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Politica Brasil
Sexta - 09 de Junho de 2006 às 07:14
Por: Onofre Ribeiro

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Recebi, ontem, por e-mail, o artigo “As aves migratórias e a gripe aviária em Mato Grosso”, escrito pelo professor Dalci Oliveira,Ornitólogo/UFMT/IB/NEPA, sobre esse tema instigante. Ele disse na abertura do e-mail: “Sou biólogo doutor em Ecologia de Aves Aquáticas aqui na UFMT-Cuiabá, escrevi para um jornal de Cuiabá (noticia que não foi publicada, cópia em anexo) manifestando a minha preocupação com a falta de recursos para a pesquisas com as aves migratórias”.

Tomei a liberdade de publicá-lo neste espaço, com o devido crédito ao autor, cujos contatos estão no rodapé deste artigo. Segue na íntegra o artigo do prof. Dalci Oliveira:

“O Estado de Mato Grosso, recebe anualmente cerca de 103 espécies de aves migratórias, das quais 58 espécies são oriundas da América do Norte, e 45 vêm do Sul do nosso continente, principalmente da Argentina e Uruguai. A maioria dessas aves é aquática, ou seja, depende da água para sua alimentação e reprodução.

Até a presente data não foi detectado nenhum caso de gripe aviária na América do Norte, potencialmente, a principal porta de entrada do vírus da influenza aviária (H1N5) para a América do Sul.

O conhecimento das rotas de migração de aves aquáticas dentro de Mato Grosso é precário, sabe-se que essas aves acompanham as calhas dos grandes rios da região e permanecem nas planícies inundáveis do Paraguai, Araguaia/Mortes, Guaporé etc. Entretanto, existem outras aves migratórias que fazem seus deslocamentos passando por algumas cidades, campos e matas, e isto também é pouco conhecido. Patos e gansos têm sido até agora os principais veículos de transmissão do vírus, na Ásia, Europa e na África, porém, o vírus dessa gripe já foi detectado em outras aves aquáticas e terrestres.

Neste momento de real preocupação com a economia estadual, visto que o Estado é um dos maiores produtores avícolas do Brasil, seria de fundamental importância investir, além das barreiras sanitárias próprias para a avicultura, também no estudo das rotas de migração dessas aves na região. O mapeamento e monitoramento dessas rotas permitiriam, por exemplo, um melhor planejamento de locais mais propícios para estabelecimento das futuras aviculturas e conhecendo as épocas e locais de passagens e repouso dessas aves, ajudaria a estabelecer um sistema de alerta a respeito da chegada de possíveis aves infectadas.

O Brasil vai investir cerca de R$ 100 milhões na implementação do plano de prevenção das doenças na avicultura nacional, inclusive da gripe aviária. Quanto, então será investido no estudo da biologia das aves selvagens? Hoje é a gripe aviária, amanhã não sabemos mais as aves migratórias continuarão fazendo as suas viagens. O Brasil e Mato Grosso estão mais suscetíveis à gripe aviária, trazida pelo tráfico de animais do que pelas aves migratórias. No último dia 8 e 9 de abril foi comemorado pela primeira vez o dia mundial das aves migratórias uma iniciativa de duas ONGs internacionais AEWA e CMS, numa tentativa de esclarecer o verdadeiro papel das aves migratórias como mensageiras da vida e não como embaixadoras da morte”.

Os contatos com o professor Dalci Oliveira podem ser feitos no UFMT-Depto de Biologia e Zoologia - 78060-900 Cuiabá-MT - Fones 3615-8870(UFMT) 3663-1404(Res.) 9983-2442.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br





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