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Meio Ambiente
Terça - 13 de Junho de 2006 às 09:38

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Alta Floresta, MT – A implantação e gestão do Parque Nacional Juruena e da Reserva Biológica Nascentes das Serra do Cachimbo estão entre as prioridades para o trabalho do Ibama em termos de conservação no Sul da Amazônia, na região compreendida entre as bacias hidrográficas dos rios Teles Pires e Tapajós.

Criado no último dia 5, Dia do Meio Ambiente, o PN Juruena tem quase 2 milhões de hectares e recursos previstos para seu processo de implantação e gestão através do programa Arpa – Áreas Protegidas da Amazônia, atualmente a principal fonte de recursos para unidades de conservação no bioma. Com isso, o Ibama está elaborando um planejamento estratégico para os próximos dois anos, a fim de orientar o processo de implantação do parque.

Segundo Anael Aymoré Jacob, coordenador do Bioma Amazônia na Diretoria de Ecossistemas do órgão, esse planejamento inclui a elaboração do plano de manejo e a mobilização das comunidades do entorno para formação do Conselho Consultivo da unidade – passos necessários para definir os usos possíveis do parque e sua forma de abertura para turismo, educação ambiental e pesquisa.

Nesta semana começa uma expedição de reconhecimento da paisagem, fauna e flora da região que vai do Pontal de Apiacás em Mato Grosso até Apuí, no Amazonas, abrangendo o PN Juruena e o Mosaico do Apuí – um conjunto de áreas protegidas estaduais do Amazonas. A intenção é coletar dados iniciais para subsidiar a elaboração do plano de manejo e garantir a continuidade dos recursos do Arpa para a região.

Participam da expedição, além do Ibama, pesquisadores do WWF-Brasil, Instituto Centro de Vida (ICV), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (SDS) e WWF-Alemanha. Entre as atividades programadas estão reuniões com o poder público local de Apiacás e Apuí – os dois principais municípios abrangidos pelo parque. O objetivo dessas reuniões é conversar com a comunidade, discutir os próximos passos a serem tomados em relação ao parque e ajustar parcerias.

Para Gustavo Irgang, coordenador de Conservação do ICV, é fundamental a interlocução entre os diversos atores sociais envolvidos na criação e na gestão das unidades de conservação. “A exemplo do que ocorreu durante a criação da Reserva Biológica, temos apoiado, na medida do possível, a abertura de um canal para dar visibilidade às propostas locais e fazemos um trabalho transparente, sempre conversando com as lideranças locais”, aponta Irgang.

Comunidade espera aporte de infra-estrutura

No encontro com a comunidade de Apiacás, os representantes do Ibama deverão encontrar uma série de reivindicações consideradas prioritárias para o desenvolvimento do município e região. Lá, a proposta de criação de uma unidade de conservação de proteção integral foi recebida com resistência e agora o município quer ter o meio ambiente como aliado para garantir recursos e investimentos.

Região de economia quase exclusivamente baseada na extração da madeira, Apiacás sofre uma recessão desde a Operação Curupira, que fechou algumas serrarias ilegais e brecou o corte de madeira por vários meses.

“O que os empresários da região querem agora é acelerar a análise e aprovação dos projetos de manejo encaminhados à Sema”, relata a prefeita de Apiacás, Silda Kochenborger. Ela e outros cinco prefeitos da região organizaram uma série de reivindicações aos governos estadual e federal. O documento foi entregue ao governador Blairo Maggi em abril, pouco antes da audiência de Maggi com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva.

As medidas solicitadas incluem asfaltamento da estrada que liga Apiacás à Alta Floresta, asfalto urbano, regularização fundiária, atendimento pelo programa Luz Para Todos, investimentos em saúde e educação e subsídio para instalação de indústrias no município.

“Nós acreditamos que o Ministério do Meio Ambiente pode interceder por nós e ajudar com essas demandas”, afirma Silda, que pede ainda uma audiência dos prefeitos da região com a ministra. “Não queremos invasão, nem grilagem no parque”, completa, lembrando que para haver fiscalização no parque – uma área de difícil acesso – o próprio Ibama vai precisar dessa infra-estrutura de que o município carece.

Anael Jacob concorda com Silda nesse aspecto e não vê dificuldades para o Ibama em atuar como parceiro dos municípios e mediador com o poder público federal. “Essas demandas não são nossa responsabilidade direta, mas entendemos que um parque nacional na região é uma força impulsionadora para tê-las atendidas. Talvez isso não se dê na velocidade que os habitantes esperam, mas a consolidação do parque como alternativa ecoturística pode atrair investimentos e movimentar a economia da região”, diz o analista ambiental do Ibama.

A Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo fica no Pará, na divisa com Mato Grosso. Foi criada em maio do ano passado e já tem estudos realizados pelo ICV, em parceria com o WWF-Brasil, para embasar o plano de manejo.





Fonte: Estação Vida

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