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Politica Brasil
Domingo - 04 de Junho de 2006 às 14:46
Por: Márcia Andreola

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As denúncias de caixa 2 envolvendo o nome do secretário-geral do PT em Mato Grosso, Alexandre César, são alguns dos assuntos desta entrevista. Nela, Alexandre faz ainda uma análise da crise petista e dos problemas internos da sigla.

Na sua avaliação, as críticas da senadora Serys Marli com relação às dívidas do partido são parte de uma disputa política interna que vem sido levada desde o PED (processo de eleições diretas).

Segundo ele, o chamado “fogo amigo” aconteceu também aqui. Não foi só no plano federal. “Pegamos o partido [César presidiu o diretório regional de 2001 a 2005] com diretórios municipais organizados em pouco mais de 20 cidades e 60 comissões provisórias e o entregamos organizado em praticamente todos as cidades de Mato Grosso”. Alexandre Luiz César avisa aos amigos e adversários que é candidato em outubro.

Folha do Estado - Nas últimas eleições (2002 e 2004), o senhor teve desempenhos significativos. Pesquisas para 2006 indicaram-no com bons índices numa eventual disputa ao Senado. Qual o impacto das denúncias que envolvem seu nome (Cesar é acusado de fazer “caixa 2” na campanha) e como ficam seus projetos políticos?

Alexandre César- É preciso resgatar a eleição para a prefeitura, onde a prioridade da campanha do nosso adversário [Wilson Santos], conduzida pelo senador Antero, o chamado “comitê da maldade”, direcionou grande parte de seu empenho na destruição de seu adversário ao invés de ir para o debate das propostas. O “comitê da maldade”, conseguindo atingir seus resultados, que foi nos derrotar, continuou trabalhando de forma articulada, local e nacionalmente, e esse trabalho desembocou em uma avalanche de denúncias sobre o governo federal que teve projeção no Estado, sobre o meu nome e do PT. Não se tratou de caixa 2, foi falta de recursos para pagar as dívidas da campanha e do partido

Folha - Setores do PT também corroboraram para reforçar essas denúncias?

Alexandre César - O chamado “fogo amigo” aconteceu também aqui. Não foi só no plano federal. Pegamos o partido [presidiu o diretório regional de 2001 a 2005] com diretórios municipais organizados em pouco mais de 20 cidades e 60 comissões provisórias e o entregamos organizado em praticamente todas as cidades de MT. No período fomos o terceiro partido mais votado em MT [atrás do PPS e do PFL]. Isso incomodava internamente as forças que têm um outro projeto para o PT, mas o partido é maior do que isso.

Folha - Há denúncias de que as dívidas, as quais o senhor reconhece que tem, não foram declaradas, configurando o chamado caixa 2. Como o senhor responde a isso?

Alexandre César - Não é verdade. As dívidas foram declaradas, tanto a da campanha [de acordo com César, R$ 1 milhão], como as do diretório estadual [R$ 2,5 milhões], que foram apresentadas junto com a prestação de contas referente a 2005. Dívidas que o partido assumiu para garantir um mínimo de estrutura às candidaturas no Estado.

Folha - A atual presidente do PT, Serys Marli, é uma das críticas em relação à dívida de sua gestão.

Alexandre César - É uma disputa política interna que vem sido levada desde o PED (processo de eleições diretas). È uma prática política de alguns setores do PT de fazer o debate através dos veículos de comunicação. Fazer o debate público. Não consideramos a forma mais adequada, mas é uma disputa interna das forças políticas do PT. Não negamos a dívida.

Folha - Como o PT deve se comportar na eleição? Que tipo de coligação deve fazer? As alianças nacionais devem ser encaradas com tranqüilidade em MT?

Alexandre César - Nós apoiamos as resoluções tomadas no último encontro estadual [março], de garantir a busca de alianças dentro dos partidos da base de sustentação do governo federal, que são o PCdoB, com bom encaminhamento; o PSB, cuja tendência é se aliar com outro campo político; o PMDB, também com conversas bastante avançadas, e de buscar alianças com o PTB e com PL, que apoiaram o governo Lula desde o início. A única exceção é o PP, por conta de sua especificidade em MT. Esse é o arco que está sendo trabalhado e as candidaturas a vice e ao Senado, da chapa encabeçada pela senadora Serys, devem vir desses aliados. Queremos o palanque mais forte e qualificado para o presidente Lula, já que a nossa prioridade continua sendo a eleição nacional.

Folha - O PMDB recuou de sua candidatura à Presidência. É indício de uma definição de aliança com o PT?

Alexandre César - Há uma possibilidade real dessa aliança no Estado. PT e PMDB em MT nunca foram adversários ferrenhos. Sempre tiveram uma convivência, embora nunca tenhamos se aliado formalmente.

Folha - Críticos do PT e até muitos militantes colocam que o leque de aliança que garantiu a eleição de Lula “contaminou” o partido e o desvirtuou ideologicamente. O senhor concorda?

Alexandre César - Temos que distinguir o que foram os erros da direção nacional anterior, na condução do processo político, do que é problema do sistema político brasileiro. A existência desses problemas que vivemos agora, mas que são somente recidivas de problemas que estão presentes na política brasileira há muito tempo, não quer dizer que foi em razão dessa base [aliança]. Nós temos um sistema político em que o presidente pode se eleger sem maioria parlamentar, diferente do que acontece em outros países, como Bolívia, Argentina e Chile, onde os presidentes fazem maioria no Congresso. Aqui não. Foi preciso ampliar o arco para ter uma maioria – que não é nada confortável – no Congresso Nacional. É preciso repensar o sistema. Folha - É a busca de “garantia da governabilidade”?

Alexandre César - É. O presidente Lula não tinha outra alternativa para garantir a governabilidade e a maioria parlamentar. Nesse caminho, por conta dos vícios do sistema político brasileiro, acabou acontecendo o que aconteceu, mas isso não contamina ideologicamente o PT, nem sua história. Houve um erro, que está sendo apurado e punido.

Folha-Em nome da governabilidade, não se abre uma brecha muito grande para um “poder de barganha” entre os partidos?

Alexandre César - Nós temos um sistema político no Brasil que é um misto mal acabado de presidencialismo e parlamentarismo. Traz as coisas ruins dos dois sistemas. Precisamos repensar o sistema político brasileiro. Repensar os marcos que foram dados pela Constituição de 1988.

Folha - E o sistema eleitoral brasileiro?

Alexandre César - É um desastre. Você tem um deputado que tem 100 mil votos que não consegue o quociente eleitoral e não se elege e tem o deputado de 10, 15 mil votos que se elege. Esse sistema precisa ser repensado. Podemos adotar, por exemplo, um sistema de lista, onde o voto seja dado no partido e os nomes da lista sigam determinada ordem, por que esse sistema misto provoca profundas injustiças. É preciso repensar. Esse é o momento.

Folha - Qual a avaliação que o senhor faz da administração Wilson Santos?

Alexandre César - A cidade ainda espera um projeto, porque fizemos um debate sobre a necessidade de que a sociedade pudesse discutir qual é o futuro que deseja para Cuiabá. É exigência da Constituição, do Estatuto da Cidade e da democracia. Nós ainda não vimos. Há algumas obras e muitas placas. Está sem rumos claramente definidos. Esperava um governo que dialogasse com a sociedade.

Folha - E qual a sua avaliação do governo Maggi?

Alexandre César - É um governo bem diferente dos oito anos do que o antecedeu [Dante de Oliveira], seja pelos investimentos de infra-estrutura, seja por uma tentativa de reorganização administrativa do Estado. Agora, é um governo que trabalha dentro de uma lógica de “surfar na crista da onda”.

Folha - O senhor vai trabalhar na candidatura da senadora Serys ao governo?

Alexandre César - O PT decidiu por essa candidatura. É a candidatura do partido e das siglas que irão compor conosco.

Folha - O senhor é candidato?

Alexandre César - Sou pré-candidato a deputado estadua





Fonte: Folha do Estado

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