Setor agropecuário espera novo pacote para hoje

“Temos que dosar a disponibilidade de recursos para a nova safra que vem por aí e ver como é que se ajusta o processo de prorrogação para dar espaço ao produtor e não comprometer a oferta atual de recursos para tocar a safra 2006/07”, disse Fontelles. O pacote anunciado pelo governo prevê a destinação de R$ 60 bilhões para custeio, comercialização e investimento da próxima safra e o refinanciamento da dívida relativa a alguns programas para o setor agrícola.

De acordo com o presidente do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), João Paulo Koslovski, que está em Brasília desde segunda-feira para a reunião no Ministério da Fazenda, o adiamento do anúncio das novas medidas não chegou a frustrar. Segundo ele, a reunião marcada para ontem às 8h30 foi transferida para hoje, a pedido do assessor do Ministério da Fazenda, Gerardo Fontelles. “Ele disse que iriam conversar com o ministro Mantega (Guido Mantega, da Fazenda)”, contou.

Para Koslovski, o importante é que haja boa vontade em discutir as questões relacionadas à crise da agricultura. “Se for preciso, vamos discutir até na hora do jogo”, afirmou Koslovski ontem, poucas horas antes do início do jogo do Brasil contra a Croácia. O presidente do Sistema Ocepar disse estar “esperançoso” com as medidas que devem ser anunciadas hoje pelo governo, pelo menos nas questões emergenciais.

“Esperamos uma solução. Amanhã (hoje), com certeza haverá uma posição diferente”, afirmou. “E se o governo federal não atender, vamos continuar tentando.”

Protestos:

No oeste do Paraná, na região de Cascavel, máquinas agrícolas ficaram até ontem de manhã na BR-277, no Trevo de Cataratas. Segundo o presidente do sindicato rural de Cascavel, Nelson Menegatti, cerca de 40 tratores estavam ontem no acostamento da rodovia. A poucos quilômetros dali, em Santa Tereza do Oeste, também havia tratores na estrada.

Uma das principais reivindicações dos produtores rurais é a prorrogação das dívidas com os bancos. Eles também querem a flexibilização da linha FAT Rural e que ela fique mais simples para o produtor ter acesso. Os produtores pedem ainda um aumento do prazo de pagamento de dois para cinco anos, com dois anos de carência, e dizem que ainda falta definir os valores dos juros e dos limites que os produtores têm hoje junto ao sistema financeiro.

Participam da reunião hoje representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, representando a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), além de parlamentares que fazem parte da Comissão de Agricultura e representantes do governo federal.