégio ficou para o termo ágape. O Papa cita, ainda, Nietzsche, filosofo alemão, que dizia que o cristianismo teria dado veneno ao Eros, exprimindo uma sensação de que a Igreja, com seus mandamentos e proibições, tornara amarga a coisa mais bela da vida. (3)

O Papa indaga: o cristianismo destruiu, verdadeiramente, o Eros?, E ele mesmo responde: no mundo pré-cristão, os gregos viam no Eros uma “loucura divina”, que arranca o ser humano das limitações de sua existência, tornando todas as outras forças, no céu e na terra, secundárias. Virgilio, na sua obra Bucólicas, afirma: “o amor tudo vence” e acrescenta: “rendamo-nos também nós ao amor”. Nas religiões essa posição traduziu-se nos cultos à fertilidade e à prostituição “sagrada”. A essa forma de religião, o Antigo Testamento combateu-a como perversão da religiosidade, sem, contudo rejeitar o Eros, mas opondo-se ao Eros inebriante, descontrolado, que causa a queda e degradação do ser humano. Fica claro, assim, que o Eros precisa de disciplina, de purificação, de amadurecimento, de renúncia. (4)

Mas isso depende da constituição do ser humano, que é composto de corpo e alma, em intima unidade. Se o ser humano aspira somente ao espírito e rejeita a carne ou se ele renega o espírito e considera apenas a matéria, perde a sua dignidade e sua grandeza.

Somente quando ambos (espírito/alma e matéria/carne) se fundem em verdadeira unidade é que o Eros, o amor amadurece na sua verdadeira grandeza. A exaltação do corpo como vemos hoje, degrada o Eros a puro “sexo”, coisa que se pode comprar ou vender; o ser humano torna-se mercadoria. A fé cristã considera o ser humano, um ser único, em espírito e matéria, que se completam e experimenta uma nova nobreza, um novo amor. O Eros, o amor quer nos elevar em êxtase para o Divino, mas para isso, requer como já foi dito um caminho de ascese (exercício espiritual), renuncias purificações e saneamentos. (5)

Concretamente, o Papa pergunta: como se deve configurar tal caminho de ascese e purificação? Como deve ser vivido o amor para que se realize, plenamente, a sua promessa humana e divina?. Uma primeira indicação de Bento XVI é o livro Cântico dos Cânticos. As poesias ali contidas, cânticos de amor, exaltam o amor conjugal. Nesse contexto, duas palavras designam o “amor”, primeiramente o termo Dodim, que exprime o amor ainda inseguro, uma procura indeterminada. Depois o termo Ahabá, traduzido pelo som semelhante como Ágape, que designa a experiência do amor, a descoberta do outro, o cuidado do outro pelo outro, a procura do bem amado. O Ágape, termo característico do amor, na concepção bíblica, compreende, faz parte da evolução do amor, que ele procura agora, o caráter definitivo, no sentido da exclusividade: “apenas esta pessoa” e “para sempre”, compreende a totalidade da existência em toda a sua dimensão; ele visa à eternidade. O amor e êxtase, como caminho, como êxodo para o reencontro de si mesmo e para a descoberta de Deus. (6)

Em complemento à 1ª pergunta do Papa (item A), ele coloca agora a seguinte questão: “Se a mensagem de amor que nos é anunciada pela Bíblia e pela tradição da Igreja teria algo a ver com a experiência comum do amor ou se ao contrário, se opusesse a ela”. A esse respeito, o Papa volta às duas palavras fundamentais: Eros (amor mundano, material, transitório) e Ágape (amor fundado sobre a fé). Essas duas expressões aparecem também como amor “ascendente”, “possessivo” e amor “descendente”, “oblativo” (piedoso). Na realidade, diz Bento XVI, Eros e Ágape, como amor ascendente e amor descendente, nunca se deixaram separar completamente um do outro. Quanto mais eles se encontrarem, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral. O ser humano pode tornar-se uma fonte onde correm rios de água viva (Jo 7, 37-38), mas para isso, deve primeiro beber da fonte original que é Jesus Cristo. (7)

Conclui, assim, o Papa, uma primeira resposta, bastante genérica, para as duas perguntas que ele expôs: “No fundo, o “amor” é uma única realidade, embora com distintas dimensões” e sinteticamente “A fé bíblica não constrói um mundo paralelo ou um mundo contraposto àquele fenômeno humano originário que é o amor, mas aceita o ser humano por inteiro”. Essa novidade da fé bíblica manifesta-se na imagem de Deus e na imagem do ser humano. (8)

C ) A novidade da fé bíblica

No itinerário da fé bíblica, fica claro a nova imagem de Deus: “Escuta ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt 6, 4). Existe um único Deus, que é o criador do céu e da terra e de todos os seres humanos. Ao contrário do que dizia Aristóteles, que a divindade não necessita de nada e não ama, é amada somente, o único Deus em que Israel crê, ama pessoalmente o ser humano, um amor de eleição, de escolha, e esse amor pode ser qualificado do eros e ágape também. Por outro lado, o ser humano, vivendo na fidelidade ao único Deus, sente-se a si próprio como àquele que é amado por Deus e descobre a alegria na verdade e na justiça. (9)

A revelação de Deus com Israel é ilustrada através das metáforas do noivado e do matrimonio. O eros de Deus pelo ser humano é ao mesmo tempo ágape, porque é dado de maneira gratuita e também porque é amor que perdoa. O seu nome é tão grande que chega a virar contra si próprio – o seu amor contra sua justiça. Veja o mistério da cruz. Por isso podemos compreender que os cânticos de amor descreviam a relação de Deus com o ser humano e do ser humano com Deus. (10)

Na narração bíblica da criação, está presente, sem dúvida, a idéia de que o ser humano, de algum modo, esteja incompleto e de que só na comunhão com o outro sexo possa tornar-se completo.

Aqui, Bento XVI destaca dois aspectos importantes: 1º o eros está enraizado na própria natureza do ser humano; 2º o eros impele o ser humano ao matrimônio. Assim o homem (Adão) “deixa o pai e a mãe” para encontrar a mulher (Eva) e tornar-se uma só carne, pela unicidade e para sempre, realizando assim a sua finalidade íntima. Completa o Papa dizendo que esta estreita ligação entre Eros e Matrimônio, na Bíblia, quase não encontra paralelos literários fora da mesma. (11)

D ) Jesus Cristo – o amor encarnado de Deus

A verdadeira novidade do Novo Testamento reside na própria figura de Cristo, que dá carne e sangue aos conceitos – torna-os reais. No Antigo Testamento, a novidade bíblica consistia em noções abstratas, na ação imprevisível e inaudita de Deus (incrível, extraordinária).

Quando Jesus fala nas parábolas, não se trata apenas de palavras, mas de explicação do seu próprio ser e agir. É o próprio Deus que vai atrás da ovelha perdida. Deus é amor (1 Jo 4,8). Na sua morte de cruz, Cristo se entrega para levantar o ser humano e salvá-lo – é o amor em sua forma mais radical. Jesus antecipa essa entrega na instituição da Eucaristia, durante a última ceia, quando entrega a si próprio, no pão e no vinho, seu corpo e seu sangue, como novo maná. Verdadeiro alimento para nós, com amor. (12)

Conforme diz sua santidade, eu não posso ter Cristo só para mim; posso pertencer-lhe somente unido a todos aqueles que se tornaram ou se tornarão seus, tornando-nos um só corpo. O amor a Deus e ao próximo estão, agora, verdadeiramente juntos. Assim se compreende porque o ágape é também um dos nomes da Eucaristia. O ágape de Deus, a amor descendente, vem corporalmente a nós, para continuar sua ação em nós e através de nós. O “mandamento” do amor só se torna possível porque não é mera exigência: o amor pode ser “mandado”, porque, antes, nos é dado (14). Recordemos a grande parábola do juízo final (Mt 25, 31-46), em que o amor se torna o critério para a decisão definitiva sobre o valor ou a inutilidade de uma vida humana. (15)

E ) O amor a Deus e ao próximo

Após ter refletido sobre a essência do amor e o seu significado na fé bíblica, Bento XVI coloca duas perguntas: è realmente possível amar a Deus mesmo sem o ver? O amor pode ser mandado? Quanto à primeira pergunta, a Sagrada Escritura diz: “Se alguém diz – Eu amo a Deus e, no entanto odeia o seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama o seu irmão, ao qual vê, como pode amar a Deus que não vê?” (1 Jo 4,20). O sentido desse versículo, é que o amor ao próximo é uma estrada, um caminho para encontrar também a deus. Embora nunca tenhamos visto a Deus, como ele é em si mesmo, o seu amor torna-se visível quando ele envia, manda seu filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos (1 Jo, 4,9). Incessantemente vem ao nosso encontro através da palavra, nos sacramentos e principalmente na Eucaristia (17). Nesse sentido, a resposta à segunda pergunta, também é afirmativa, o amor pode ser “mandado”, porque antes nos é dado (14). Revela-se, assim, o amor ao próximo, no fato de que eu amo, em Deus, e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem conheço. Não vejo a pessoa com meus olhos ou sentimentos, mas segundo a perspectiva de Jesus Cristo. Posso dar-lhe o olhar de amor de que ele precisa (18). O amor a Deus e ao próximo são inseparáveis.

• II PARTE – CARITAS – A PRÁTICA DO AMOR PELA IGREJA ENQUANTO “COMUNIDADE DE AMOR”

A ) A caridade da Igreja como Manifestação do amor trinitário.

Se vês a caridade, vês a trindade, escrevia Santo Agostinho. O Espírito é aquela força interior que transforma o coração da comunidade eclesial para ser testemunha do amor do Pai e que quer fazer da humanidade uma única família, em seu Filho, completa o Papa Bento XVI e continua: é amor o serviço que a Igreja exerce para acorrer constantemente aos sofrimentos e às necessidades, mesmo materiais, dos seres humanos. Esse é o tema da segunda parte da encíclica. (19)

B ) A caridade como dever da Igreja

O amor ao próximo é, antes de tudo, um dever de cada um dos fiéis e também da comunidade eclesial inteira, em todos os seus níveis. A Igreja deve praticar o amor comunitário e para isso precisa de organização. No inicio da Igreja, todos viviam unidos e possuíam tudo em comum (At 2, 44-45). Participavam do ensino dos apóstolos, da comunhão, das orações (At, 2, 42). Com o crescimento da Igreja, tal forma não pode ser mantida, mas permaneceu o núcleo, segundo o qual, no seio da comunidade, não deve haver pobreza, nem sejam negados a alguém os meios necessários para uma vida condigna (20). Os apóstolos decidiram, então, criar uma nova missão (diaconia), composta por homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria (At 6, 1-6) para cumprir o serviço social e o serviço espiritual e realizar o dever essencial da Igreja: a prestação do amor bem ordenado ao próximo (21). Com o passar dos anos, a prática da caridade, juntamente com a administração do sacramento (serviço) e o anúncio da palavra (Evangelho) firmou-se como essencial no âmbito da Igreja. Após essas considerações, Bento XVI cita como exemplos o mártir Justino; o escritor cristão Tertuliano; Inácio de Antioquia (22) e alguns diaconias do Egito (séc.IV). Nápoles (séc.VII) e Roma (sécs.VII e VIII); diácono Lourenço (23) e o imperador Juliano, o Apóstata (24).

Encerrando este bloco, o Papa registra dois aspectos fundamentais das reflexões feitas: A) o anúncio da palavra (kerygma-martyria), a celebração dos sacramentos (leyturgia) e o serviço da caridade (diakonia), são deveres que não podem ser separados; B) a Igreja é a família de Deus no mundo e nela ninguém deve sofrer por falta do necessário. “Portanto, enquanto temos tempo, pratiquemos o bem para com todos, mas principalmente para com os irmãos na fé”. (Gl 6, 10). (25)

C ) Justiça e caridade

Aqui o Papa Bento XVI aborda as objeções que se levantam contra a atividade caritativa da Igreja, desde o séc.XIX, principalmente pelo pensamento marxista, onde se diz que os pobres não precisam de caridade, mas sim de justiça e que a caridade (esmola) seria para os ricos uma forma de tranqüilizar a consciência, espoliando os pobres em seus direitos e que seria necessário criar uma ordem justa, onde cada um receberia sua parte de bens e assim já não teriam necessidade de obras de caridade. Mas esse principio sempre foi defendido pela doutrina social da Igreja.

Acontece que com a formação da sociedade no séc. XIX, houve uma mudança radical na composição da sociedade, colocando o poder nas mãos de poucos (produção e capital), privando as massas operárias dos seus direitos (26). A Igreja demorou em perceber esse novo problema na justa estrutura da sociedade. Surgiram círculos, associações, federações e novas congregações que foram à luta contra a pobreza, as doenças e carências no setor educativo. O magistério pontifício entra em ação com a encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII em 1891; depois a Quadragésimo Anno, do Papa Pio XI em 1931; a Mater Et Magistra, de João XXIII em 1961 e outras de Paulo VI, João Paulo II, que trataram do problema social e foram organizadas em 2004 no Compêndio da doutrina social da Igreja. O sonho da doutrina marxista acabou e hoje prevalece à doutrina social da Igreja com orientações que vão além das fronteiras eclesiais. (27)

Duas situações são fundamentais para definir a relação entre a justiça e o serviço da caridade:

• A justa ordem da sociedade e do Estado é dever central da política. A estrutura fundamental do cristianismo é a distinção entre Estado e Igreja, conforme diz o Concílio Vaticano II. O Estado não pode impor a religião, mas deve garantir a sua liberdade. Por sua vez a Igreja tem a sua independência e vive a sua forma comunitária, que o estado deve respeitar. Fé e política se tocam. A Igreja não pode, nem deve, ficar omissa na luta pela justiça; deve entrar nela com argumentos racionais e despertar as forças espirituais para que a justiça possa afirmar-se e prosperar.

• O amor-caritas, sempre será necessário, mesmo na sociedade mais justa, nunca será supérfluo, como pregava a doutrina marxista. (28)

O dever da Igreja é contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais para a construção de uma sociedade justa, contando com a colaboração do trabalho dos fiéis leigos. (29)

D ) As múltiplas estruturas do serviço caritativo no atual contexto social

Neste bloco, o Papa aborda as estruturas dos serviços de caridade, no contexto da sociedade atual, referindo-se à globalização, que torna o nosso planeta cada vez menor, aproximando muito rapidamente os seres humanos e culturas diversas e com isso torna-nos cada vez mais conscientes do sofrimento e da miséria, tanto material como espiritual, apesar do progresso que se verifica nos campos cientifico e técnico. O presente coloca à nossa disposição inúmeros instrumentos para prestar ajuda humanitária. O Concílio Vaticano II sublinha com palavras claras “... a atividade caritativa pode e deve atingir as necessidades de todos os seres humanos” e completa “entre os sinais de nosso tempo, é digno de especial menção, o crescente e inelutável sentido de solidariedade entre todos os povos”.

Nesse contexto, nasceram e desenvolveram-se numerosas formas de colaboração entre as estruturas eclesiais e estatais. Formaram-se inúmeras organizações com fins caritativos e filantrópicos e, principalmente a aparição e difusão de diversas formas de voluntariado, que se ocupam de uma pluralidade de serviços, às quais dedica particular apreço e gratidão. (30)

E ) O perfil específico da atividade caritativa da Igreja

O aumento de organizações que se dedicam ao ser humano, explica-se pelo fato de o imperativo do amor ao próximo ter sido inscrito (inserido) pelo Criador, na própria natureza do ser humano. Mas quais são os elementos que constituem a essência da caridade cristã e eclesial?

• A caridade cristã deve, em primeiro lugar, satisfazer as necessidades imediatas dos seres humanos: saciar os famintos; vestir os nus; curar os doentes; visitar os presos, etc. As organizações caritativas da Igreja, devem colocar à disposição os meios, os homens e mulheres que assumam tais tarefas, dando-lhes preparação profissional e, sobretudo a “formação do coração”.

• A atividade caritativa cristã deve ser independente de partidos e ideologias. Só se contribui para um mundo melhor fazendo o bem agora e pessoalmente, com paixão e onde for possível, independentemente de estratégias e programas de partidos. • A caridade não deve ser um meio em função daquilo que hoje é indicado como proselitismo (ato de aproximar-se de Deus). O amor e a caridade são gratuitos. Isso não quer dizer que devamos deixar Deus e Cristo de lado. O cristão sabe quando é tempo de falar de Deus e quando é justo não o fazer, deixando falar somente o amor. (31)

F ) Os responsáveis pela ação caritativa da Igreja

Pelas reflexões feitas anteriormente, verifica-se que o verdadeiro sujeito das organizações católicas, que prestam serviços de caridade é própria Igreja, em todos os seus níveis e como instância da Santa Sé; o Pontifício Conselho Cor Unum, instituído por Paulo VI (32). Quanto aos seus colaboradores, como já foi dito anteriormente, homens e mulheres preparados. O amor de Cristo nos impulsiona (2 Cor 5, 14) (33). Ver na (1 Cor 13, 1-13): Hino à caridade ou Hino ao amor, que deveria ser, conforme sua santidade, a carta magna do serviço eclesial e na qual estão resumidas todas as suas reflexões sobre o amor, feitas na encíclica (34). É Deus quem governa o mundo, não nós. Apenas prestamos-lhe nosso serviço enquanto podemos e até onde ele nos dá força (35). O contato vivo com Cristo é uma ajuda decisiva para prosseguirmos nessa estrada, sem cair na soberba, nem se deixar resignar e a Oração é o meio mais eficaz para conseguir essa ajuda, essa força (36). O cristão que reza procura o encontro com o Pai (37). A fé, a esperança e a caridade caminham juntas. A Fé mostra-nos o Deus que entregou o seu filho por nós; a Esperança manifesta-se na virtude da paciência e o Amor é possível, e nós somos capazes de praticá-lo porque fomos criados à imagem de Deus. O conceito que vos deixo, diz-nos o Papa Bento XVI, é viver o amor e fazer entrar a luz de deus no mundo. (39)

• CONCLUSÃO

Por fim, diz o Papa: “olhemos os santos, aqueles que praticaram de forma exemplar a caridade”. De modo especial em Martinho de Tours, primeiro soldado, depois monge e bispo; Santo Antão Abade e muitos outros, modelos de caridade social e verdadeiros portadores de luz dentro da história, porque são homens e mulheres de fé, esperança e caridade (40). Entre todos os santos, sobressai Maria, mãe do Senhor. Ela é humilde e deseja ser apenas a serva do Senhor. Sabe que contribui para a salvação do mundo, colocando-se à disposição de Deus. É uma mulher de esperança; é uma mulher de fé; é uma mulher que ama e isso vemos na sua delicadeza, na sua humildade (41). Maria tornou-se MÃE de todos os crentes. À sua bondade materna, recorrem todos os seres humanos, em todos os tempos e lugares do mundo. A ela confiamos a Igreja, a sua missão ao serviço do amor.

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, VÓS DESTES AO MUNDO A LUZ VERDADEIRA, JESUS, VOSSO FILHO – FILHO DE DEUS. ENTREGASTES-VOS COMPLETAMENTE AO CHAMAMENTO DE DEUS E ASSIM VOS TORNASTES FONTE DA BONDADE QUE BROTA DELE. MOSTRAI-NOS JESUS. GUIAI-NOS PARA ELE ENSINAI-NOS A CONHECÊ-LO E A AMÁ-LO PARA PODERMOS TAMBÉM NÓS TORNAR-NOS CAPAZES DE VERDADEIRO AMOR E DE SER FONTES DE ÁGUA VIVA NO MEIO DE UM MUNDO SEQUIOSO.

NELSON VELLOSO (renatov@ajato.com.br) - Casal Piloto da Catequese Familiar do Santuário de Nossa Senhora da Salette – São Paulo/SP.





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