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Meio Ambiente
Sábado - 03 de Junho de 2006 às 08:11

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Uma conferência internacional sobre a Aids realizada hoje em Nova Iorque adotou uma estratégia global de luta contra a pandemia, prontamente rejeitada por grupos da sociedade civil que a consideram vazia de compromissos concretos. O texto, fruto de um compromisso obtido na noite anterior, foi adotado por consenso pela Assembléia-Geral da ONU, após a conferência de três dias que reuniu chefes de Estado e de Governo e ministros, na presença de cerca de mil ONGs. v "É um bom documento, que tem substância e visão", avaliou o presidente da Assembléia, o sueco Jan Eliasson, que arbitrou os debates. Para ele, o texto foi mais explícito do que se esperava, considerando-se as profundas divergências de pontos de vista iniciais sobre questões como práticas sexuais ou igualdade dos sexos. v Eliasson ressaltou que o texto contém compromissos precisos de autonomia de mulheres e meninas, assim como termos detalhados sobre técnicas de prevenção, incluindo o recurso a preservativos masculinos e femininos. Esse tipo de vocabulário encontrava até o momento oposição de alguns países conservadores muçulmanos ou da América Latina.

A declaração - primeira do gênero desde a realização de uma cúpula histórica sobre a Aids em 2001 - visa a traçar o caminho rumo a um objetivo de um acesso universal à prevenção, aos tratamentos e apoio social ligados à doença até 2010.

Por outro lado, não menciona especificamente as categorias mais propensos à contaminação pelo vírus HIV, como as prostitutas, viciados em drogas e homossexuais, adotando, em seu lugar, a vaga expressão "grupos vulneráveis". Apesar de constar no papel a estimativa da ONU de dedicar entre 20 e 23 bilhões de dólares anuais até 2010 ao financiamento necessário a uma luta eficaz contra a doença, o texto não mostra qualquer compromisso formal de como atingir essa meta.

"Estamos furiosos", afirmou Aditi Sharma, da ONG ActionAid International, em uma nota. "É incompreensível que os negociadores tenham conseguido produzir uma declaração tão fraca, enquanto nós temos de agir com urgência para impedir que 500 pessoas morram e 13, 5 mil sejam contaminadas todos os dias", acrescentou.

A Aids já matou mais de 25 milhões de pessoas em todo o mundo desde que foi detectada pela primeira vez, em 1981, e 40 milhões vivem hoje com o vírus, de acordo com a UNAids, organismo que coordena a luta contra a doença.

A igualdade dos sexos foi um dos temas mais polêmicos durante a reunião. A declaração contém trechos comprometendo os Estados a permitir às mulheres um melhor controle de sua saúde em matéria sexual e reprodutiva, livre de qualquer coerção, discriminação ou violência.

O diretor da UNAids, Peter Piot, comentou que o documento representa "a etapa seguinte" da luta contra a Aids. "Embora tenhamos diferenças de táticas, como ficou claro esta semana, todos somos peças essenciais da mesma estratégia", disse Piot, que elogiou a contribuição das ONGs, embora tenha rejeitado suas sugestões de que o documento é ineficiente.

"Todos acham que falta algo, mas pela primeira vez alguns dos aspectos mais polêmicos da Aids estão em um texto aprovado pela comunidade internacional", concluiu.





Fonte: AFP

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