Maggi articula aliança com o PSDB; "velhos amigos" temem abandono
Se confirmar os encaminhamentos, será uma aliança histórica em Mato Grosso. De uma só vez, estará sendo reunido em torno de Maggi inimigos consagrados da política estadual. A começar pelos opostos PFL e PSDB, que por anos se digladiam pelo hegemonia do comando no Estado. De um lado, o PFL representado pelos Campos, com a ajuda dos Pinheiros; de outro, o grupo formado por Dante de Oliveira e Antero de Barros. Na eleição de 2002, o PPS conquistou o apoio do PFL.
Ao mesmo tempo que poderá ser histórica, essa aliança tem todos os contornos para ser desastrosa. O próprio argumento de que a unidade política entre eles seja para fazer prevalecer o projeto da candidatura a presidente da República, não cola. Todos os levantamentos já realizados até aqui indicaram rejeição eleitoral ante a possibilidade de aproximação, inclusive entre PFL e PSDB. “Sem contar que muitos ‘velhos aliados’ do governador poderão abandoná-lo por questão de espaço e valorização” – resumiu uma alta fonte ligada ao grupo do governador.
Explica-se: uma vez eleito, Maggi terá que montar seu Governo baseado nos diversos grupos políticos que o apoiaram a reeleição. Além do PFL, o PSDB terá que “ajudar a administrar” o Estado. A eles se juntarão ainda o PP do deputado Pedro Henry e José Riva; o PDT de Carlos Brito; e o próprio PMDB, que, até aqui indefinido, deverá manter, no mínimo, seu atual espaço no Governo. “Será quase uma torre de babel difícil de ser administrada” – interpreta a fonte ligada a Maggi.
A aliança em torno de Maggi interessa tanto ao PFL como ao PSDB. Os dois partidos enfrentam processos dilacerantes: ambos não dispõe de um nome para disputar o Governo do Estado. Os liberais chegaram a ensaiar o projeto da candidatura própria para tentar fazer prevalecer o projeto “Jaime Campos senador”. As estilingadas não surtiram efeito, sobretudo porque o nome escolhido para alavancar a proposta, do senador Jonas Pinheiro, não se sustentou: o próprio Pinheiro optou pela coerência e seguiu apoiando o nome de Maggi a reeleição. Já o PSDB tentou a todo custo viabilizar um nome para ancorar os projetos de Dante de Oliveira a deputado federal e de Antero ao Senado – podendo ainda ser candidato a deputado estadual. Não saiu do lugar. Já o governador quer vencer sem enfrentar grandes resistências.
Não há dúvidas de que Maggi vai enfrentar dificuldades para “gerenciar” os interesses com a coerência política já a partir da disputa eleitoral – aniquilada por falta de candidatos, uns por pura falta de disponibilidade e outros por envolvimento em esquemas que acabaram em escândalos. Aliás, internamente, dentro do PPS, Maggi já enfrenta grandes turbulências com a questão envolvendo o vice: de um lado, o grupo político do partido que deseja manter Iraci França; de outro, o núcleo próximo a Maggi, que defende o nome de Luís Antônio Pagot – que vem trabalhando para conquistar a postulação.
Por conta dessa disputa interna, diga-se de passagem, o governador Maggi já vem sendo tachado pelos aliados de primeira hora com desconfiança. Especialmente porque ao aceitar ser candidato ao Governo fez exigências, como a própria indicação de Iraci França para ser sua vida. "Maggi ainda não apreendeu que não deixa amigo na beira da estrada, pessoas que de uma forma ou outra ajudou e muito para ganhar o poder" – vociferou membro da ala que defende a manutenção de Iraci, ao criticar o comportamento do governador.
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