Aids: ONGs se decepcionam durante conferência
A declaração - primeira do gênero desde a realização de uma cúpula histórica sobre a Aids em 2001 - visa a traçar o caminho rumo a um objetivo de um acesso universal à prevenção, aos tratamentos e apoio social ligados à doença até 2010.
Por outro lado, não menciona especificamente as categorias mais propensos à contaminação pelo vírus HIV, como as prostitutas, viciados em drogas e homossexuais, adotando, em seu lugar, a vaga expressão "grupos vulneráveis". Apesar de constar no papel a estimativa da ONU de dedicar entre 20 e 23 bilhões de dólares anuais até 2010 ao financiamento necessário a uma luta eficaz contra a doença, o texto não mostra qualquer compromisso formal de como atingir essa meta.
"Estamos furiosos", afirmou Aditi Sharma, da ONG ActionAid International, em uma nota. "É incompreensível que os negociadores tenham conseguido produzir uma declaração tão fraca, enquanto nós temos de agir com urgência para impedir que 500 pessoas morram e 13, 5 mil sejam contaminadas todos os dias", acrescentou.
A Aids já matou mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo desde que foi detectada pela primeira vez, em 1981, e 40 milhões vivem hoje com o vírus, de acordo com a UNAids, organismo que coordena a luta contra a doença.
A igualdade dos sexos foi um dos temas mais polêmicos durante a reunião. A declaração contém trechos comprometendo os Estados a permitir às mulheres um melhor controle de sua saúde em matéria sexual e reprodutiva, livre de qualquer coerção, discriminação ou violência.
O diretor da UNAids, Peter Piot, comentou que o documento representa "a etapa seguinte" da luta contra a Aids. "Embora tenhamos diferenças de táticas, como ficou claro esta semana, todos somos peças essenciais da mesma estratégia", disse Piot, que elogiou a contribuição das ONGs, embora tenha rejeitado suas sugestões de que o documento é ineficiente.
"Todos acham que falta algo, mas pela primeira vez alguns dos aspectos mais polêmicos da Aids estão em um texto aprovado pela comunidade internacional", concluiu.
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