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Politica Brasil
Terça - 06 de Junho de 2006 às 09:28

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu ontem em reunião com seus principais ministros que errou na semana passada ao desafiar a oposição a usar a "tortura" das CPIs na propaganda na TV e ao receber o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP) no Palácio do Planalto para tratar de eleição.

Lula disse que voltaria "a ficar paz e amor", segundo relato de um auxiliar direto à Folha. Foi decidido ainda que, quando Lula assumir a candidatura, a Granja do Torto, uma de suas duas residências oficiais, será usada para encontros de natureza claramente eleitoral.

Hoje à noite, haveria um encontro assim no Torto com a ala governista do PMDB. Como Lula ainda não assumiu a candidatura, mudou de opinião ao longo do dia e decidiu fazer a reunião no Palácio do Planalto.

Oficialmente, Lula discutirá a agenda congressual com o PMDB. Na realidade, tratará de alianças estaduais com o partido. Os governistas estimam que Lula possa receber o apoio de 14 a 16 seções estaduais do partido.

Os governistas do PMDB deverão ainda repetir para o presidente o que ele já sabe: a verticalização, regra que proíbe alianças nos Estados entre adversários na eleição nacional, impedirá o partido de lançar candidato próprio ao Planalto ou de apoiá-lo oficialmente.

Lei e arrogância

Segundo um ministro, a reunião de ontem discutiu os limites de um presidente-candidato. Há temor de problemas com a Justiça Eleitoral. Lula e auxiliares acham que Marco Aurélio Mello, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), tem dado sinais de que será rigoroso.

A autocrítica de Lula foi feita em reunião ontem de manhã no Palácio do Planalto, com os ministros que compõem a Coordenação de Governo.

"Eu quero que eles coloquem CPI na televisão todo dia, toda hora. Eu quero que eles coloquem as torturas que eles fizeram com muita gente lá", disse Lula na última quinta-feira.

A maioria dos ministros avaliou que o presidente errou ao desafiar a oposição. De acordo com o relato de um ministro, Lula admitiu que não devia ter feito o desafio, mas que acabou deixando escapar a frase.

O presidente e auxiliares decidiram que o tom dos seus discursos até que assuma a candidatura deve enfatizar realizações na economia e na área social, além de eleger a educação como bandeira de campanha.

Ao desafiar a oposição a colocar a CPI na propaganda política, Lula tocou num tema, corrupção, no qual sua administração é vulnerável. E "deu palanque", disse um ministro, para o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, acusá-lo de cínico.

Marina e mensaleiro

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez ontem um elogio à "elite" do país, em evento no Salão Nobre do Palácio do Planalto, a poucos metros de Lula.

"A desgraça de um país não é a sua elite, é não tê-la", disse a ministra, para então elogiar os empresários brasileiros. "Vamos organizar um jantar para dizer que os empresários do Brasil também pensam estrategicamente e constituem a elite pensante deste país", afirmou.

Sentado na primeira fila, o ex-deputado Paulo Rocha (PT), que renunciou com medo de ser cassado por seu envolvimento com o mensalão, assistiu a toda a cerimônia.

Quando foi abordado para saber quem o tinha convidado, se irritou: "A intenção da Folha não é essa [descobrir o autor do convite], é saber se eu sou influente aqui [no Palácio do Planalto]". E é? "Sou dirigente do partido, fui quatro vezes deputado federal, esse evento é uma luta nossa. Eu fui um dos que iniciaram essa luta, eu tenho de estar aqui, mesmo que a Folha não queira", respondeu.

Rocha disse que o "nivelamento" no caso do mensalão provocou injustiças. "Depois de 11 meses, não ficou provado o mensalão", afirmou o ex-deputado, um dos 40 denunciados pelo procurador-geral da República sob a acusação de formar uma "quadrilha".





Fonte: Folha de S. Paulo

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