Guitarrista do Detonautas não tentou fugir de bando, diz avó
"Não estou aguentando tanta dor. Estou morrendo aos poucos". O sofrimento da dona-de-casa Maria da Silva Neto, 86 anos, avó do guitarrista da banda Detonautas, Rodrigo Silva Netto, 29, executado há uma semana, na Avenida Marechal Rondon, no Rocha, é comovente. Principal testemunha da tragédia, ela estava ao lado de Nettinho dentro do carro, na hora do crime. Bastante abalada, ela quebrou o silêncio e falou pela primeira vez sobre os momentos de terror que viveu naquele fim de tarde. Numa entrevista exclusiva com O DIA, deu nova versão para o crime que chocou a cidade.
"Meu neto não tentou escapar de bandidos que tentavam assaltá-lo. A gente estava preso num engarrafamento, e ele apenas arrancou o carro para tentar se livrar do trânsito que estava parado. Não vimos nenhum assaltante armado dando ordem para que parássemos", garantiu dona Maria.
"Vínhamos numa conversa tranquila e alegre do aniversário da minha irmã, quando de repente ouvi o barulho dos tiros e vi o vidro do carro se quebrando", descreveu a dona-de-casa, já entre lágrimas. "Foi tudo muito rápido. Quando olhei para o lado, vi o Nettinho (que estava ao volante do carro) com a cabeça caída entre os dois bancos e com os olhos entreabertos. Na hora ainda tentei falar com ele. Chamei: filho, filho, fale comigo. Mas ele não respondeu. Como não tinha visto o sangue na roupa dele, pensei que ele tivesse só desmaiado. Mas, infezlimente estava enganado. Tinha perdido meu netinho pra sempre", desabafou.
"Logo depois olhei para o banco de trás, e vi que o 'Rafa' (Rafael Silva Neto, 31, irmão de Nettinho, ferido com dois tiros), estava deitado no banco e sangrando", disse a dona-de-casa. "Nessa hora me desesperei, e desci do carro pedindo socorro. Mas já era tarde demais".
Amparada pelo filho Gilberto Silva Neto, 65 anos, pai de Nettinho, dona Maria, que ainda reza pela recuperação de Rafael, internado no Hospital São Lucas, em Copacabana, não se conforma com a morte de Nettinho. "Ele não podia ter morrido. Era a melhor jóia do mundo. Todos gostavam dele. As vezes fico pensando: será que ele não se jogou na frente do tiro para me proteger", desabafou dona Maria.
Tentando se recuperar do golpe da perda do filho, Gilberto, que também foi músico na juventude, já escreveu duas músicas em homenagem ao filho morto. Emocionado, ele aproveitou para fazer um pedido aos fãs enquanto mostrava o quarto que era de Nettinho antes de ele ir morar sozinho.
"Enquanto lembrarem do meu filho, continuem o amando. Não deixem de gostar nem dele, nem da banda, porque ela (a banda), assim como a música, era tudo pra ele", concluiu Gilberto
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