Pesquisa científica justifica a sesta depois do almoço
As descobertas - publicadas na revista científica Neuron desta semana - trazem implicações para o tratamento da obesidade e distúrbios alimentares, assim como para o entendimento dos níveis de consciência.
"Já se sabe há algum tempo que as pessoas e os animais podem se tornar sonolentos e menos ativos depois de uma refeição, mas os sinais cerebrais responsáveis por isso eram pouco compreendidos", disse Denis Burdakov, o principal pesquisador, baseado na Faculdade de Ciências da Vida de Manchester. "Nós apontamos como a glicose - o açúcar na comida - pode parar a produção dos sinais nas células cerebrais que nos mantêm acordados".
A pesquisa de Burdakov mostrou exatamente como a glicose bloqueia, ou inibe, os neurônios que produzem as orexinas - proteínas que são vitais para a regulação normal de nosso estado de consciência.
O mal funcionamento dos neurônios que contêm orexina pode levar à narcolepsia, em que as pessoas não conseguem se manter acordadas, ou à obesidade; também há evidências de que os neurônios que contêm orexina têm participação no aprendizado, na procura por gratificação e no vício.
"Nós identificamos o poro na membrana da células produtoras de orexina que é responsável pelo efeito inibidor de glicose", disse Burdakov. "Esse mecanismo, desconhecido anteriormente, é tão sensível que pode detectar mudanças mínimas nos níveis de glicose - o tipo que ocorre entre as refeições, por exemplo".
"Isso pode fornecer uma explicação para o cansaço após as refeições, e porque é difícil dormir quando se está com fome", explicou. "Agora que sabemos como a glicose age nos neurônios que contêm orexina, temos um melhor entendimento do que pode ocorrer nos distúrbios do sono e de peso".
"Essa pesquisa mostra possivelmente porque nossos amigos europeus apreciam tanto suas sestas", completou.
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