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Meio Ambiente
Quarta - 31 de Maio de 2006 às 14:32

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Segundo Steven Mithen, professor de Pré-História na Universidade de Reading, na Inglaterra, é possível que homens de Neandertal passassem o tempo cantando, dançando e batucando com as unhas em estalagmites. Esta uma "rave" da Idade do Gelo teria acontecido entre 50 mil e 100 mil anos.

Mithen, de 45 anos, admite que é impossível saber se aconteceu mesmo, mas, em seu livro "The Singing Neanderthals" (Os Neandertais Cantores), defende que nossos antepassados hominídeos tiveram uma cultura musical e uma forma rudimentar de comunicação que a acompanhava e teria deixado marcas profundamente gravadas na humanidade moderna.

Por que, por exemplo, a música exerce um apelo tão universal e uma influência tão profunda sobre a psique humana? Quando ouvimos música, por que sentimos a necessidade de dançar ou de bater os pés no chão?

Em seu livro, publicado no ano passado na Grã-Bretanha e este ano nos Estados Unidos, Mithen procura recriar uma "paisagem sonora" da pré-história e preencher o que vê como sendo uma lacuna enorme no conhecimento humano: o elo entre linguagem e música. "É evidente que estou tentando tratar de um tema impossível. Seria burrice um arqueólogo escrever sobre música, já que não é possível ouvir nada do passado", disse Mithen, que também trabalha em projetos mais convencionais como escavações arqueológicas na Escócia, em entrevista concedida em sua sala na universidade.

Maior número possível de fontes "Estou tentando utilizar o maior número possível de fontes de evidência. Algumas são mais tênues e controversas do que outras, mas, juntando todas, é possível apresentar uma hipótese sobre a evolução da música e da linguagem", disse.

Mithen não é o primeiro a tratar da natureza musical do homem pré-histórico e dos elos entre música e linguagem, mas é um dos mais aplicados. Ele passou dois anos preparando o livro e nove meses para escrevê-lo.

Para fundamentar seus argumentos, ele recorre a tudo, desde tomografias do cérebro humano até estudos de habilidade musical e de linguagem em pessoas que sofreram danos cerebrais, resquícios de esqueletos de hominídeos pré-históricos - e sua própria imaginação.

Ele afirma que os neandertais, assim como outros hominídeos primitivos, desenvolveram uma forma de comunicação que ele designa pela sigla "HMMMM" - "holística, manipulativa, multimodal, musical e mimética".

Isso significa que os homens e mulheres pré-históricos usavam frases - um exemplo moderno das quais poderia ser a expressão quase universal de asco que é "yuck" ou "eca" - para comunicar sugestões ou comandos simples, tais como "vamos caçar" ou "comida para dividir".

Não se tratava de linguagem como a conhecemos hoje, na qual as palavras são reunidas para transmitir um significado. Era mais semelhante a uma frase musical. As notas individuais não querem dizer nada, mas o som total pode nos emocionar - ou, no caso dos neandertais, convocar todos a vir comer.





Fonte: Reuters

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