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Politica Brasil
Quarta - 07 de Junho de 2006 às 07:47
Por: Adilson Rosa

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O principal envolvido na eliminação de duas pessoas que testemunharam dois assassinatos está preso. O vendedor Lindomar Sobrinho, de 34 anos, foi localizado anteontem à noite no bairro CPA por policiais militares. Ele está com a prisão temporária decretada pela Comarca da Capital. Lindomar é apontado por policiais da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como o quinto envolvido num esquema de assassinatos de duas testemunhas de homicídios.

Dois rapazes assassinados recentemente na região do CPA, em Cuiabá, foram vítimas de uma “queima de arquivo” – eram testemunhas de um primeiro homicídio e foram eliminados para não falar na Justiça o que sabiam.

Dos cinco envolvidos, apenas três estão presos – além de Lindomar, está preso Reginaldo dos Santos Bastos e Clodomilson França Farias. Joaci Marcelo Gomes e Marcos Rodrigues Rojas da Silva chegaram a ser detidos, mas conseguiram um habeas corpus e respondem pelo crime em liberdade.

O crime que desencadeou toda a trama ocorreu em março de 2003, quando Douglas Pereira Leite da Silva, de 19 anos, foi morto a tiros no CPA. Flávio Nascimento de Souza, de 22 anos, e Rodrigo Gonçalves Trindade, de 18, testemunharam tudo.

Mal sabiam que, naquele momento, estavam assinando a própria sentença de morte. Pelo assassinato de Douglas, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou Reginaldo.

Na ocasião do primeiro crime, Reginaldo estava em companhia de Flávio, de quem ainda era amigo. Por causa de uma rivalidade antiga, eles resolveram interpelar Douglas e Rodrigo no meio da rua. A desculpa inicial era de que pretendiam apenas pregar um susto nos dois, mas Reginaldo tinha outros planos.

Ele saiu correndo atrás de Douglas e o matou a tiros. Rodrigo conseguiu sair ileso. A partir daí, Flávio se afastou de Reginaldo, por discordar da atitude dele. Reginaldo acabou identificado pela polícia, que o indiciou. Com base na acusação, o Ministério Público pediu sua condenação.

A Justiça, então, marcou o júri de Reginaldo para março do ano passado. Mas em fevereiro, Rodrigo, que se safara dos tiros no primeiro crime e se tornara uma das principais testemunhas, apareceu morto na região da Ponte de Ferro. Neste crime, segundo o delegado João Bosco de Barros, Reginaldo agiu em companhia de Joacir e Marcos Rodrigues.

“O Reginaldo combinou com os dois (Joacir e Lindomar) para que o levassem aonde estava Rodrigo. Queria convencê-lo a mudar o depoimento em juízo para não incriminá-lo. Acontece que o Rodrigo não quis entrar no carro para conversar e foi morto ali mesmo”, explicou o delegado.

Na ocasião, Reginaldo, Joacir e Lindomar foram em um Fusca branco até a academia freqüentada por Rodrigo. Em março, os policiais localizaram o proprietário do Fusca, Clodemilson, que confessou ter emprestado o veículo para os rapazes.

Faltava, então, eliminar a outra testemunha. Flávio descobriu que Rodrigo tinha sido assassinado por Reginaldo e ficou assustado pois, assim como o outro, ele também testemunhara o primeiro crime. Tentou se esconder, mas seu esforço foi em vão. No final de setembro do ano passado, Flávio também seria assassinado, no CPA II.

A princípio, a polícia acreditava que o crime teria sido motivado por uma discussão banal. Mas os policiais descobriram que ele tinha sido eliminado porque, a exemplo do colega Rodrigo, era testemunha de um crime.

“Descobrimos que o júri estava marcado e Douglas e Flávio seriam testemunhas. Era o que precisávamos”, explicou o delegado João Bosco. Pelo assassinato de Flávio, além de Reginaldo, a polícia indiciou Lindomar Sobrinho.





Fonte: Diário de Cuiabá

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