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Meio Ambiente
Domingo - 18 de Junho de 2006 às 20:10

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A posição do Brasil é de considerável liderança no bloco anti-caça da Comissão Internacional da Baleia (CIB), que começou na sexta-feira e vai até terça-feira, na ilha de St. Kitts e Nevis, no Caribe. Isso é o que diz José Truda Palazzo Jr., um dos três integrantes da delegação científica brasileira e também vice-comissário do Brasil na CIB.

"O Brasil evoluiu de país baleeiro em 1987 para um dos países em desenvolvimento com uma das políticas mais claras de conservação de mamíferos aquáticos", opina. Também integram a delegação brasileira em defesa dos mamíferos: Régis Pinto de Lima, chefe do Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos Aquáticos (CMA) do Ibama, e a comissária titular Maria Tereza Mesquita Pessôa, do Ministério das Relações Exteriores.

No encontro anual promovido pela CIB, entidade fundada em 1946 e que visa discutir a gestão de cetáceos (baleias, botos e golfinhos) do mundo todo, o Brasil vai apresentar mais uma vez a sua proposta de criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. O objetivo é a contínua proibição da caça e o estímulo a atividades de uso não-letal, como turismo, pesquisa, valorização sociocultural e educativa.

"A proposta, cuja aprovação o governo brasileiro sabe ser muito difícil, tem o mérito de promover o conceito do direito dos países dessa região ao uso não-letal das baleias, em contraposição às pretensões de países hiper-desenvolvidos como o Japão que pretendem se apropriar indevidamente do ´recurso baleia´ em todos os oceanos", diz Truda.

Pela primeira vez, desde que a caça às baleias foi banida em 1986, as nações pró-caça - lideradas pelo Japão - esperam obter a maioria dos votos com o objetivo de derrubar a moratória que já dura 20 anos. Para tanto, precisam alcançar 75% dos votos a seu favor.

Nos últimos oito anos, 21 países se alistaram como novos membros na comissão e votaram a favor da posição japonesa. Muitos desses países, como Ilhas Marshall, Palau e Suriname, são pequenos, subdesenvolvidos e sem tradição em caça e pesca de cetáceos.

"Através de um processo discutível de consolidação de votos, o Japão vem conseguindo aumentar na CIB o número de países que o apóiam, cuja população caberia dentro do Maracanã, mas que tem um voto cada uma, assim como os países maiores como o Brasil e outros. Dessa forma, o Japão está próximo de conseguir uma maioria simples na CIB", explica Truda.

São 70 os países que hoje participam do encontro. Do mesmo lado que o Brasil, no combate à conservação da moratória anti-caça, estão países como Estados Unidos, Austrália, França, Alemanha e Inglaterra.

Rômulo Mello, diretor de fauna e recursos pesqueiros do Ibama, sublinha que por mais que cada país tenha direito a apenas um voto, quando a delegação é numerosa, a capacidade de argumentação e as chances de vencer uma votação também aumentam. E esse é o caso do Japão. "Cerca de 35 pessoas integram a equipe técnica japonesa. Nós mandamos apenas três pessoas para representar o País, pois é muito caro mantê-las. Para se ter uma idéia, custa em torno de R$ 12 mil manter cada uma lá durante o período da CIB", diz.

Entretanto, até agora, o Japão está longe de alcançar o sucesso desejado. Por 32 votos a 30, foi rejeitada a tentativa deles em tirar os pequenos cetáceos de pauta, e por 33 a 30, a proposta de ter somente votações secretas também foi negada, mesmo com o a ajuda do voto de um dos menores países da África, a Gâmbia, que chegou de última hora para votar.





Fonte: AE

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