Cientistas criam vidro feito de dióxido de carbono
O carbono pertence ao mesmo grupo químico do silicone e do germânio, um semicondutor usado na fabricação de transistores. Estes dois elementos combinam com o oxigênio para criar o vidro: um é o dióxido de silicone, que é usado em janelas, garrafas e outros vidros presentes no nosso cotidiano, e o outro, o dióxido de germânio, que acrescentado à sílica gera as fibras usadas na comunicação ótica.
No entanto, o carbono é o elemento inesperado, porque combinado com o oxigênio produz o venenoso gás carbônico ou dióxido de carbono. Quando congelado e comprimido, o CO2 também forma o "gelo seco", tipo de fumaça cenográfica usada em shows. O novo material foi batizado de "carbonia amorfa" ou a-CO2.
Até agora, a a-CO2 é apenas uma curiosidade porque não pode ser testada ou usada fora da câmara de pressão. O CO2, que nestas condições extraordinárias assume uma estrutura "amorfa", tornando-se vidro, reverte-se para moléculas ordenadas de CO2 sob descompressão. O primeiro desafio será desenvolver uma forma de a-CO2 que possa resistir a temperaturas internas.
"Minerais com base em carbono e vidros poderiam gerar materiais tecnológicos úteis, se pudermos recuperá-los em condições ambiente", disse Paul McMillan, químico da Universidade College de Londres.
A descoberta do a-CO2 levanta questões intrigantes sobre os grandes planetas gasosos fora do Sistema Solar.
Em teoria, as enormes pressões de Júpiter, Saturno e outros gigantes gasosos podem tornar o interior destes planetas em "a-carbonia" dura e densa. A autoria do artigo foi liderada por Federico Gorelli e Mario Santoro, do Laboratório Europeu para Espectroscopia Não-linear (LENS), sediado em Florença, Itália.
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